Cinema - Violência e justiça na Sicília
Baseado em uma série de TV que foi ao ar na segunda metade da década de 1980, “O protetor” ganhou uma versão cinematográfica em 2014, trazendo Denzel Washington como Robert McCall. O personagem é um ex-agente aposentado que decide ajudar pessoas que têm suas vidas destruídas por qualquer time de injustiça ou criminosos, como forma de lidar com seu passado violento. Seguindo um código de ética particular, ele age nas sombras, ajudando estranhos sem cobrar nada por isso.
Após dois filmes e um reboot da série (estrela por Queen Latifah), “O protetor” chega ao seu terceiro e aparentemente derradeiro longa, trazendo McCall de volta, agora na Itália. Após uma missão que acaba fugindo do seu controle, ele está se recuperando dos seus ferimentos e aos poucos vai fazendo amizade com a população local.
Porém, aquela região é controlada pela máfia, que comanda tudo com extrema violência, o que faz com que McCall decida sair do seu refúgio para ajudar aquela comunidade que vive sobre constante ameaça.
McCall está ficando velho. Com seu intérprete beirando os 70 anos, os realizadores entendem a situação e apostam em embates menos diretos e constantes. McCall age nas sombras e ataca de surpresa.
McCall está ficando velho. Com seu intérprete beirando os 70 anos, os realizadores entendem a situação e apostam em embates menos diretos e constantes. McCall age nas sombras e ataca de surpresa.
Seguindo a dinâmica dos longas anteriores, o filme abre com uma sequência de ação, que antes de encontrarmos nosso protagonista, (que já dispensa apresentações), vamos encarando o violento resultado de suas ações.
Com um longo plano-sequência, o diretor Antoine Fuqua revela diversos corpos, mortos de forma brutal, até encontrarmos McCall sentado, sobre uma luz que vem do alto e o ilumina, quase como uma divindade. É a construção do protagonista enquanto ícone.
Após o violento prólogo, McCall acaba sendo ferido em um momento desprevenido, muito em fruto do seu código moral. A situação o leva à pequena região da Sicília, onde convenientemente ele é salvo por um policial que o leva para o médico da cidade e que deixa tudo em segredo.
Algumas dessas conveniências do roteiro, que buscam ligar a Máfia Napolitana com os acontecimentos desse prólogo, cobram um pouco da suspensão de descrença do espectador. É um tipo de artifício recorrente nesse tipo de filme.
Funcionando quase como uma propaganda turística da belíssima região, acompanhamos McCall em sua recuperação, e o longa é eficiente em mostrar quão longo e penoso é o processo, trazendo uma certa fragilidade que humaniza o protagonista.
As questões da idade e do ferimento são bem trabalhados em função da vontade de McCall de se estabelecer naquele local. É difícil não se encantar pela paisagem e pela população. Nesse sentido, o roteiro funciona ao conectar o protagonista com o local.
Os vilões são completamente genéricos e descartáveis, acrescentam muito pouco à história. Funcionam mais como alvos da fúria do protagonista do que qualquer outra coisa.
Reprisando uma parceria com a atriz Dakota Fanning, 19 anos depois de “Chamas da vingança”, os personagens criam uma dinâmica interessante, com alguns bons diálogos, mas que foge um pouco do foco principal da história.
“O protetor: Capítulo final” não funciona propriamente como um desfecho. Não acrescenta quase nada à história do protagonista, mas entretém, muito em função do carisma de Denzel Washington e das belas paisagens da região.