Zezé Motta: uma tigresa de unhas negras e DNA campista
“Uma tigresa de unhas negras...”. Assim Caetano Veloso começa a música “Tigresa”, lançada em 1977, tendo a campista Zezé Motta como uma das musas inspiradoras. Quase cinco décadas depois, com 79 anos e uma carreira que dispensa apresentações, a atriz e cantora se apresentará no Teatro Firjan Sesi Campos nesta sexta-feira (15), às 20h, com ingressos esgotados. Trará à sua cidade natal o show “Coração vagabundo — Zezé canta Caetano”, com repertório do cantor e compositor baiano, cujo caminho cruza com o seu desde o início da trajetória profissional. Em entrevista à Folha, a artista abordou a relação com a planície goitacá e com o próprio Caetano, a quem homenageia nos palcos desde 1990.
Folha da Manhã — Há quantos anos você não se apresenta em Campos?
Zezé Motta — Se me recordo bem, o mais recente show que fiz em Campos foi comemorando 50 anos de carreira, em 2014. Foi um lindo show no Trianon, uma homenagem muito bacana. Hoje, 10 anos depois, volto comemorando 60 anos de carreira. Nossa, 10 anos sem cantar em Campos... Vai ser gostoso!
Folha — Ainda possui alguma relação com a planície goitacá, como ter familiares aqui? Ou suas lembranças de Campos te remetem exclusivamente à infância na Usina Barcelos*?
Zezé — Vim para o Rio de Janeiro com três anos de idade, era muito novinha. Então, não tenho memórias e recordações dessa época. Tenho família espalhada por aí, não sei ao certo onde. A família é grande: primos de segundo, terceiro grau... É muita gente! Sempre aparece alguém e me conta que conhece um primo, uma prima minha, mas é muita gente, e acabo não conhecendo todos.
*O distrito de Barcelos foi criado em 1958 e anexado ao município de São João da Barra. Em 1944, quando Zezé Motta nasceu, a área da Usina Barcelos pertencia a Campos.
Folha — O que representa para você retornar a Campos, agora para um show com repertório de Caetano Veloso? Como é a sua relação com Caetano?
Zezé — É sempre gostoso voltar a Campos. Nasci nessa terra, fui feita aí. Então, tenho um carinho dobrado. Esse show é especial porque foi lançado em 1990, e agora estou retornando com ele e apresentando no Brasil todo. Conheço Caetano desde o meu começo como cantora; tínhamos o mesmo empresário, o Guilherme Araújo. Isso aconteceu em 1978, quando lancei o LP “Zezé Motta”, pela Warner. Foi ali a minha estreia como cantora solo no mercado fonográfico, e lá estava Caetano, que me entregou “Pecado original” para gravar. No ano seguinte, gravei novamente, interpretando “Pecado original ”no programa “Mulher 80”, na TV Globo. Anos mais tarde, gravei “Miragem de Carnaval” a convite do próprio Caetano, para o filme “Tieta”, de Cacá Diegues, em que também atuei como atriz. Essa história foi maravilhosa, porque eu estava chegando de uma gravação de novela, cansada. Ao final de uma tarde, toca o telefone. Era Caetano me chamando para gravar essa música, só que tinha que ser naquela hora e naquele momento. Eu nem cogitei não ir: topei na hora, fui lá e gravei. Sou muito desligada... Meses depois, fui para a estreia do filme e, quando entra a cena e toca a música com a minha voz, eu levei um susto. Foi uma emoção do tamanho do mundo. Tenho memórias com Caetano nos anos 80, em meus longos períodos pela Bahia. São recordações lindas! Em 2015, outra grande surpresa: Caetano disse a Nelson Motta que também pensou em mim quando escreveu “Tigresa”, em 1977. Até então, se dizia que Sônia Braga tinha sido a fonte inspiradora dos versos. Fiquei emocionada novamente. Não posso reclamar da vida, não é mesmo?
Folha — O show “Coração vagabundo — Zezé canta Caetano” foi lançado em 1990, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. O que mudou daquele formato para a roupagem atual?
Zezé — “Coração vagabundo – Zezé canta Caetano” foi pensado para aqueles que consomem MPB, as obras de Caetano. Faço uma releitura do próprio show lançado nos anos 90, mas com uma roupagem de voz e piano, criando um cenário intimista e, ao mesmo tempo, caloroso. “Luz do sol”, “O ciúme”, “Odara”, “Esse cara”, “Sampa” e “Tigresa” fazem parte do show. Quando lancei, em 1990, era um show com banda.
Folha — Recentemente, você gravou “Tigresa” para o álbum “Pérolas Negras ao vivo”, da Companhia de Discos do Brasil e Nova Estação. Como se percebe inserida nesta canção?
Zezé — Realmente, as unhas negras da “Tigresa”, sempre imaginei que fossem minhas. Eu pintava as minhas unhas com um esmalte preto comprado na boutique Biba, em Ipanema, quando esmaltes coloridos ainda eram raridade, em meados dos anos 70. Eu fazia o estilo exótico, com os cabelos curtinhos e batom também preto. Só não trabalhei no Hair nem namorei Caetano.
Folha da Manhã — Há quantos anos você não se apresenta em Campos?
Zezé Motta — Se me recordo bem, o mais recente show que fiz em Campos foi comemorando 50 anos de carreira, em 2014. Foi um lindo show no Trianon, uma homenagem muito bacana. Hoje, 10 anos depois, volto comemorando 60 anos de carreira. Nossa, 10 anos sem cantar em Campos... Vai ser gostoso!
Folha — Ainda possui alguma relação com a planície goitacá, como ter familiares aqui? Ou suas lembranças de Campos te remetem exclusivamente à infância na Usina Barcelos*?
Zezé — Vim para o Rio de Janeiro com três anos de idade, era muito novinha. Então, não tenho memórias e recordações dessa época. Tenho família espalhada por aí, não sei ao certo onde. A família é grande: primos de segundo, terceiro grau... É muita gente! Sempre aparece alguém e me conta que conhece um primo, uma prima minha, mas é muita gente, e acabo não conhecendo todos.
*O distrito de Barcelos foi criado em 1958 e anexado ao município de São João da Barra. Em 1944, quando Zezé Motta nasceu, a área da Usina Barcelos pertencia a Campos.
Folha — O que representa para você retornar a Campos, agora para um show com repertório de Caetano Veloso? Como é a sua relação com Caetano?
Zezé — É sempre gostoso voltar a Campos. Nasci nessa terra, fui feita aí. Então, tenho um carinho dobrado. Esse show é especial porque foi lançado em 1990, e agora estou retornando com ele e apresentando no Brasil todo. Conheço Caetano desde o meu começo como cantora; tínhamos o mesmo empresário, o Guilherme Araújo. Isso aconteceu em 1978, quando lancei o LP “Zezé Motta”, pela Warner. Foi ali a minha estreia como cantora solo no mercado fonográfico, e lá estava Caetano, que me entregou “Pecado original” para gravar. No ano seguinte, gravei novamente, interpretando “Pecado original ”no programa “Mulher 80”, na TV Globo. Anos mais tarde, gravei “Miragem de Carnaval” a convite do próprio Caetano, para o filme “Tieta”, de Cacá Diegues, em que também atuei como atriz. Essa história foi maravilhosa, porque eu estava chegando de uma gravação de novela, cansada. Ao final de uma tarde, toca o telefone. Era Caetano me chamando para gravar essa música, só que tinha que ser naquela hora e naquele momento. Eu nem cogitei não ir: topei na hora, fui lá e gravei. Sou muito desligada... Meses depois, fui para a estreia do filme e, quando entra a cena e toca a música com a minha voz, eu levei um susto. Foi uma emoção do tamanho do mundo. Tenho memórias com Caetano nos anos 80, em meus longos períodos pela Bahia. São recordações lindas! Em 2015, outra grande surpresa: Caetano disse a Nelson Motta que também pensou em mim quando escreveu “Tigresa”, em 1977. Até então, se dizia que Sônia Braga tinha sido a fonte inspiradora dos versos. Fiquei emocionada novamente. Não posso reclamar da vida, não é mesmo?
Folha — O show “Coração vagabundo — Zezé canta Caetano” foi lançado em 1990, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. O que mudou daquele formato para a roupagem atual?
Zezé — “Coração vagabundo – Zezé canta Caetano” foi pensado para aqueles que consomem MPB, as obras de Caetano. Faço uma releitura do próprio show lançado nos anos 90, mas com uma roupagem de voz e piano, criando um cenário intimista e, ao mesmo tempo, caloroso. “Luz do sol”, “O ciúme”, “Odara”, “Esse cara”, “Sampa” e “Tigresa” fazem parte do show. Quando lancei, em 1990, era um show com banda.
Folha — Recentemente, você gravou “Tigresa” para o álbum “Pérolas Negras ao vivo”, da Companhia de Discos do Brasil e Nova Estação. Como se percebe inserida nesta canção?
Zezé — Realmente, as unhas negras da “Tigresa”, sempre imaginei que fossem minhas. Eu pintava as minhas unhas com um esmalte preto comprado na boutique Biba, em Ipanema, quando esmaltes coloridos ainda eram raridade, em meados dos anos 70. Eu fazia o estilo exótico, com os cabelos curtinhos e batom também preto. Só não trabalhei no Hair nem namorei Caetano.