Retrato feito da calçada
ali,
ali,
na treze de maio,
a caminho
do calçadão,
dia após dia,
ao sair da Faculdade
de Direito
de Campos,
um retrato vivo
se formava
em meus olhos
sob os toldos dos comércios
bastava olhar ao longe
para sentir
a mescla de
presente e passado
a Igreja Nossa Senhora
do Carmo,
ainda na treze de maio,
nem sempre notada pelos transeuntes
o prédio
da antiga
Joalheria Renne
de esquina, ao fundo,
logo depois do pelourinho,
no centro do boulevard
as fachadas históricas
ladeadas
competindo
com letreiros
faixas
cores
fios
carros
e, sobretudo,
as tantas gentes
que por ali transitam
diariamente
- com ou sem rumo -
quase sempre
sem erguer os olhos
para vislumbrar
a poesia histórica
se rareando
sob(re) as marquises
*Ronaldo Junior tem 28 anos, é carioca, bacharel em Direito, licenciado em Letras e escritor. Atualmente, é presidente da Academia Campista de Letras. www.ronaldojuniorescritor.com
*Este texto foi originalmente publicado no livro “Muros impalpáveis – Recorte poético da cidade de Campos” (edição do autor, 2021), que pode ser lido integralmente no código QR abaixo.
*Texto publicado na edição de hoje (19/06) da Folha da Manhã, na Coluna Folha Letras, no caderno Folha Dois.
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Sobre o autor
Ronaldo Junior
[email protected]Professor e membro da Academia Campista de Letras. Neste blog: Entre as ideias que se extraviam pelos dias, as palavras são um retrato do cotidiano.