Villa Maria abre portas para mergulho na obra de Alexandre Mury
Dora Paula Paes - Atualizado em 25/09/2024 06:34
Rodrigo Silveira
 
A imersão crítica do artista Alexandre Mury nas fronteiras entre arte, tecnologia e ironia está presente na exposição “Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço” aberta ao público nesta terça-feira (24), na Casa de Cultura Villa Maria, em Campos. Desde a noite da última sexta-feira (20), Mury começou a apresentar a conta gota, o que pretendia na plenitude do trabalho, que culminou em ocupar o máximo de espaço da Villa Maria, como sempre desejou Finazinha Queiróz, a grande dama campista e incentivadora da cultura, que sonhou sua casa de portas abertas para a comunidade ao doar o imóvel para Universidade Estadual do Norte Fluminense.
Na exposição, o público, até o dia 23 de outubro, das 9h às 17h, de segunda a sexta-feira, encontrará esculturas fragmentadas por espelhos, projeções, ready-mades inusitados e um código de algoritmo que promete a continuidade infinita da criação artística, tudo isso configurando uma narrativa metalinguística que brinca com a própria estrutura da arte e suas possibilidades.
Rodrigo Silveira
Conhecido por sua prática que mistura fotografia, performance e intervenções conceituais, Mury se firma como um dos artistas contemporâneos mais instigantes do cenário nacional e, no seu trabalho é possível sentir todo esse impacto de provocações.
- Foi incrível poder ver a reação do público! As pessoas ficam impactadas pela quantidade de provocações espalhadas por todos os cantos da casa. Além dos trabalhos que envolvem tecnologia digital, eu exploro a virtualidade fora do universo digital. A linguagem, como uma das tecnologias mais antigas, é essencial para mim — os títulos das obras conduzem o espectador por uma experiência cognitiva, abrindo espaço para a liberdade de recriar suas próprias conexões subjetivas - diz Mury.
Segundo ele, como artista, prima por estar perto das pessoas e ouvir sobre as experiências que elas têm com as obras. “A maioria ainda busca na arte o aspecto sensível, e eu me esforço para criar experiências sensoriais que também desconstruam preconceitos e expectativas”, completa.
Rodrigo Silveira
O diretor da Casa de Cultura Villa Maria, Giovane do Nascimento, fala dessa experiência. De acordo com ele, essa exposição faz parte de um outro momento em que a Casa de Cultura Villa Maria está se abrindo com exposições. No caso específico da apresentação do trabalho do Mury, a partir desta ocupação artística, a ideia da gestão é que a Casa além dos eventos, como já conhecida, esse processo que estamos vivenciado é para fugir apenas da linguagem sonora e sua aproximação com as artes plásticas e para outras linguagens como teatro e performances.
- O encontro com o Alexandre Mury representou um momento de bastante aprendizado para nós da Casa, com envolvimento coletivo de pessoas que estão a serviço da arte para aprender junto. Estamos aprendendo os limites da Casa e, principalmente, a interlocução que o artista propõe para além de ser um patrimônio - diz Giovane, que aproveita para, mais uma vez, chamar a comunidade para essa imersão. A entrada é gratuita.

Na sexta-feira, a exposição começou pelo muro da Villa Maria, que recebeu intervenção, a partir da instalação de folhas deouro, para representar apeça performática da obra mais célebre do futurista italiano Umberto Boccioni, a escultura “Múltiplas Formas Únicas da Continuidade no Espaço”, de 1913. Em julho, o jardim da Villa foi o primeiro a ser ocupado.
“Meu trabalho, mais do que ser transgressivo ou transgressor explora possibilidades outras”, conclui Mury.
Divulgação/Leonardo Vasconcelos

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