Campos confirma mais de 500 casos de dengue em menos de dois meses
Catarine Barreto 21/02/2024 10:06 - Atualizado em 21/02/2024 10:10
  • Recepção do CRD

    Recepção do CRD

  • Atendimento na sala de hidratação do CRD

    Atendimento na sala de hidratação do CRD

A dengue em Campos tem deixado a população em alerta. Até essa terça-feira (20), o município confirmou 529 casos da doença e um de chikungunya. Um óbito por suspeita de dengue hemorrágica de uma moradora de São Francisco de Itabapoana também era investigado, mas o resultado de exame descartou a doença como causa da morte. Diante do crescente número de casos de dengue, representantes da rede municipal de Saúde se reuniram para alinhar estratégias de combate à doença e ao mosquito Aedes aegypti, transmissor também da zika.
Entre outras ações, foram discutidas a ampliação e reestruturação de toda rede assistencial, com abertura de novos leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), inclusive nas unidades contratualizadas. Foi destacada, ainda, a importância da participação tanto do poder público, quanto da população no combate ao mosquito transmissor.
— Foi uma reunião muito importante para discutir uma real epidemia de dengue em nossa cidade. Campos tem uma boa estrutura assistencial para lidar com essa situação e atender a população da melhor forma possível. Toda a rede está preparada. Mas, repito, a conscientização e a participação da população são essenciais para controlar a propagação da doença”, reforçou o secretário de Saúde, Paulo Hirano.
Desde o último dia 5, o atendimento aos pacientes com suspeita de dengue foi descentralizado. Com isso, a orientação é que os pacientes podem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, caso apresentem sintomas.
Já as Unidades Pré-Hospitalares (UPHs) estão preparadas para atender pacientes que apresentem persistência de alguns sintomas ou que tenham doenças crônicas pré-existentes, a fim de iniciar a hidratação venosa e coleta de exames, se necessário.
Os casos potencialmente graves serão encaminhados para internação, seja nas unidades de urgência e emergência ou no Centro de Referência da Dengue (CRD).
Com o aumento dos casos, as unidades de saúde acabam registrando um volume maior de atendimentos. O jovem Matheus Manhães, de 24 anos, foi uma das pessoas que procurou o CRD nessa terça-feira (20). De acordo com a mãe dele, a cuidadora de crianças Maria das Dores Manhães, de 54 anos, todos na rua dela, em Tocos, possuem algum familiar com dengue. “Tem muito terreno abandonado, muita casa vazia. As pessoas precisam cuidar porque a doença está aí” disse.
O pedreiro Matheus Sá Junior, de 30 anos, morador da Pecuária, teve baixa nas plaquetas. “A gente cuida, mas dependemos dos vizinhos. Tem uma casa abandonada do lado da minha, então o risco aumenta”, comentou.

  • Doutor Luiz José do CRD

    Doutor Luiz José do CRD

  • Jovem Matheus Manhães, de 24 anos

    Jovem Matheus Manhães, de 24 anos

  • Atendimento na sala de hidratação do CRD

    Atendimento na sala de hidratação do CRD

Cresce procura por atendimento no CRD
Segundo o coordenador do CRD, Luiz José de Souza, o espaço tem recebido uma média de 250 pacientes por dia. Ele ressaltou que o sorotipo de dengue que mais está em circulação é o I e não descartou a hipótese do CRD passar a atender aos sábados.
— A procura já havia crescido antes do Carnaval e aumentou depois. A demanda foi muito grande, além do que a gente esperava. Estamos trabalhando duro para melhor atender aos pacientes — disse o médico.
Sobre os sorotipos de dengue, ele afirmou que: “ Existe o II também, mas o I está com uma proporção maior. A gente temia muito a entrada do III, mas tomara que não tem espaço para ele entrar, pois é o mais grave”.
Luiz José também informou que os casos estão espalhados em vários bairros: “Eu acho que o mais importante é, quando aparecer um sintoma, a própria população hidratar, tomar líquido. Isso é fundamental. O problema da dengue é a falta de líquido. Devido à demanda, estamos pensando também em abrir aos sábados, porque mesmo com a descentralização dos casos, as pessoas ainda procuram o CRD diretamente”.
Para o infectologista Nélio Artiles, o aumento dos casos de dengue pode estar relacionado ao período de festas, como o Carnaval, quando as pessoas viajam para outras cidades.
— Em relação à dengue também houve aumento nesse período do Carnaval porque é muito comum as pessoas saírem de casa e a chance de coleções de água é maior — disse Nélio.
Ele destacou que a vacina é essencial. “No que diz respeito à dengue, a vacina é um grande avanço. Não é a única forma de proteção, mas é importante”, falou.
Teste descarta dengue como causa do óbito de moradora de SFI
O resultado dos exames da moradora de São Francisco de Itabapoana, Tereza Maurício do Santos, de 61 anos, deu não reagente para dengue. A informação foi confirmada pelo secretário de Saúde de SFI, Sebastião Campista, na noite desta terça-feira (20). Segundo o secretário, a análise feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen) foi divulgada nessa terça.
Tereza foi a óbito no dia 8 de fevereiro por suspeita de dengue hemorrágica. Inicialmente, ela deu entrada no Hospital Manoel Carola, em SFI, no dia 31 de janeiro. Posteriormente, ela precisou ser transferida para o Hospital Beneficência Portuguesa, em Campos, onde foi admitida no dia 1º de fevereiro.
Como forma de combate à dengue, nessa segunda-feira (19), a Prefeitura de SFI chegou a implantar o Centro de Referência da Dengue (CRD) na Unidade de Saúde Francisco Ribeiro da Silva Filho, na área central. No primeiro dia de funcionamento, foram mais de 200 atendimentos.

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