Terminais de integração, em Campos, ficam para o ano que vem
Catarine Barreto - Atualizado em 28/10/2023 10:19
  • Terminal da Integração de Donana

    Terminal da Integração de Donana

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    Terminal da Integração de Donana

Apontado em pesquisas de avaliação do governo Wladimir Garotinho como um dos principais problemas do município, o transporte público de Campos só deve contar com o novo sistema de integração em 2024. Isso é o que prevê o presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes de Campos (IMTT), Nelson Godá. Desde o primeiro semestre de 2022, os campistas aguardam a conclusão das obras de três terminais entre ônibus e vans. Segundo o órgão, dois deles estão com as construções avançadas, enquanto um deles ainda espera por licenciamento ambiental após mudança de local em Ururaí a pedido da comunidade. Sem as estações operando efetivamente, não faltam nos pontos pessoas para engrossarem as pesquisas críticas ao setor.
O modelo a ser aplicado em Campos nem é novidade, já que, no governo do ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania), chegou a ser colocado em prática, apesar de ter gerado críticas por conta de terminais improvisados e sem estrutura, sendo pontos questionados pela atual gestão. A promessa é só voltar com o sistema após a conclusão das estações definitivas.
De acordo Godá, as estações de Donana e Canaã já estão em estágio avançado de conclusão com aproximadamente 80% e 60%, respectivamente das construções.
— A de Ururaí, por atender a uma demanda da população, teve seu local alterado da praça da localida-de para a estrada do Araçá, para inclusive se integrar a outros equipamentos públicos como a Vila Olímpica e a Unidade de Saúde na mesma localidade. Estamos aguardando autorização da licença ambiental para início das obras. Sendo assim a previsão para a entrega das três estações fica prevista para o início de 2024, dado que precisamos ter as três unidades prontas para a reformulação do sistema de forma integrado — informou.
Ele explicou, ainda, como funcionará as estações de integração e a proposta da Prefeitura para ampliar o transporte. “Os ônibus operarão na área central do município e fazendo a ligação da área central até as três estações de integração. Das estações até os distritos a população será atendida pelas vans. A Prefeitura tem o planejamento de mudança das vans por micro-ônibus, para melhor atender a todos no processo de renovação do sistema, bem como de atualização da frota de ônibus”, destacou.
Com relação a passagem, Nelson explicou que a população pagará uma única passagem. “O cartão permitirá fazer a integração e isso não terá um custo adicional e a segunda viagem, da integração, será de responsabilidade da Prefeitura que fará o aporte aos operadores de acordo com o cronograma de pagamento, dispensação após verificação de quantitativo, a sua devida auditoria, para poder fazer a dispensação do recurso referente aos operadores, sejam as concessionárias de ônibus ou permissionários de van”, contou.
Enquanto aguardam o início das obras, em Ururaí, os moradores comentaram que possuem receio após a implantação dessa estação na localidade, como falou o autônomo Rodolfo Vasconcelos, de 40 anos.
— Acho que esse terminal não vai ser benéfico porque as pessoas vão precisar descer no terminal para pegar um ônibus para seguir e isso faz a pessoa perder tempo. Além disso, quem é gratuidade sempre ficará no prejuízo porque a van só leva três por carro — disse.
Outra que disse não ver com “bons olhos” a estação da integração em Ururaí é a dona de casa Vânia Nobre, de 57 anos. “Eu preciso ir ao Centro duas vezes por semana e não vejo necessidade de mudar o transporte. Até porque os ônibus rodam aqui dentro e já leva todo mundo, qual a necessidade de descer ali para pegar outro transporte? Acho que existem outras coisas mais importantes para cuidar”, comentou.
Mas há quem goste da implementação do terminal. É o caso da cabeleireira Cláudia Silva, de 28 anos, moradora do bairro Tropical. Para ela, com o terminal, haverá mais organização. “Acho que será bom, ainda mais que não vamos pagar a mais por isso. As vans vão cumprir seus horários, já que hoje elas enrolam muito para esperar encher para sair. Acredito que eles serão mais organizados”, afirmou.
Outro que também gostou da ideia do terminal foi o estudante Yuri Matheus Martins, de 18 anos, morador do Parque Imperial. “Acho que eles agora vão prestar mais nas gratuidades, porque nós sofremos com a limitação dentro das vans. Espero com positividade que esse terminal venha para ajudar a população de verdade”, disse.
Com relação ao terminal de Canaã, os comerciantes Jonas Tavares e Charlene Gomes, de 48 e 40 anos respectivamente, esperam ansiosos pela entrega da obra. “Temos esse comércio aqui bem próximo, e para nós, que somos moradores da região, esse terminal será um ganho de tempo. Espero que ele realmente seja entregue, porque só trará benefícios para todos do nosso bairro”, disse Jonas.

Mais de 200 vans e 125 ônibus em circulação
Campos conta atualmente, segundo o IMTT, com cerca de 125 ônibus, divididos em três consórcios, sendo eles o consórcio Planície, formado pelas empresas viação São João e Jacarandá, o consórcio União, formado pelas empresas Cordeiro, Siqueira, São Salvador e Turisguá e a viação Rogil, além de 205 vans.
Apesar da frota estimada pelo município, os usuários parecem não sentir na prática a demanda diária ser atendida. Para eles, são necessários mais veículos nas linhas e horários cumpridos.
Também é o que pensa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), Fernando Loureiro, que se mostrou otimista com o projeto de integração, mas fez ressalvas.
— É necessária uma regularidade nos horários para que o contribuinte não sofra com espera e má adequação dos terminais. É importante que seja implantado um bilhete único, que irá ajudar a baratear os gastos com o transporte tanto para os comerciários e para os comerciantes que pagam o vale transporte para os colaboradores. Destacamos que a eficiência do transporte público é essencial para a economia do município, tanto para quem trabalha, como para atrair o consumidor a se deslocar para o comércio — ressaltou.

Wladimir aponta esforços por melhor serviço

Ao participar em agosto deste ano do programa Folha no Ar da Folha FM 98,3, o prefeito Wladimir Garotinho (PP) falou da complexidade do sistema do transporte público de Campos, dos problemas herdados no setor e nos esforços do seu governo para tentar melhorar o serviço. “O importante é mostrar que temos um projeto e que esse projeto está em andamento, só que ele é de médio e longo prazo. Você não consegue virar chave de uma hora para outra”, afirmou.
Não é de hoje que o setor em Campos é crítico e criticado. No entanto, o prefeito se ateve ao governo que o antecedeu. “A gente tem que lembrar o histórico. Encontramos terminais muito mal programados e projetados (..) Era terrível, porque além de ter o tempo de demora entre a baldeação da van para o ônibus, você tinha a condição em si do terminal, que eu chamava até de terminal da humilhação. Nós estamos investindo R$ 20 milhões em três estações. São estações grandes, modernas, bonitas... um lugar decente, com uma lanchonete, com banheiro, com cobertura, com um lugar para sentar, enfim”, disse.
Ainda de acordo com Wladimir, as alternativas para melhorar o serviço foram construídas por meio do diálogo com os atores do setor, já que existia uma decisão judicial impedindo a circulação das vans.
“Consegui construir com as concessionárias de ônibus o entendimento mínimo para que as vans pudessem voltar a trabalhar. O que vai ter que acontecer quando as estações estiverem prontas? A Prefeitura está licitando um sistema de bilhetagem unificada para a troca da frota, dos ônibus e das vans, financiada pela própria bilhetagem”, destacou Wladimir, ressaltando outros investimentos do seu governo no setor. “Hoje a Prefeitura já investe R$ 3 milhões por mês em subsídio de óleo diesel por isso a passagem não é mais cara em Campos, porque se fosse pela tarifa técnica a passagem passaria para R$ 6 e hoje é R$ 3,50 porque a prefeitura investe”. (C.B)

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