Rio Paraíba do Sul sobe para 9,90 metros e Defesa Civil mantém alerta
Paula Vigneron 05/03/2020 09:22 - Atualizado em 10/03/2020 14:34
Rio Paraíba continua subindo
Rio Paraíba continua subindo / Genilson Pessanha
Segue subindo o nível do Rio Paraíba do Sul, em Campos. A última medição realizada na noite desta quinta-feira (5), pela Defesa Civil municipal, 20h15, indicou que as águas atingiram 9,90 metros, faltando 70 centímetros para chegar à cota de transbordamento. De acordo com o órgão, não há pessoas desabrigadas no município. Três famílias estão desalojadas e foram para casas de parentes. A previsão é de que o Paraíba continue a subir até esta sexta-feira (6), atingindo a cota de 10 metros. Nesta manhã, a Defesa Civil e o Departamento de Estradas de Rodagens do Rio de Janeiro (DER-RJ) fizeram uma vistoria na RJ 194, na altura do Parque Prazeres, em Guarus, onde realizaram obras de intervenção. O alerta de chuva forte e volumosa para o Sudeste segue até esta sexta. Na região, algumas cidades seguem em atenção devido à cheia dos rios. As chuvas já deixaram 6 mortos e 6.500 pessoas desabrigadas ou desalojadas em todo o Estado do Rio. 
De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), há probabilidade de 80% de chuva para esta quinta-feira, em Campos. A previsão é de tempo nublado com pancadas de chuva e a temperatura varia entre 23°C e 28°C. Já para esta sexta-feira (6), o Cptec informa que a previsão é de chuvas isoladas com temperatura entre 22°C e 28°C.
Na manhã desta quinta, a Defesa Civil e o DER-RJ vistoriaram trecho da RJ 194, que liga Campos ao município de São Francisco de Itabapoana, na altura do Parque Prazeres. A rodovia estadual passa ao lado do rio Paraíba e uma intervenção foi realizada durante toda a tarde, para evitar que a água afete a pista de rolamento. Segundo a Defesa Civil, a vazão na Ilha dos Pombos foi reduzida de 2.176m3/s para 1.640m3/s na tarde desta quinta.
O coordenador da Defesa Civil de Campos, major Edison Pessanha, explicou que o rio Paraíba não atingiu a estrada, mas com o aumento a montante foi necessária a intervenção. Foi colocada argila em alguns pontos da estrada entre o Parque Prazeres e o Parque São Jorge. Na última quarta-feira (4), equipes da Defesa Civil vistoriaram vários diques no município (em frente ao Solar dos Ayrizes, em Três Vendas e na RJ 194). "Somente na RJ 194 houve a necessidade de intervenção neste momento", frisou o major.
Em relação à localidade de Três Vendas, Edison afirmou que não há riscos. Ele explicou que a água atingiu parte da BR 356, mas a rodovia permanece sem interdição.
— Onde foi feita a intervenção, está seguro; onde o dique (da Boianga) rompeu, continua rompido. Não tem como fazer nada no momento. A água chegou à BR 356, mas em uma situação mais tranquila porque não tem tanta pressão assim. Ela foi se espalhando na área rural. Então, está bem seguro lá — assegurou. 
De acordo com o major, o Paraíba do Sul continuará subindo nas próximas horas. “O rio vem subindo cerca de um centímetro por hora. A gente acredita que, até manhã de amanhã (sexta), ele suba mais 24 centímetros, completando 10 metros, mas com tendência de estabilizar e baixar. A Ilha dos Pombos aumentou a vazão por volta de 5h30, 6h e, depois, diminuiu. Mas o que abriu ainda vai chegar durante a noite e a madrugada”, alertou.
Áreas atingidas — Além do Parque Prazeres, na altura da RJ 194, outras áreas do município foram afetadas pela cheia do Paraíba do Sul. Na comunidade da Coroa, na Pecuária, moradores retiravam, no início da tarde desta quinta-feira, pertences de casa. Já na Ilha do Cunha, também na Pecuária, as águas atingiram casas e tomaram o campo de futebol do bairro.
Moradora da Ilha do Cunha há dois anos, Marilene Pereira dos Santos, de 46 anos, contou que o rio chegou à sua residência desde essa quarta-feira. Nesta quinta, as águas subiram e mais partes da casa, onde também moram um idoso, dois homens e uma criança, foram afetadas.
— Quando a água vem, é um desespero. Está tudo debaixo d’água na minha casa. Colocamos a geladeira no alto, mas não sei se vai aguentar. Estou só tentando tirar mais quatro galinhas que ainda estão ali. Por enquanto, vou esperar (para sair), mas disseram que vai chegar mais água. Se chegar, vou para a casa de uma colega porque não tenho como ficar aqui com criança — relatou.
Defesa Civil e DER vistoriam RJ 194
Defesa Civil e DER vistoriam RJ 194 / Genilson Pessanha
Outros municípios seguem em atenção
Em Bom Jesus do Itabapoana, o rio Itabapoana, após descer nessa quarta-feira (4), voltou a subir na madrugada desta quinta por conta das chuvas que atingiram o município durante a noite. Nesta manhã, a medição da Defesa Civil indicou que o nível das águas está em 3,20 metros, sendo 2,10 metros a cota de transbordamento. “Na madrugada, ele chegou a 3,30 metros, mas desceu um pouco. A tendência, agora, é estabilizar”, explicou o coordenador do órgão, Roberto de Oliveira.
Outra cidade que registrou aumento das águas foi Santo Antônio de Pádua, cuja medição, feita também na manhã desta quinta-feira, indicou que o nível do rio Pomba atingiu 4,90 metros, estando 1,80m acima da cota-limite para transbordar. De acordo com informações da assessoria de comunicação de Pádua, há previsão, para o início desta tarde, de chegada de maior volume de água devido à situação registrada em Cataguases, em Minas Gerais, onde o Pomba alcançou 6,19 metros.
Em Cardoso Moreira, o rio Muriaé apresentou diminuição no volume das águas. De acordo com a medição desta quinta, a cota está em 6,99 metros. Nessa quarta, o Muriaé chegou a atingir a marca de 7,73 metros. A previsão é de que o nível continue a baixar, assim como no município de Laje do Muriaé, onde as águas desceram para 4,90 metros. De acordo com o coordenador da Defesa Civil, após o recuo do rio, a cidade, que estava com 89 famílias desalojadas, está retornando à normalidade. “As famílias retornaram, entre a tarde e a noite de ontem (quarta), para as suas residências”, informou Alexandro Vicente Fernandes.
Programa do Estado
Moradores de municípios do Estado do Rio já podem procurar as prefeituras para requerer o Cartão Recomeçar. O auxílio financeiro a ser concedido pelo Governo do Estado em forma de cartão pré-pago prevê a liberação de R$ 5 mil para famílias de baixa renda desabrigadas e R$ 2 mil para as desalojadas que comprovarem essa situação, por meio de laudo da Defesa Civil. Para isso, no entanto, é necessário que o município em que reside tenha decretado estado de calamidade pública ou situação de emergência.
O novo programa estadual foi lançado em fevereiro para atender inicialmente 11 municípios das regiões Norte e Noroeste Fluminense atingidos pelas chuvas de janeiro. Com o decreto estadual 46.961/20, assinado pelo governador Wilson Witzel e publicado nessa quarta-feira (04), no Diário Oficial do Estado, o alcance do Cartão Recomeçar foi ampliado para todos os municípios que enfrentam situações de calamidade pública ou situação de emergência por conta de tragédias naturais.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH), que ficará responsável pela emissão do cartão, esclarece que o Recomeçar é destinado exclusivamente à compra de materiais de construção e eletrodomésticos da linha branca a famílias com renda até três salários mínimos que comprovarem danos causados pelas chuvas, por meio de laudo da Defesa Civil Municipal. O cadastramento deve ser feito diretamente pelas prefeituras, sob a supervisão da SEDSODH.
No interior, o Cartão Recomeçar deverá contemplar moradores de 11 municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade pública: Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, São Francisco de Itabapoana e Varre-Sai.
Aluguel — Além do Recomeçar, que será pago em parcela única, os desabrigados podem recorrer ao Aluguel Social, programa estadual também gerido pela SEDSODH que prevê ajuda financeira a famílias com renda até cinco salários mínimos que perdem suas casas durante tragédias naturais. O cadastro das famílias também é feito junto aos municípios em situação de emergência ou calamidade.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS