Execução de Letycia Peixoto teria sido encomendada por R$ 5 mil
09/03/2023 13:06 - Atualizado em 09/03/2023 13:55
Câmera flagrou momento do crime
Câmera flagrou momento do crime / Reprodução de vídeo
Os quatro dos cinco presos por envolvimento na execução da gestante Letycia Peixoto Fonseca receberiam a quantia R$ 1.250, cada. Letycia foi assassinada na noite do último dia 02, no Parque Aurora. Sua mãe também foi baleada e o bebê chegou a nascer vivo, mas morreu horas depois. O crime bárbaro completou uma semana nesta quinta-feira.
Segundo o jornal Extra, os suspeitos apontados como o executor do crime e o condutor da moto utilizada no assassinato teriam sido abordados pelo Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) horas antes do crime, na RJ 238, em um Voyage branco, sem placa. Eles teriam passado pelo BPRv em alta velocidade, por volta das 18h do dia 02 de março, e foram abordados em uma estrada de terra, mas nada de ilícito foi encontrado com os dois.
O jornal Extra publicou, ainda, que horas antes do crime o companheiro e o suposto pai do filho de Letycia, Diogo Viola de Nadai, de 40 anos, apontado como mandante do crime, teria pedido que ela fizesse um empréstimo de R$ 16 mil para pagar dívidas de sua loja. A informação teria sido dada por Cintia Pessanha Peixoto Fonseca, mãe de Letycia, na delegacia e foi uma das informações usadas pelo Tribunal de Justiça para decretar a prisão temporária do professor.
Na última terça-feira (06), a delegada titular da 134ª Delegacia de Polícia, Natália Patrão, informou que todos os envolvidos no crime já foram presos. O único suspeito preso que teve o nome divulgado foi Diogo, o companheiro e suposto pai do filho de Letycia, Diogo Viola de Nadai, de 40 anos. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ele passou por audiência de custódia nesta quinta.
Letycia e Diogo
Letycia e Diogo / Reprodução
Considerado pela investigação como mandante do crime, Diogo é professor do campus Guarus do Instituto Federal Fluminense (IFF) e empresário. Ele foi preso no início da noite dessa terça-feira (7) sob aplausos de populares que estavam na delegacia. Ele preferiu ficar em silêncio durante o depoimento.
O companheiro de Letycia chegou a prestar depoimento, na presença de dois advogados, nessa segunda-feira (6), mas foi liberado. Segundo a delegada Natália Patrão, ele se negou a fornecer material genético para exame de DNA que confirmaria se ele era pai ou não do bebê de Letycia, que recebeu o nome de Hugo e morreu horas depois da mãe, na UTI da Beneficência Portuguesa, após um parto de emergência. Diego participou do velório e do sepultamento das vítimas e chegou a carregar o caixão do bebê.
A equipe de reportagem tentou contato com a defesa de Diogo e aguarda resposta.
Também nessa terça-feira, o proprietário da motocicleta utilizada no homicídio foi preso. Ele chegou a ser levado para a delegacia na segunda-feira (6), mas foi liberado. Porém, com o avanço das investigações, voltou a ser preso.
A Polícia Civil ainda conseguiu prender, na segunda-feira (6), um homem apontado como interlocutor entre o mandante e os executores do crime. Nesse mesmo dia, o suspeito de ser o atirador foi preso, mas preferiu não falar em depoimento.
O primeiro suspeito a ser preso foi o condutor da moto, que foi capturado pelos agentes da 134ª DP no último sábado (4). Em depoimento, ele confessou a participação no assassinato, segundo a delegada.
Detalhes que ainda não foram divulgados
Com a prisão dos suspeitos de serem os executores e do possível mandante, alguns detalhes sobre a dinâmica do crime ainda não foram divulgados, como a motivação do assassinato de Letycia, a relação do Diogo com o interlocutor, além do valor pago para que o executor atirasse nas vítimas. A delegada Natália Patrão deve convocar uma coletiva de imprensa nos próximos dias.
Relação do suspeito com a família da vítima
Após a prisão do companheiro de Letycia, nessa terça-feira, o tio-avô da vítima, Célio Peixoto, disse que Diogo era uma pessoa reservada, não gostava de sair em fotos e vídeos e não participava muito da convivência familiar. Além disso, o tio falou sobre um empréstimo feito por Letycia a Diogo, que teria sido usado para abertura de uma loja em Campos.
A mãe de Letycia, Cintia Fonseca, descreve Diogo como uma pessoa muito inteligente, mas manipuladora. “Ele é inteligente demais, tanto que conseguiu trabalhar a mente dela, mesmo minha filha também sendo uma pessoa inteligente e esperta”, contou Cintia. 
De acordo com ela, após saber da morte de Letycia, Diogo teria agido normalmente, como se nada tivesse acontecido. “Tratava nossa família normal e em nenhum momento ele perguntou sobre o ocorrido, até porque eu tinha essa resposta, eu estava presente. Quando eu recebi alta, ele estava na minha residência, onde ele dormiu, enquanto minha filha estava morta no hospital e o filho dele lutando pela vida. Parecia que era um dia qualquer”, falou a mãe. O professor também era jogador de poker e participava de campeonatos. 
Delegada destaca integração das polícias 
Na tarde desta quarta-feira, a delegada Natália Patrão fez um vídeo ao lado do comandante do 8ª Batalha de Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Alexandre da Cruz Aguiar, e do agente Robson, representante da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A delegada destacou a importância de um trabalho integrado entre as forças policiais. Segundo ela, elas foram igualmente responsáveis pelo sucesso da operação que prendeu os suspeitos de envolvimento no crime. No vídeo, o comandante do 8ª BPM ressaltou que as denúncias recebidas através do telefone, onde o sigilo das fontes é garantido, foram fundamentais nesse caso. 
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O crime
Letycia, grávida de sete meses, estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida.
Mãe e filha foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta. Os corpos de Letycia e do filho foram sepultados, na sexta-feira (3), no Cemitério Campo da Paz.
Diogo chegou a carregar o caixão do bebê
Diogo chegou a carregar o caixão do bebê / Foto: Rodrigo Silveira
Em suas redes sociais, o campus Guarus do IFF divulgou uma nota de pesar. “A Direção-Geral do IFFluminense Campus Campos Guarus vem a público manifestar toda solidariedade e sentimento de pesar aos familiares e amigos de nossa ex-aluna Letycia Peixoto Fonseca, grávida de seu filho Hugo. Ambos foram vítimas de um crime que abalou não só a comunidade do nosso Instituto, mas toda a cidade de Campos dos Goytacazes. Reconhecemos e agradecemos o esforço da Polícia Civil e todo aparato do Estado na elucidação de tão bárbaro crime. Confiamos na rigorosa aplicação da lei e dos procedimentos legais”.

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