Paula Vigneron e Julia Beraldi
06/09/2017 12:13 - Atualizado em 08/09/2017 13:59
Novas informações sobre o homicídio da universitária Ana Paula Ramos foram divulgadas em uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (5). Após acareação, na tarde de terça (4), com os quatro envolvidos no homicídio, o delegado titular da 146ª DP (Guarus), Luís Maurício Armond, revelou ter conseguido um vídeo da sorveteria em que Luana, mandante do crime e cunhada da vítima, e Ana Paula estavam minutos antes do ocorrido. Uma banana split (o sorvete) seria o sinal para os executores do crime começarem a agir.
O momento em que a idealizadora do crime, Luana Sales, mexe no envelope que teria o dinheiro para o pagamento final dos executores, no valor de R$ 500, também foi filmado, assim como os suspeitos passando de bicicleta no local. Áudios enviados horas depois do fato foram descobertos pela Polícia Civil. Em um deles, Luana pede a uma amiga para confirmar uma determinada versão sobre o destino do dinheiro entregue aos executores.
De acordo com Armond, o vídeo, feito 20 minutos antes do assassinato, foi gravado, por câmeras de segurança da sorveteria — local marcado pela mandante — em que a vítima seria identificada pelos executores. Já o áudio foi veiculado por meio de redes sociais:
— Duas horas depois do homicídio, Luana ligou para uma amiga, para criar o álibi dela, confirmando que queria que ela mentisse sobre o valor do dinheiro que ali estava e inventando uma versão de que estava na praça para que encontrasse a amiga, que se negou a dar esse álibi. Luana queria que ela confirmasse que o dinheiro era uma diferença de caixa, o que não foi confirmado, e que estaria esperando a amiga para fazer a entrega desse dinheiro. Então, cai o álibi em que ela alegava para nós que estava esperando para encontrar a amiga. Ouvimos outra amiga, que Luana também procurou para que pudesse “dar um susto” na Ana Paula. Essa amiga determinou que ela (Luana) procurasse a polícia.
Banana split seria sinal para executores
Banana split seria sinal para executores
Minutos depois executores passam de bicicleta
Ana Paula e Luana chegam à soverteria
Ana Paula e Luana chegam à soverteria
Armond relatou que, na acareação, houve avanço sobre o motivo do crime: passionalidade. Os detalhes, no entanto, seguem em sigilo devido às investigações. “Uma testemunha resolveu colaborar um pouco mais. Inclusive, já presa, Luana teria modificado a versão para os executores com relação à motivação do fato”, declarou.
Nessa terça, durante a acareação, os envolvidos confirmaram que Luana é a mandante do homicídio. Apesar da acusação, a jovem permaneceu em silêncio.
O caso — A universitária Ana Paula Ramos, de 25 anos, foi assassinada em uma emboscada idealizada pela bancária Luana Barreto Sales, de 24, cunhada e amiga de infância da vítima. O crime aconteceu no último dia 19. De acordo com o resultado das investigações feitas até o momento, pela Polícia Civil, Luana convidou Ana Paula para ir até o Parque Rio Branco, em Guarus, visitar a obra de sua casa.
Depois, elas veriam o vestido que a suspeita usaria no casamento da vítima. Já no local, Luana chamou a cunhada para tomar um sorvete na praça. Este seria o sinal para a execução do plano de falso assalto. Atingida por tiros na cabeça e no tórax, Ana Paula foi socorrida por populares e levada para o Hospital Ferreira Machado (HFM) na carroceria de uma caminhonete. Ela teve morte cerebral constatada na noite do dia 21, no HFM e na noite do dia 23, ela teve morte decretada por falência múltipla dos órgãos.
Luana foi presa por policiais militares no HFM, em uma roda de orações pela vida de Ana Paula. Os outros suspeitos contaram que ela pagou R$ 2.500 pela morte da amiga e que R$ 500 teriam sido pagos no local do crime.
A mandante, juntamente a outros três participantes do crime, foi indiciada por homicídio triplamente qualificado (morte mediante pagamento, motivo torpe, dificuldade de defesa da vítima e feminicídio). Ela também responderá por fraude processual por tentar criar álibis e obstruir a investigação.