Documentário 'Cores Pretas' no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira neste sábado
Matheus Berriel 19/08/2023 09:31 - Atualizado em 19/08/2023 09:32
Filme é dirigido por Stella Tó
Filme é dirigido por Stella Tó / Foto: Divulgação
Um documentário dirigido e protagonizado por campistas será exibido neste sábado (19) no Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (Muhcab), no Rio de Janeiro. Trata-se de “Cores Pretas” (2018), da jornalista Stella Tó, com uma abordagem que fomenta o debate sobre mulheres negras que ocupam lugares estratégicos e relevantes na sociedade, mas, ainda assim, enfrentam sistematicamente a violência do racismo. Marcada para as 10h, a exibição será seguida de roda de conversa, com presença da deputada estadual Dani Balbi, da assistente social Simone Ramos e da doula Livia Tó, entre outras.
Considerado patrimônio cultural de Campos, “Cores Pretas” é um filme produzido a partir das perspectivas de cinco mulheres negras campistas. São elas a cientista social e cantora Simone Pedro, a engenheira civil e influenciadora digital Kamilla Albino, a atriz Lúcia Talabi, a psicóloga Tamillys Lirio e a jornalista Daniela Abreu, que, em pouco mais de 17 minutos, narram suas vivências de enfrentamento ao racismo e destacam que, ainda assim, vislumbram possibilidades de construir caminhos frutíferos para as próximas gerações.
— Quando ocupamos lugares estratégicos de decisão, é preciso reafirmar o quanto nossos passos são relevantes e convocar as nossas para andarmos juntas. Não existe empoderamento único. A gente só consegue caminhar com firmeza dando passos em coletividade — enfatiza a diretora, Stella Tó, que lançou a obra em 2018, no Museu Histórico de Campos, por ocasião do Dia Internacional da Mulher Negra e Latino Caribenha (25 de julho).
Na época do lançamento, Stella definiu “Cores Pretas” como um documentário que “nasce do coração, atravessa a pele e transborda inenarráveis sentimentos”. Disponibilizado no canal de YouTube da Kök Films, o curta-metragem conta com 12 mil exibições apenas nessa plataforma.
No Muhcab, além da exibição do documentário campista, também haverá neste sábado o lançamento do livro “Rio, o Ori”, da escritora e dramaturga Valesca Lins, às 14h; abertura da exposição “Contemporânea Ancestral”, do próprio museu, às 15h; roda de samba com Nego Álvaro, Dunga e Renato Milagres, também a partir das 15h; curso de letramento racial, dramaturgias e afirmativas de jongo. O Muhcab está situado na rua Pedro Ernesto, 80, no bairro carioca da Gamboa.
Relevância do debate — Segundo dados da plataforma República.org, o Brasil tem 51,1% de mulheres em sua população, sendo 44% dessas mulheres autodeclaradas pretas e pardas. No entanto, considerando cargos de liderança na administração pública, por exemplo, as mulheres negras ocupam menos de 12% deles na esfera federal. Outros questionamentos referem-se a salários menores em muitos casos, além de macroviolências diárias contra o público feminino.
Intitulada “Racismo estrutural e os atravessamentos na vida de uma mulher negra”, a roda de conversa no Muhcab pretende abordar a forma como o Brasil está sendo pensado e estruturado, de modo que não dê apenas visibilidade, mas também possibilidades de existência plena para as mulheres negras.

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