Operação mira em quadrilha que aplicava golpe da pirâmide em Campos
25/10/2023 08:03 - Atualizado em 25/10/2023 13:57
  • "Príncipe do BitCoin" foi realizada em Campos (Fotos: Divulgação-MPRJ)

  • "Príncipe do BitCoin" foi realizada em Campos (Fotos: Divulgação-MPRJ)

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), em conjunto com a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), e a Polícia Civil, por meio da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), deflagraram, na manhã desta quarta-feira (25), a operação “Príncipe do BitCoin” com o objetivo de cumprir quatro mandados de prisão e seis de busca e apreensão em endereços ligados a cinco integrantes de uma organização criminosa voltada para a prática de estelionato através de criptomoedas, as chamadas pirâmides financeiras. Os mandados foram cumpridos no Parque Santo Amaro, Parque São Caetano, Jóquei, Santo Antônio e Pelinca, em Campos. Ninguém foi preso.

De acordo com as denúncias, a quadrilha agia desde o ano de 2016, aplicando o golpe da pirâmide financeira envolvendo a aplicação dos investimentos no mercado financeiro. Por meio da A.C Consultoria e Gerenciamento Eireli, os criminosos fizeram mais de 43 vítimas, com a promessa de retorno altíssimo e fixo para o investimento aplicado.

A pedido do Gaeco/MPRJ, para ressarcir as vítimas, o Juízo da 2ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes determinou o bloqueio online de valores disponíveis nas contas dos denunciados, até o valor de R$ R$ 1.964.815,96 milhões incluindo criptoativos e moedas estrangeiras.

Um dos alvos é um pastor evangélico que atuava como trader, investindo no mercado financeiro e captando clientes. Conhecido na região de Campos, Fabrício Vasconcelos Nogueira trocava constantemente de carro e realizava viagens rotineiras, como forma de ostentar riqueza e atrair mais vítimas para o golpe. Também faziam parte do esquema criminoso Gilson André Braga dos Santos e Ana Claudia Carvalho Contildes, sócios fundadores da empresa, e Gilson Ramos Vianna e Ana Paula Contildes, que atuavam na captação de clientes.
Delegada Juliana Oliveira e promotor Matheus Resende
Delegada Juliana Oliveira e promotor Matheus Resende / Catarine Barreto

Em entrevista coletiva, a delegada adjunta da 134ª DP, Juliana Oliveira, e o promotor do Gaeco, Matheus Resende, explicaram sobre o trabalho desenvolvido pelas equipes, que culminou na operação.
"A investigação começou no ano de 2021, quando a Polícia Civil foi procurada por algumas vítimas que contaram que fizeram alguns investimentos em empresas de criptomoedas que anunciavam lucros de até 30% desse investimento e, a partir do momento que essas vítimas pararam de receber esses lucros, elas procuraram a Polícia Civil, sendo um número muito grande que originou o primeiro inquérito e nós fomos conduzindo essa investigação”, explicou a delegada Juliana.
Ela informou que todo o material apreendido, sendo todos dispositivos eletrônicos, passarão por análise. “Nós fomos em busca principalmente de dispositivos eletrônicos, onde pode haver algumas informações importantes para o curso das investigações de criptomoedas e nós apreendemos esse material na casa onde cumprimos os mandados de busca e apreensão. E agora esse material vai para análise e as investigações continuam”, disse.
O promotor do Gaeco explicou como os estelionatários agiam. Três dos denunciados integram um grupo familiar, sendo eles  mãe, filha e padrasto. "Começou com um grupo familiar. Eles montam essa empresa, a A.C. Consultoria e, a partir desse momento, começam a captar recursos de pessoas que, acreditando na rentabilidade que por eles foi proposta, começam a entregar o dinheiro e eles também vendiam paralelamente um curso para operar no mercado financeiro. A partir daí, como toda pirâmide, de início começou-se a pagar a rentabilidade prometida ou perto da prometida e quando essa pirâmide não começa a se sustentar, esses clientes param de receber e as vítimas começaram a procurar a Polícia”, explicou o promotor.
Foi solicitado e deferido pelo Juízo da 2º vara criminal de Campos o bloqueio de quaisquer tipos de bens inclusive criptoativos, no valor aproximado de R$ 2 milhões. “ Para garantir os renascimentos dessas 43 vítimas dos quais eles já estão denunciados”, concluiu o promotor.
Entenda o esquema
Com a promessa de investimento em criptomoedas e retorno financeiro de 15% a 30% ao mês, a empresa inicialmente abria contas para os investidores e realizava as aplicações no mercado financeiro por meio das chamadas contas “copy”. Como sugere o nome, é uma cópia de outra conta, que permitia aos criminosos realizarem investimentos, incluindo compras e vendas de ativos. Inicialmente, os juros dos investimentos eram pagos, de modo a dar higidez ao trabalho desenvolvido pela A.C. Consultoria.

Após a celebração de diversos contratos, a empresa emitiu uma nota oficial comunicando que todos os contratos seriam rescindidos e os valores referentes aos mesmos seriam pagos em um prazo de 90 dias (a partir de 01 de dezembro de 2021, data da “Nota Oficial”), o que não foi cumprido. Investigações do Gaeco/MPRJ também revelaram que uma outra empresa, a Gayky Cursos Ltda, foi criada pelos mesmos criminosos para dar continuidade ao esquema.

Fonte: Ascom MPRJ

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