Texto do autor do livro
“Diplomata brasileiro viúvo em final de carreira, acometido de doença degenerativa, resolve relatar a uma pessoa de sua confiança os infortúnios por que passa, desde o momento em que seus herdeiros desejaram interferir para que não faça doação de seus bens disponíveis no espólio, com o falecimento da primeira esposa, a uma pessoa ainda desconhecida deles. Inicialmente vivendo em Barcelona, ??transfere-se para Luanda, em Angola, onde se casa e tem uma filha. Seus relatos quase diários revelam o paraíso entre os canaviais de seu tempo na roça (até que uma tragédia o envia para a cadeia); suas memórias com o grande amor de sua vida; e suas reflexões na solidão de um quarto de hotel, no convés de um navio e na sacada de sua nova residência africana até o final de seus dias.” Essa é a sinopse do meu novo romance, que tem o selo da Editora Campista,
Quando passei uma temporada em Barcelona, tive a ideia de escrever essa história, por meio de correspondência, isto é, mensagens pela internet – ao que chamamos de romance epistolar, neste caso epistolar monológico – em que o personagem vai narrando asvitórias e derrotas de uma vida conturbada, desde seu nascimento quando foi considerado “desenganado” pelos médicos e uma promessa a um santo milagreiro, revelandoo passo a passo que se seguiu à descoberta de que não era filho de seu pai, tendo, inclusive, nascido com os “olhos verdes acesos” de uma família espanhola. Quem leu o romance anterior, Zé Amaro – Canaviais do tempo, logo descobrirá que o personagem agora, aos 66 anos, está no fim de seus dias e, por sua narrativa, perceberá uma espiritualidade que o eleva a uma categoria de homens privilegiados, desses com quem simpatizamos até com seus atos falhos, com seus erros cometidos e com seus destemperos como em Crime e Castigo, de Dostoiévski. Há um luxo verdadeiro em tudo isso: José Amaro é um homem que ama, um homem que acredita na humanidade, em um Ser Criador. Um homem que tem os pés no chão, que não se vangloria com altos cargos e consegue perceber a verdade por trás de aparências. Seja nas vielas de um musseque em Luanda, seja em um vernissage trajando smoking, captamos a elegância de um ser de quem nunca esqueceremos. Mesmo quem não leu o livro anterior apreenderá toda a trama, pois, apesar de ser uma continuação 36 anos depois, aquilo que ficou no passado de sua juventude vai se descortinando novamente a partir de seu desabafo ao interlocutor que se mantém anônimo, o qual o leitor só descobrirá no meio da última parte.