Felipe Manhães: A falta de árvores na área urbana de Campos
Felipe Manhães - Atualizado em 27/09/2023 11:31
A coluna de hoje traz uma notícia quente. Hoje, quarta-feira, 27 de setembro de 2023, fará 40°C em nossa cidade, com sensação térmica de 43°C. E olha que acabamos de sair do inverno.
Quem caminha pelas ruas do centro da cidade, Pelinca e bairros adjacentes, sente na pele, literalmente, os efeitos do sol e do calor. Não há sombra, não há árvores, um verdadeiro inferno.
Na frente de cada prédio, imóvel residencial ou comercial que são construídos ou reformados, em nossa cidade, o proprietário faz questão de cortar, sem nenhuma cerimônia, as poucas árvores que estão plantadas na calçada, muitas vezes, há anos. Não se intimidam com o crime ambiental que estão cometendo e tampouco com a fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente. Só vemos o corte, corte e corte. Quase não se vê ninguém plantando uma muda sequer. Nem o cidadão e nem o Município. Há muito não vemos o plantio de árvores pela Prefeitura, campanhas de incentivo, nada. Só corte.
E o engraçado é que o próprio morador da cidade que corta a árvore em frente à sua casa é o mesmo que fica com o carro no sol e é o mesmo que caminha pelas ruas quentes sem sombra. Nós mesmos diminuímos nossa própria qualidade de vida.
Nossa ciclovia não tem uma sombra! As pessoas pedalam quilômetros sobre um asfalto quase derretendo e sob um sol de matar passarinho.
É crime ambiental! O art. 49 da Lei nº. 9.605/98 prevê que destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos, ou em propriedade privada alheia, possui pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Ou seja, até dar um tapa, de leve, em uma flor num jardim da Prefeitura é crime!
Além da lei federal, no Município de Campos há a lei nº. 8.689/15, que, no seu art. 6º, determina que é terminantemente proibido o corte de árvores em nossa cidade sem a expressa autorização da Secretaria de Meio Ambiente, inclusive a poda drástica.
Árvores na área urbana de uma cidade diminuem a temperatura, segundo a Nasa, em até 3°C. Outro recente estudo da revista científica Nature Communications apontou que a temperatura entre uma área arborizada chega a ser, em média, 12°C mais fria do que espaços urbanos sem árvores.
Além do arrefecimento, e da sombra, há maior produção de oxigênio, absorção de gás carbônico, aumento da fauna e flora, aumento da umidade, embelezamento das ruas, enfim, se há uma unanimidade no planeta Terra é a arborização.
Todos vão se lembrar de governos municipais anteriores que plantavam mudas nas frentes das casas, com aquelas grades triangulares para protegê-las. Isso nunca mais foi visto, na contramão do aquecimento global.
No Oriente Médio, países desérticos como os Emirados Árabes Unidos e o Qatar, onde o calor é mil vezes pior, a umidade é baixíssima e não tem água doce, o sheik não quer nem saber, ele manda plantar a árvore, já grande, pra não ter que esperar a muda crescer, e pronto.
Campos, que também é terra do petróleo como suas colegas árabes, devia seguir o exemplo. Arborizar toda a ciclovia Patesko, e, consequentemente, a avenida 28 de Março, por exemplo, é algo muito fácil de se fazer, quando se quer fazer, e não custará milhões como muitas obras questionáveis que já foram feitas em nossa cidade, mas certamente seria algo revolucionário e traria um bem-estar enorme para todos.
Cada coisa é uma coisa, mas façamos uma pesquisa de opinião pública. O que a população de Campos preferiria? O Cepop ou a cidade inteira arborizada como as ruas de Ipanema?
A Prefeitura, além de plantar, poderia engajar o plantio, seja cedendo as mudas, fazendo campanhas de conscientização nas escolas, na mídia, e até mesmo concedendo incentivos fiscais a quem mantém uma árvore em frente à sua residência ou comércio. E não venham dizer que as árvores quebram as calçadas, pois, além delas já estarem esburacadas, existem as árvores adequadas para cada local.
Isso é urgente, é para ontem e é de responsabilidade da Prefeitura e dos cidadãos.

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