Edmundo Siqueira
28/06/2022 12:39 - Atualizado em 28/06/2022 12:50
PMCG
Definir um museu não é uma tarefa simples. Uma instituição, que se pretende com a função de conservar história e memória, exerce uma função essencial para compreensão dos processos que levaram aquela sociedade ao estágio que se encontra. O principal museu de Campos dos Goytacazes comemora 10 anos de existência nessa quarta-feira (29).
“Museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite”.
Essa é a definição de museu que está em vigor desde 2007, definido pela 24ª Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus (ICOM), realizada em 2016.
Na conferência do ICOM de 2020, em Kyoto, que reuniu profissionais de 115 países, tentou-se definir uma atualização para o conceito de museu, mas optou-se pela prorrogação dos debates. Assim, uma nova rodada de consultas públicas (acesse aqui) servirá de base para a Conferência Geral de 2022, que se realizará em Praga.
O Museu Histórico de Campos passou 18 meses sem estar “ao serviço da sociedade” e “aberta ao público”, como determina a definição em vigor de museus. Durante a pandemia, o Museu ficou de portas fechadas, mantendo uma programação virtual. Há um ano, dava início a uma reabertura gradual, durante as comemorações de seu aniversário de nove anos.
Solar do Visconde de Araruama
O prédio que hoje abriga o Museu Histórico já cumpriu diversas funções essenciais à sociedade. O Solar do Visconde de Araruama, construído no final do século XVIII, já foi sede da Câmara de Vereadores nos anos 1870, da prefeitura em 1904 (permanecendo até 1969) e de secretarias municipais.
O Solar é um elemento decisivo no centro histórico da cidade, vizinho de construções como Hotel Gaspar, Lira de Apolo, Igreja Matriz e Hotel Amazonas. Outras não sobrevieram à degradação do patrimônio histórico em Campos, como o Banco do Brasil (quinta agência o país) e Santa Casa de Misericórdia.
Associação, Capsula do Tempo e Comemorações de 10 anos
Em maio, foi constituída a Associação Amigos dos Museus, com representantes da sociedade civil. Os eleitos para a instituição, com a missão de apoiar os museus da cidade — Histórico e Olavo Cardoso —, tomaram posse em uma cerimônia no interior do Solar.
Dia de posse da Associação dos Amigos dos Museus - Capsula do Tempo apresentada.
Já durante a programação dos 10 anos dessa quarta (29), será realizada uma "cerimônia de enterramento" de uma “Cápsula do Tempo” no interior do museu, trazendo cartas impressas e digitalizadas, salvas em pendrive. A previsão é que essa capsula seja desenterrada quando a instituição completar 20 anos, em 2032. A ação é em parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG).
(Saiba mais aqui sobre as capsulas do tempo de Campos).
Assim como a necessidade de atualização do conceito de museu — seguindo a ideia de que a história e memória são elementos inconclusos, sujeitos a descobertas e interpretações —, as instituições museísticas também precisam se manter atualizadas e acessíveis para que possam cumprir as determinações de uma das conceituações concorrentes mais condizentes:
“Os museus são espaços democratizantes, inclusivos e polifônicos que atuam para o diálogo crítico sobre os passados e os futuros. Reconhecendo e abordando os conflitos e desafios do presente, mantêm artefatos e espécimes de forma confiável para a sociedade, salvaguardam memórias diversas para as gerações futuras e garantem a igualdade de direitos e a igualdade de acesso ao patrimônio para todos os povos”.
