Ferrovia para acessar Porto do Açu é discutida na Alerj
A Frente Parlamentar Pró-Ferrovias Fluminense, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), em reunião nessa sexta-feira (15), debateu a implantação da Ferrovia EF 118, que ligará o Rio de Janeiro a Vitória, capital do Espírito Santo. A malha já foi inserida no novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e vai passar pelo Porto do Açu, em São João da Barra, que vem se preparando para se transformar em um grande hub logístico de excelência para o Brasil.
Para o coordenador do colegiado, o deputado estadual Luiz Paulo (PSD), com a inclusão da Ferrovia EF 118 no PAC este passa a ser o momento oportuno para traçar o caminho do desenvolvimento, destravando novos investimentos e reduzindo a dependência do transporte rodoviário no escoamento da produção do estado. “Ela será fundamental para suportar o crescimento do país e ampliar a competitividade do setor produtivo. Se você olhar o Norte Fluminense vai reparar que nunca cuidamos seriamente da malha ferroviária. Sinto falta de uma ferrovia que saia do Açu em direção a Minas, por exemplo”, disse.
De acordo com a gerente de Relações Institucionais do Porto do Açu, Bárbara Bortolin, fazer com que o Açu seja acessado também por trilhos, com a concretização da Ferrovia EF 118, vai equilibrar o sistema portuário brasileiro e consolidar um dos maiores corredores para exportação do agronegócio no país.
Segundo ela, em 2022 o Porto do Açu movimentou 57 milhões de toneladas de carga.“A conexão com a ferrovia fará esse potencial de movimentação por ano ficar ainda maior. A previsão é de que ao adicionar a ferrovia a gente consiga aumentar a carga em oito milhões de toneladas. Esse é um valor significativo. A previsão é de que em 2035, só pela ferrovia, seja possível movimentar mais de 20 milhões de toneladas de cargas”, projetou Bortolin.
Também participaram da audiência os deputados Jarí (PSB), Lucinha (PSD) e Martha Rocha (PDT).
Dados preocupam no estado
Apenas 7% das cargas movimentadas no Rio de Janeiro por meio de ferrovias são produzidas no próprio estado. Quase toda a mercadoria que passa pela malha ferroviária do Rio vem de Minas Gerais trazendo minério de Ferro. A informação consta no levantamento da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplag), que foi apresentado na sede do Parlamento fluminense.
Os dados vão fazer parte do Plano Estratégico de Desenvolvimento Social (Pedes) que está sendo elaborado pelo Executivo.“O nosso tráfego interno ainda é muito tímido. Temos que pensar em ampliar a envergadura de produção e transporte de cargas nas ferrovias do estado, já que a logística pode pavimentar o desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro. É importante que a ferrovia seja financiada e isso só vai acontecer quando tivermos demanda, por isso é importante transportar a nossa carga pelas ferrovias”, afirmou o assessor da Seplag, Eduardo Duprat.
Após estudos, técnicos da Seplag identificaram quais municípios poderiam se beneficiar mais com a ampliação da malha ferroviária, especialmente os das regiões Centro Sul e do Médio Paraíba Entre eles estão Três Rios, Petrópolis e Nova Friburgo, que têm setores industriais relevantes, com atividades produtivas como confecção de artigos têxteis; produtos de borracha e itens farmacêuticos.“Esse aproveitamento da malha ferroviária é fundamental para alavancar a economia do Rio. Agora, precisamos pensar em uma lógica de ligação entre as ferrovias, inclusive de bitolas largas com as estreitas, e também em uma conexão com os portos e as rodovias. Esse é um desafio importantíssimo que temos pela frente”, disse Duprat.
Cenário promissor
Para o deputado Luiz Paulo, a Reforma Tributária que está sendo discutida no Congresso Nacional poderá beneficiar o Rio de Janeiro e impulsionar novos investimentos na malha ferroviária estadual.“A Reforma Tributária passa a taxar os produtos no destino e não mais na origem, ou seja, isso liquidou ou vai diminuir muito o incentivo fiscal e, assim, passarão a ganhar mais os estados que têm um forte mercado consumidor, como é caso do Rio de Janeiro, que hoje é o maior estado consumidor no país, se cotejarmos a produção e o consumo. Se essa mudança estiver associada a um plano estratégico, principalmente no setor ferroviário, teremos ganhos enormes. Por isso, esse é o momento de pensarmos na ampliação da nossa malha ferroviária”, afirmou Luiz Paulo.
*Com informações da Ascom/Alerj