Instalação de ciclofaixas em vias de Campos gera reclamações
Catarine Barreto 29/11/2023 13:34 - Atualizado em 29/11/2023 15:35
  • Ciclofaixa na Barão de Miracema

    Ciclofaixa na Barão de Miracema

  • Ciclofaixa na Barão de Miracema

    Ciclofaixa na Barão de Miracema

  • Ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada

    Ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada

  • Comerciante Marlon Louvain

    Comerciante Marlon Louvain

  • Ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada

    Ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada

  • Ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada

    Ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada

Não faltam reclamações de comerciantes e moradores, principalmente das ruas Barão da Lagoa Dourada e Barão de Miracema, no Centro de Campos, no que diz respeito a implantação das ciclofaixas nas vias. Segundo a Prefeitura de Campos, atualmente, o município possui 55 quilômetros de malha cicloviária. Destes, 15,5 quilômetros são de ciclofaixas. Até 2024, a meta é implantar mais 12 quilômetros ciclovia, ciclofaixa e ciclorrota.

Um dos que não vê com bons olhos a ciclofaixa na rua Barão de Miracema é o comerciante Paulo Pereira, de 56 anos. Ele trabalha há 30 anos em uma loja de peças de automóveis no local e destaca os problemas com essa instalação das vias para os ciclistas. "Isso que fizeram é insano. Algo sem planejamento, sem nos comunicar com antecedência para que pudéssemos dialogar e buscar uma solução. Um absurdo deixar só uma via de rolamento em uma rua tão movimentada como a Barão de Miracema", disse.

Paulo contou que, com todo esse tempo no comércio, pouco se viu de acidentes no trecho, que poderia ser dado como motivo para a instalação da ciclofaixa. "Entendo que o trecho aqui recebe parte do fluxo que vem de Guarus, mas sempre houve o respeito dos motoristas e dos ciclistas. No máximo que vi aqui foi um esbarrão, mas que ambos não se feriram. Não há necessidade de ciclofaixa em uma via que já é curta e que não tem índice de acidente com bicicletas", destacou Paulo.
Outro que reclamou da ciclofaixa, desta vez na Barão da Lagoa Dourada, foi o dono de uma loja de assessórios para celular, Marlon Louvain. Segundo ele, a rua possui muitos comércios e casas e a ciclofaixa atrapalha ambos. "Com os tachões que colocaram, eles não deixaram nem um espaço na frente das garagens. Com isso, o cuidado deve ser redobrado com a nossa segurança para entrar na garagem, com os carros que vem atrás e com os ciclistas dos dois lados", explicou.

O comerciante falou ainda sobre as lojas que recebem mercadorias semanalmente. "Temos farmácia, supermercado, sorveteria e todos recebem mercadoria. Hoje não se tem onde estacionar e o pessoal que descarrega precisa parar longe da loja. É muito desgastante”, comentou ao acrescentar que não vê necessidade de ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada. "Se você ficar aqui um tempo, vai notar que passa muito carro, porém quase nenhuma bicicleta. O fluxo de ciclistas não grande. Eles precisam rever isso, até sobre os tachões que estão na frente das casas, porque todos precisam de espaço no trânsito, mas um não pode atrapalhar o outro", disse.
Durante a apuração da matéria, a equipe da Folha flagrou ciclistas transitando fora da ciclofaixa e Marlon comentou sobre isso: "Eles estão acostumados a romper pelo outro lado. É tudo novo para todos, mas imagina não poder transitar na via porque tem bicicleta dos dois lados? Eles precisam rever essa ciclofaixa".

Erlane Silva, que possui uma loja de xerox, também deu sua opinião sobre a ciclofaixa na Barão da Lagoa Dourada. "Eu trabalho aqui há mais de 20 anos e sempre vi o trânsito fluir bem. Claro que como toda rua da cidade, também já presenciei acidentes, mas dificilmente com bicicletas. Acho que quem vai sofrer mais são os idosos para atravessar, porque agora a atenção é para todos os lados da rua", falou.

Ele também comentou sobre os tachões e sobre a descarga de materiais. "Se eles transitarem por aqui, vão receber uma multa alta, mas ninguém pensou nos estacionamentos das casas e de alguns comércios e deixaram os tachões. Penso que foi tudo mal planejado e eles precisam rever isso”, desabafou.
Segundo o Código Brasileiro de Trânsito (CTB), transitar com o veículo automotor em ciclofaixa ou ciclovia é uma infração gravíssima com fator multiplicativo três, somando 7 pontos na carteira e multa no valor de R$ 880,41. Já estacionar em ciclofaixas ou ciclovia é considerada uma infração grave, com penalidade de multa de R$ 195,23 e 5 pontos na CNH do motorista infrator.
A Folha pediu um posicionamento do município diante das reclamações citadas. 
Em nota, a Prefeitura informou que tem feito um trabalho de requalificação da malha viária da cidade, buscando promover uma maior fluidez no tráfego e, principalmente, mais segurança, neste caso pensando prioritariamente nos mais vulneráveis, que são os pedestres e os ciclistas. Em atenção a isso e em conformidade com o Plano de Mobilidade Urbana de Campos, a Prefeitura ressaltou que são desenvolvidas diversas ações, como as de incentivo ao ciclismo enquanto meio de transporte ativo e limpo; a requalificação e ampliação das ciclofaixas; e a sinalização de forma que o motorista respeite as áreas destinadas aos ciclistas.
Ainda em nota, a Prefeitura salientou que as vias públicas servem, principalmente, para a circulação de veículos.
"O Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) tem redirecionado o embarque e desembarque de passageiros e a descarga de materiais para ruas específicas, buscando justamente aumentar a fluidez do trânsito e evitar a ocorrência de engarrafamentos e retenções nas principais vias da área central. Ao mesmo tempo, foram criadas áreas de estacionamento em várias ruas e existe, ainda, um estudo para a ampliação dessas áreas. Já os taxões, colocados em toda a extensão da ciclofaixa, são equipamentos auxiliares de proteção ao ciclista e que, no local citado, foram dispostos com o maior espaçamento regulamentado, de forma a não impedir que os motoristas entrem com os veículos em suas residências. O IMTT destaca haver, sim, necessidade de implantação de ciclofaixas, inclusive interligadas quando possível, visando a melhoria da mobilidade. O Instituto reafirma, ainda, que todo o ordenamento objetiva promover a segurança dos atores do trânsito, sejam eles motoristas, ciclistas ou pedestres", disse a nota enviada pela Prefeitura. 

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