Faltou a consciência
para o poeta saber
que, na verdade,
era mais uma mercadoria
na estante da livraria,
mas uma mercadoria
que pensa que critica que fala que desassossega
Afinal o texto
é um conjunto
de repetições
do que o mundo
já viu
sendo vendidas
como se novas
Nada é inédito no conjunto de atualidades
E assim vivemos a ilusão
da novidade,
enquanto nos
estupefazemos
com aquilo que
já existe há quase
um século
Talvez sejamos
nós mesmos as
mercadorias que
queremos consumir
que queremos inventar
para então deglutir
O sol nasce
mal se dissipa
a caligem que
torna o céu fumê
e já consumimos
desde o tocar do
des(es)pertador
E assim seguimos
E assim comemos
E assim dormimos
esperando
o consumo final
Estilhaço
Destrilado
Descompasso
Destinado
Esperamos
compulsivamente
do cadafalso
ouvir o anúncio
do que iremos (ser)
consumir
Somos uma tendência
uma efemeridade
uma decadência
na descartabilidade
da existência
Somos moeda
sem lastro
Somos o lixo
que só se degrada
- ou tem consciência disso -
passados milhares de anos
em constante deterioração
*Ronaldo Junior tem 28 anos, é carioca, bacharel em Direito, licenciado em Letras e escritor membro da Academia Campista de Letras, instituição da qual é o atual presidente. www.ronaldojuniorescritor.com
**Este texto compõe a obra “poesia simulada: blefes, ironias e fake news", que está em pré-venda pelo site www.benfeitoria.com/poesiasimulada.
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Sobre o autor
Ronaldo Junior
[email protected]Professor e membro da Academia Campista de Letras. Neste blog: Entre as ideias que se extraviam pelos dias, as palavras são um retrato do cotidiano.