Felipe Manhães: Marketing com 'M' de mentira
A publicidade está ganhando terreno cada vez mais nas redes sociais, já faz algum tempo. Até mesmo as grandes corporações, que se comunicavam com o consumidor através da grande mídia, hoje se renderam ao Instagram e Facebook, por exemplo, que também viraram vitrine para os pequenos empresários e autônomos divulgarem seu negócio, a venda do seu produto e a prestação do seu serviço, inclusive de forma gratuita. Isso é muito positivo. Gira a economia e o consumidor tem acesso mais fácil e rápido, ao que procura.
Mas é preciso tomar cuidado. Surgiu, ou pelo menos se difundiu, uma nova forma de publicidade pessoal de profissionais, que não consiste em apresentar os predicados relacionados à profissão da pessoa, como seu currículo, sua experiência, ou sua competência, mas em ostentar nas redes sociais uma vida de luxo. Carros importados, mansões, bolsas de grife e relógios são direta ou indiretamente “postados” na rede social profissional da pessoa, que faz questão de que a marca desses itens não só apareça, mas fique em evidência. Quanto mais caro, melhor.
O intuito desse profissional é, evidentemente, mostrar ser rico, logo, bem sucedido, logo, muito competente, para que o espectador subentenda que ele é um profissional de sucesso e tem muitos clientes e, com isso, o contrate.
Isso vem sendo um grande perigo, que pode ser evitado se o consumidor não se deixar enganar pelo que vê. Em primeiro lugar, qualquer um pode aparentar ser o que quiser na internet. Esses carros, casas e itens de luxo que essas pessoas apresentam podem nem ser delas, ou se são, nada garante que foi adquirido através do ofício que está sendo divulgado. Pode ser de um parente, do marido/esposa, ou até mesmo alugado para o “marketing”.
Não se deve escolher um profissional, de qualquer área que seja, pela quantidade de seguidores, ou pelo que ostenta nas redes sociais. O consumidor deveria escolher os profissionais que lhe prestarão serviço por sua capacidade, seu currículo, sua experiência e/ou referências de outros clientes. Esses dados são, digamos, mais confiáveis do que aquilo que o profissional posta em suas redes. Exibir um carro importado, aeronaves, viagens no exterior, objetos de luxo, restaurantes finos não é sinônimo de qualidade profissional.
Sem mencionar os picaretas, que ostentam alto padrão de vida na internet para aplicar golpes nos outros, a exemplo das pirâmides financeiras.
O consumidor deve buscar pelo nome do profissional na página do seu conselho de classe, se houver, ou até mesmo no Google. Lá poderão aparecer várias informações sobre o profissional, se ele responde a processos na Justiça, se algum cliente já reclamou sobre ele, assim como informações positivas também poderão aparecer, como seu histórico acadêmico, etc. Isso traz mais segurança e tranquilidade para quem está tomando o serviço e também é bom para o profissional que divulga seu trabalho com seriedade.
Cá entre nós, o profissional que precisa fazer esse tipo de “marketing de luxo” provavelmente não deve ter outra coisa a mostrar.
*Felipe Manhães é advogado