Estudante que descobriu interesse pela literatura a partir do Navegando na Poesia lança o seu quinto livro
- Atualizado em 09/09/2024 12:08
Reprodução
Qual é a importância do Navegando na Poesia na vida de um estudante? Quem responde é a educanda Eryka Pereira da Silva, de 15 anos, que lançou na última quinta-feira (5) o seu quinto livro, sendo o primeiro físico. Atualmente no nono ano do ensino fundamental, ela estuda no CIEP Dr. Custódio Siqueira, em Campos dos Goytacazes, onde teve o contato inicial com o projeto há cinco anos. Desde então, viu nascer e crescer dentro de si o interesse pela literatura.

— Foi muito gigante! Eu queria que o Navegando na Poesia fosse até o ensino médio, porque acho muito legal. O incentivo à leitura foi algo que eu não esperava, mas recebi e encontrei conforto — comenta Eryka, que adotou o codinome artístico Eryka P.S. — Antes, eu não tinha tanto interesse pela escola, pelas aulas, mas o Navegando me mostrou uma perspectiva totalmente diferente. Se não fosse o projeto, como eu estaria aqui hoje? — questiona.

Realizado pela Associação Raízes em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o Navegando na Poesia promove oficinas literárias e festivais de poesia em escolas públicas de 11 municípios da Bacia de Campos. Foi a partir do projeto que o nome de Eryka apareceu pela primeira vez em um livro. O fato ocorreu no ano de 2021, quando um poema de sua autoria fez parte da coleção "Vamos brincar de poesia?", com textos e desenhos feitos por durante as oficinas do Navegando. Para a mãe de Eryka, Camila Carvalho, aquele primeiro poema da filha é motivo de muito orgulho.

— Eu tenho aquele livro e ninguém mexe! — brinca.

Camila é justamente a maior incentivadora de Eryka em seus projetos. Para a filha publicar o livro "Pupila congelada", por exemplo, elas criaram uma vaquinha virtual, que ajudou a custear a impressão. O romance foi lançado em evento no Museu Histórico de Campos.

"Pupila Congelada" conta a história da atleta Jade Ferry, que teve a carreira na patinação no gelo comprometida após uma lesão. O acidente fez com que ela se afastasse de amigos e do seu namorado, mudando-se para o exterior com o apoio da família, a fim de se recuperar. No novo endereço, conheceu Marcus Wering, personagem crucial para que ela superasse o trauma.

— Sempre gostei muito da patinação do gelo. Minha protagonista é parda, e sabemos que a representação na patinação é muito pouca. Então, coloquei no livro aquilo que eu queria ver no esporte na vida real — explica a autora. — Minha escrita é totalmente livre. Gosto de tirar as coisas da minha cabeça. Pesquiso muito para formar os nomes dos personagens. Existe um site especializado em formar nomes de bebês. Então, eu vou colocando nele tudo como eu penso, até chegar aos nomes que acho ideais — destaca.

Antes de "Pupila congelada", Eryka publicou quatro e-books. Dois deles foram retirados do ar, para que possa reescrevê-los com base em técnicas que aprendeu em cursos de escrita criativa. Seu interesse pelo aprendizado também atinge outras áreas. Tanto é que, além de cursar o ensino fundamental, ela conseguiu uma bolsa integral num curso de inglês on-line, cujas aulas acontecem pela manhã; e à noite participa de um curso preparatório para o Instituto Federal Fluminense (IFF), onde pretende fazer curso técnico em Meio Ambiente, de forma concomitante com o ensino médio. Nas horas vagas, prestigia encontros de poetas, como os da Academia Pedralva Letras e Artes; atua como voluntária em um projeto com pautas femininas; faz trabalhos de leitura crítica e participa de simulações da Organizações das Nações Unidas (ONU), tendo se inscrito nos processos seletivos por vontade própria.

— Algumas instituições brasileiras são apoiadas pela ONU para levantar pautas sociais. Nas simulações, a gente pode debater representando países, estados, pessoas... Na última vez que participei, por exemplo, eu representei o Rio de Janeiro e fui eleita a melhor delegada. Tenho vários certificados dessas simulações — explica Eryka.

Com tanto engajamento, a adolescente deseja também ser uma influenciadora para outras pessoas. "Estou testando um novo projeto, que é o de dar aulas de escrita para outros jovens. Comecei com um amigo, que conheci no preparatório para o IFF, e ele tem gostado muito", conta.

Para a coordenadora do Navegando na Poesia, Swellen Mendonça, as conquistas de Eryka refletem os impactos positivos do projeto.

— A gente sente muito orgulho. Nosso trabalho é intenso, com muitas crianças... Recentemente, superamos a marca de 10 mil estudantes cadastrados desde a primeira edição do projeto, que começou em 2018. Alguns estudantes a gente consegue continuar acompanhando de perto; com muitos outros a gente acaba não tendo tanto contato depois. Mas se, dos 10 mil, pelo menos uma pessoa está brilhando, já está valendo muito a pena — define Swellen.

Atualmente, o Navegando na Poesia está presente em 43 escolas públicas, situadas nos municípios de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Carapebus, Casimiro de Abreu, Quissamã, Macaé, Rio das Ostras, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS