Suzy Monteiro
23/09/2017 18:31 - Atualizado em 26/09/2017 15:15
Na última quarta-feira (20), um novo elemento se juntou ao rol de acusados e investigados no caso Chequinho: o ex- procurador-geral da Câmara de Campos, Luiz Felippe Klem de Mattos. O advogado foi apontado, em inquérito da Polícia Federal (PF) e denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), como intermediador de proposta de suborno ao juiz Glaucenir Oliveira, que atuou na Chequinho e, em 16 de novembro do ano passado, determinou a prisão do então secretário de Governo Anthony Garotinho. O suborno, de acordo com a Polícia Federal, seria uma tentativa de impedir medidas restritivas contra Garotinho e seu filho Wladimir, réu no mesmo caso Chequinho. No dia da divulgação da denúncia, o advogado Carlos Azeredo, atualmente à frente da defesa do ex-governador, classificou as acusações de tentativa de suborno associadas a seu cliente “como infundadas, ultrapassando as raias da leviandade”
A denúncia foi investigada no Inquérito Policial (IP) 075/2017, presidido pelo delegado federal Paulo Cassiano Júnior. Segundo o delegado, durante as investigações foram interceptadas conversas telefônicas que demonstram uma “subordinação moral” de Felippe a Garotinho. Em uma das gravações, o ex-secretário fala: “Eu não tenho ninguém que me ache… me ache mais ou menos. Ou me ama ou me odeia!”. “Eu amo”, responde Klem, dizendo ser um amor herdado de seu pai, que era amigo e fã de Garotinho.
O IP 075/217 relata como teriam ocorrido as abordagens de Luiz Felippe a dois empresários, amigos pessoais do juiz Glaucenir e ex-clientes do advogado. De acordo com as investigações, No dia 03 de novembro do ano passado, o empresário Abdu Neme Makhluf teria recebido ligações telefônicas sequenciais do advogado pelo aplicativo WhatsApp.
Ainda segundo a PF, vendo a insistência de Klem, Abdu atendeu e soube que seu interlocutor desejava falar-lhe pessoalmente. Inicialmente, o empresário teria alegado estar muito ocupado, mas, diante dos apelos, acabou recebendo-o em frente ao prédio onde reside. De acordo com o que consta no Inquérito, o encontro teria ocorrido dentro do carro de Klem, quando o advogado procurou sondar sobre qual seria a conduta do juiz no processo criminal envolvendo “Cheque Cidadão”.
Em depoimento, Abdu relatou que tentou “cortar a conversa”, dizendo que, em sua relação de amizade com o juiz, não tratava de assunto de trabalho e disse que precisava ir por estar com pressa. Ainda de acordo com as investigações, Luiz Felippe espalmou a mão, como se fizesse sinal do número cinco, e insistiu dizendo o seguinte: “Se precisar de alguma coisa, a gente resolve. O céu é o limite!”.
Outro empresário que teria sido procurado por Klem, segundo o IP, foi Thiago Pereira. De acordo com o IP 075/2017, o empresário encontrou com o procurador na esquia da Avenida 15 de Novembro com Conselheiro José Fernandes. Segundo o relato, o advogado “lhe propôs expressamente” que fossem oferecidos ao juiz R$ 1,5 milhão, novamente para evitar a prisão de Garotinho e do filho. Semana passada, advogados de Luiz Felippe entraram em contato com a Polícia Federal para esclarecer que ele estava fora do Brasil. Ele deve apresentar-se à delegacia da Polícia Federal esta semana. A Folha não conseguiu contato com a defesa dele ou com ele.
De acordo com Cassiano, “Não há provas que o mandante seja o ex-secretário de Governo. Mas as provas que temos são categóricas em relação ao Klem e que a proposta foi feita em nome do grupo político do Garotinho e para beneficiar o Garotinho”, explicou o delegado.