"Nuances" faz referência ao retrato do negro e sua importância na arte
Dora Paula Paes - Atualizado em 15/05/2024 00:02
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Um projeto inédito leva o público a refletir sobre a arte negra, em Campos. Quatro artistas da cidade participam do projeto, por meio da Lei Paulo Gustavo. Na exposição “Nuances”, que é coletiva, os artistas campistas apresentam obras que provocam o público a refletir sobre como as pessoas negras são retratadas na arte. Os artistas mostram o poder da arte que nasceu com cada um deles; tão importante simbolicamente como quebradora de correntes. A exposição, lançada em abril, passa também pelo dia 13 de maio, e segue forte e marcante até o dia 1º de junho. A entrada é gratuita.

No total, são 21 obras e uma instalação concebidas pelos artistas visuais: Matheus Crespo, Agnis Nogueira, Pablo Malafaia e Kellem Monteiro. A mostra apresenta uma multiplicidade dos trabalhos artísticos, com diversas técnicas, estéticas e narrativas.
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Matheus lança uma instalação, com muito requinte e beleza, que apresenta as raízes como forma de tecnologia de comunicação, conexão e transmissão, trazendo contrapontos entre o humano e a natureza. Kellem apresenta uma coletânea de obras criadas a partir de fotografias, retratando familiares e pessoas comuns do seu bairro, como obras de arte. Agnis exibe pinturas que simbolizam práticas ancestrais através de uma uma abordagem moderna, inspiradas na estética afrofuturista. Já Pablo expõe pinturas marcantes de pessoas do cotidiano, através de técnicas mistas como stencil, tinta acrílica, spray, além de diferentes cores e formas.

“Nuances apresenta a potência dos artistas, que colocam as pessoas negras em um lugar de destaque, valor, dignidade e beleza”, destaca Matheus Crespo, que além de artista expositor é o curador da exposição.
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A ancestralidade, segundo Matheus, se faz presente e necessária tratar sua abordagem. No século XXI, pretos e pardos são 55% da população brasileira. No entanto, de acordo com Censo 2022, eles também são maioria entre os que vivem em habitações sem esgoto adequado, por exemplo. No 13 de maio, dia da “Abolição”, nos seus 136 anos, pesquisadores chegaram a alertar que a Lei Áurea não garantiu direitos fundamentais, como moradia, educação e saúde, e nem “humanizou” as pessoas que eram escravizadas.
Tal pauta acaba por gerar questionamentos nos próprios artistas que sugerem respostas e formas para que unidos possam caminhar para vencer barreiras e preconceitos.

“Enquanto curador e um dos artistas participantes, a gente entende que nossa disputa se dá, principalmente,no campo das imagens. E a gente entende o poder que essas imagens têm. A gente se propõe a apresentar para o público imagens positivas e empoderadoras relacionadas às pessoas negras, a nossa cultura e ancestralidade. Uma das formas que temos de combater o racismo, as mazelas, nas quais a população negra ainda está exposta, é justamente disputar no imaginário das pessoas qual é o lugar, imagem, posição que ela ocupa. Na exposição a gente tenta trocar muito com o público sobre isso: a arte como espaço de educação e aprendizagem a partir das obras e dos discursos que os artistas propõem”, explica Matheus.

As visitas para a exposição “Nuances” são abertas ao público de quarta a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados das 14h às 19h. A mostra fica localizada no Ateliê Matheus Crespo, na Rua Barão da Lagoa Dourada, 212, no Centro.


Arte na escola


O projeto também cumpre uma função social ao levar oficinas gratuitas para alunos da Escola Estadual Liceu de Humanidade de Campos, com o intuito de tornar a arte acessível a todas as pessoas.

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