Foi preso na tarde desta segunda-feira (6), em Ururaí, o segundo envolvido na execução de Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos, grávida de sete meses. Além dele, um homem que seria dono da moto utilizada no assassinato também foi detido e alegou, em depoimento, que o veículo havia sido roubado. Também na tarde desta segunda, o companheiro da vítima, pai do bebê, esteve na 134ª Delegacia de Polícia (Centro), acompanhado de advogados, para prestar depoimento e saiu sem falar com a imprensa. O primeiro suspeito de participação no crime foi preso na tarde desse sábado (4). Letycia foi morta a tiros na quinta-feira (2), ocasião em que sua mãe também foi baleada. Após o parto de emergência, o bebê de Letycia chegou a sobreviver, mas morreu horas depois.
As investigações, segundo a 134ª DP, apontam motivação passional para a execução da vítima. Nas apurações até esse domingo (5), a principal suspeita ainda recaía sobre uma pessoa com quem a vítima se relacionou amorosamente.
— Eu imagino o quanto a sociedade e a família estão famintas por informações, acerca da motivação, das pessoas que participaram desse crime. Nós continuamos com a investigação e o que eu quero adiantar é que está envolvendo quebras tecnológicas de aplicativos atípicos e de dados que dependem, estamos em plantão judiciário, de manifestação do Ministério Público, da decisão do Poder Judiciário, para operadoras e desses aplicativos — comentou a delegada Natália Patrão.
Ainda segundo ela, que aprendeu celulares na investigação, após o prazo para a empresas de aplicativos e operadoras responderem, ainda será necessário analisar todo o conteúdo com calma . “Depois que elas respondem, precisamos do tempo da análise de todas estas respostas. Eu peço um pouco mais de paciência (...) A investigação está em um bom caminho, ela já está em uma linha de sucesso, adiantada, e precisamos mesmo tempo para a gente concretizar, materializar e formalizar todas as provas, que nos farão concluir, plenamente, a autoria, não só do mandante, bem como do executor, das pessoas que, de alguma forma, colaboraram para a empreitada criminosa”, relatou Natália Patrão.
Letycia Peixoto Fonseca estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo e também foi baleada. O crime aconteceu por volta das 21h, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, no Parque Aurora. As vítimas foram surpreendidas por dois homens em uma moto. Câmeras de segurança flagraram o momento do crime, que é investigado pela 134ª Delegacia de Polícia (Centro). Os corpos de Letycia e do bebê, que foi a óbito nesta sexta-feira (03) horas após o parto, foram sepultados no Cemitério Campo da Paz.
Nas imagens é possível observar quando os suspeitos chegam de moto, param ao lado do carro, um Gol branco da empresa Unimarka, e um deles efetua pelo menos quatro tiros. O vídeo mostra também que a mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que é atingida na perna esquerda.
Segundo a Polícia Militar, a gestante foi atingida por cinco disparos, sendo um na cabeça, um no ombro, outro na mão esquerda e dois no tórax. Segundo a assessoria do HFM, o parto do bebê foi realizado no Centro Cirúrgico e ele foi encaminhado para a Beneficência Portuguesa, onde foi a óbito na manhã desta sexta-feira (03). Já a mãe de Letycia foi atendida, fez exames e já recebeu alta. Segundo familiares, ela está em casa, em estado de choque.
Em nota, a direção da Beneficência informou que a criança morreu às 8h dessa sexta. "Aproximadamente às 22h do dia 02/03/2023, foi admitido na UTI Neonatal o recém-nascido com 30 semanas de gestação pesando 1,725 kg, o que confirma prematuridade, oriundo do Hospital Ferreira Machado, onde foi realizada cesariana de emergência na gestante vítima de violência, que a levou a óbito em 02/03/2023. O recém-nascido foi transferido para a UTI Neonatal do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos, em estado crítico em anóxia severa, constantando o velamento do pulmão esquerdo, insuficiência respiratória, distúrbio de perfusão, bradicardia, onde foram realizadas todas as manobras necessárias para suporte a vida, porém com insucesso constatando o óbito do recém-nascido às 8h do dia 03/03/2023."
Ainda de acordo com a PM, ambos os suspeitos usavam capacete. O condutor da moto trajava uma blusa de frio aparentando ser preta e azul, e bermuda escura. Já o garupa usava um casaco verde e bermuda clara. Eles conseguiram fugir na moto, que seria de uma terceira pessoa.
Na delegacia, o tio de Letycia, Wilson Abreu, falou sobre o crime. "Tenho a dizer que vai ser elucidado. Eu acredito nas forças policiais. Eles estão muito empenhados. Toda a família ficou chocada. A Letycia não tinha inimigo nenhum, era uma pessoa totalmente idônea, muito querida na família. E foi uma tragédia para nós todos", disse.
O sepultamento das vítimas foi realizado no final da tarde dessa sexta, sob forte comoção, no Campo da Paz.
Em suas redes sociais, o campus Guarus do Instituto Federal Fluminense (IFF) divulgou uma nota de pesar. “A Direção-Geral do IFFluminense Campus Campos Guarus vem a público manifestar toda solidariedade e sentimento de pesar aos familiares e amigos de nossa ex-aluna Letycia Peixoto Fonseca, grávida de seu filho Hugo. Ambos foram vítimas de um crime que abalou não só a comunidade do nosso Instituto, mas toda a cidade de Campos dos Goytacazes. Reconhecemos e agradecemos o esforço da Polícia Civil e todo aparato do Estado na elucidação de tão bárbaro crime. Confiamos na rigorosa aplicação da lei e dos procedimentos legais”.