Ana Paula: morta sob encomenda da cunhada e amiga de infância
22/08/2017 11:54 - Atualizado em 24/08/2017 13:45
Mandante e suspeitos foram apreendidos
Mandante e suspeitos foram apreendidos / Paulo Pinheiro
A Polícia Civil revelou nesta manhã desta quarta-feira (23), em coletiva, a trama que culminou na morte da universitária Ana Paula Ramos, de 25 anos. Acreditando na amiga de infância, Luana Barreto Sales, de 24 anos, jovem a noiva, com casamento marcado para outubro, foi atraída para uma emboscada na noite do último sábado (19), em uma simulação de assalto, onde que levou três tiros, um na cabeça e dois no tórax. A morte cerebral foi constatada na noite da última segunda-feira (21), no Hospital Ferreira Machado (HFM). Luana foi apresentada ontem, na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), como mandante da morte da amiga e cunhada. Ela e outros três participantes do crime foram indiciados por homicídio triplamente qualificado (morte mediante pagamento, motivo torpe, dificuldade de defesa da vítima e feminicídio). De acordo com informações de familiares, ainda extra-oficiais, Ana Paula teve a morte decretada por volta das 22h de quarta, por falência multipla dos órgãos. Até o fechamento desta edição, não havia informação sobre o local do velório.
No sábado (19), Luana convidou Ana Paula para ir até o Parque Rio Branco, em Guarus, visitar a obra de sua casa. Depois, elas veriam o vestido que a suspeita usaria no casamento da vítima. Já no local, Luana chamou a cunhada para tomar um sorvete na praça. Este seria o sinal para a execução do plano de falso assalto que vitimou Ana Paula. Ela foi socorrida por populares e levada para o hospital na carroceria de uma caminhonete.
Mandante e suspeitos foram apreendidos
Mandante e suspeitos foram apreendidos / Paulo Pinheiro
Enquanto família e amigos, inclusive Luana, se reuniam em correntes de oração pela recuperação de Ana Paula, Igor Magalhães de Souza, 20 anos, era detido em casa pela Polícia Militar e levado para a 146ª DP. Luana compareceu à delegacia como testemunha e reconheceu o suspeito. A partir desse ponto, segundo contou o delegado titular da unidade, Luis Maurício Armond, começaram as investigações que revelaram que o que vinha sendo tratado como tentativa de latrocínio foi na verdade um homicídio encomendado, por R$ 2.500, pela amiga de infância e cunhada da vítima.
Na manhã de ontem, Armond, apresentou Luana e dois homens como participantes do crime. Marcelo Henrique Damasceno de Medeiros, 18 anos, namorado de outra amiga de infância da mandante, teria contratado Igor e Wermison Carlos Sigmaringa Ribeiro, 20 anos, detido na segunda (21), pela PM, na praia de Santa Clara, em São Francisco de Itabapoana.
— Igor foi localizado na sua residência e detido pela PM depois de tentar fugir. Diante das informações da Luana, que, inclusive, o reconheceu formalmente como um dos autores do, até o momento, latrocínio, ele foi preso em flagrante. No decorrer dessas investigações posteriores, nós identificamos o segundo executor, Wermison, também reconhecido pela Luana, e com a prisão dele, descobrimos que estávamos com um homicídio encomendado pela Luana — explicou o delegado acrescentando que através dessas prisões, foi possível chegar até o contratante do crime, Marcelo Henrique Damasceno de Medeiros, o intermediário.
Segundo Armond, Luana teria dito ao namorado da amiga, através do Facebook, que queria dar um susto em uma pessoa que estaria namorando o ex-marido de uma madrinha dela e maltratando uma criança de quatro anos, fruto dessa relação anterior. “Marcelo, que também foi preso, intermediou a contratação do Igor e do Wermison. Combinaram um encontro em uma padaria, na praça de Custodópolis, no dia anterior ao fato. Temos duas testemunhas que confirmam esse encontro e reconheceram os quatro através da mídia”, contou.
Na delegacia, os executores e o intermediário teriam confessado o crime e apontadoLuana como mandante. Ela teria pago, no dia do encontro, R$ 2 mil para que eles executassem Ana Paula, restando R$ 500 a serem entregues no momento do crime.
— No dia dos fatos, Luana entrou em contato com um dos executores. Inicialmente, o assassinato ocorreria na praça de Custodópolis, mas eles alegaram que havia muitas pessoas no local e combinaram na praça do Rio Branco. Quando eles chegaram ,prontamente, de maneira calma, segundo os executores, a suspeita entregou o envelope com os R$ 500. Ana Paula tentou fugir, mas um deles efetuou disparos na cabeça e no tórax. Ana Paula veio a ter morte cerebral, que tratamos como homicídio consumado — detalhou.
Luana nega participação no crime, mas, questionada se conhecia os suspeitos, permaneceu em silêncio. “A investigação da Polícia Civil é contundente em apontar a autoria da Luana como mandante, os dois como executores e Marcelo como intermediário. Para nós, é necessário fazer uma apuração com maior acuidade para que saibamos a motivação real. Acreditamos numa passionalidade dessa motivação, mas ainda necessitamos de mais esclarecimentos. Quanto ao fato de ela ser a mandante, não temos dúvidas sobre isso” finalizou.
  • Luana foi apontada como mandante

    Luana foi apontada como mandante

  • Luana Sales e Ana Paula Ramos

    Luana Sales e Ana Paula Ramos

Pai da vítima se manifesta em rede social
Família de Ana Paula na delegacia
Família de Ana Paula na delegacia / Paulo Pinheiro
No início da tarde de ontem o pai da Ana Paula, Paulo Roberto Ramos, esteve no Hospital Ferreira Machado (HFM), onde a filha está internada e com morte cerebral. Na recepção, muito disse que a filha está viva e que não há possibilidade de doação dos órgãos.
— Minha filha está viva. Ninguém vai fazer nada. Só Deus para decidir o destino dela — disse.
No final da tarde, o pai usou as redes sociais, através do Facebook do filho, para agradecer a demonstração de carinho das pessoas por sua filha e toda a família. Paulo falou também sobre a forma maldosa que as pessoas estão usando a internet para se manifestar.
— Servimos a um Deus vivo, forte e poderoso. Em nossos corações não há espaço para violência, sentimos a dor dos pais da Luana Sales e pela família de todos os envolvidos. Deixem que a justiça venha de Deus — disse ele na postagem.
Em outro trecho Paulo Roberto Ramos faz um apelo para que as pessoas parem de postar qualquer inverdade incitando a população à violência física e verbal. “Minha filha nunca iria aprovar essa atitude. Independente de suas religiões orem pela recuperação, pois creio que Deus tem poder para fazer o impossível acontecer. Deixem que Deus continue no controle”, conclui o pai.
Quatro envolvidos no homicídio
Através de Marcelo, Luana contratou os dois executores, Igor e Wermison, para forjarem o assalto e matarem Ana Paula
(P.V.). (V.N.) (J.R.) (A.L.R.) (J.B.) (D.A.)

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