Felipe Manhães: O emaranhado de fios nos postes de Campos
Os postes da cidade cada vez mais são tomados por cabos de internet, telefone e TV por assinatura, que se acumulam abaixo dos cabos de energia elétrica. Conforme novas tecnologias na transmissão de dados são implantadas, novos fios vão chegando e os antigos, em desuso, não são retirados pelas operadoras.
Os cabos são enrolados e emaranhados de tal forma que até podem colocar em risco a segurança das redes, das pessoas e da natureza ao redor, sem contar a poluição visual que interfere nas arquiteturas.
Um dos fatores que ocasionam a queda de internet é exatamente a desorganização dos cabos. Quando uma companhia vai instalar novo cabeamento, ou fazer manutenção em algum existente, acaba danificando o de outra empresa, e o consumidor é quem sofre.
É antiestético, é perigoso e é propício à falha na prestação dos serviços. Dá à cidade um ar de abandono e desleixo. Certas ruas mais parecem cortiços.
A quantidade de fios dá um aspecto muito ruim a áreas nobres da cidade e ruas de prédios históricos e, quando arrebentam — com ventanias, quedas de árvores ou postes — colocam em risco a integridade de pedestres, sem contar que a maioria do cabeamento da rede de telecomunicações está em total desconformidade com a NBR 15214 da ABNT.
Se a rede fosse totalmente subterrânea, problemas como “gatos”, linhas de pipa ou balões também teriam fim.
O que deveria pairar sobre as ruas é a sombra dos galhos de árvores e não os fios, que, inclusive, induzem a poda drástica das árvores para não “atrapalhá-los”. Vejam assim a mentalidade atual: as árvores, que dispensam adjetivos por sua importância e benefícios, têm que dar lugar aos fios! Com a chancela do poder público, das concessionárias de energia elétrica e das empresas de telecomunicações! Certamente isso está do avesso.
A Prefeitura deveria aproveitar essa onda de modernização nos sinais de trânsito, na sinalização das vias, no asfaltamento, e encarar esse problema também. Fiscalizar e determinar que as companhias de telecomunicações retirem os “cabos mortos” e adéquem sua rede às normas. Enquanto isso, o legislador municipal poderia trazer à discussão projetos para, futuramente, implantar na cidade, ou pelo menos em pontos críticos, o cabeamento subterrâneo.