Alunos da Uenf em ato por "mais educação e menos corrupção"
Paula Vigneron 07/08/2017 14:08 - Atualizado em 09/08/2017 14:34
Alunos protestaram a crise da UENF
Alunos protestaram a crise da UENF / Paula Pinheiro
Com pedidos de “mais educação e menos corrupção”, estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) se reuniram em um ato, na manhã desta segunda-feira (7), em frente à sede da secretaria estadual de Fazenda (Sefaz), no Centro de Campos, para pedir o repasse das bolsas e conscientizar a população sobre a importância de lutar pela permanência da universidade.
Classificada como uma das melhores universidades do Brasil em 2015, a Uenf — cujos professores decretaram greve na última quinta-feira (3) e onde paira a possibilidade de encerramento das atividades — conquistou o primeiro lugar no ranking de avaliação de instituições de ensino no âmbito latino americano, produzido pela agência britânica Quacquarelli Symond (QS), por ter 100% do corpo docente com doutorado. Desde 2015, a instituição vem tentando sobreviver sem repasse de verbas do governo estadual.
Assim como os servidores da universidade, graduandos e pós-graduandos estão há três meses sem receber o dinheiro proveniente das bolsas e auxílios, distribuídos aos alunos a partir de critérios de carência socioeconômica e do mérito acadêmico, conforme informa o site oficial da Uenf.
Diretor de assistência estudantil do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade, Bráulio Fontes explicou que o último pagamento recebido foi em junho, referente ao mês de abril. Os meses de maio, junho e julho ainda não foram acertados. “É uma situação de atrasos constantes que vem se arrastando desde 2015. Paga um mês, fica outro sem pagar. Hoje, chegamos ao acumulado de três pagamentos atrasados”, criticou.
Bráulio contou que, há duas semanas, o restaurante da universidade foi reaberto com auxílio de verbas federais, somente no horário do almoço. Apesar da reativação, outros serviços permanecem incertos. “Não recebemos verbas (estaduais) para pagamento das empresas terceirizadas e contas de energia e água. Só não tivemos corte, ainda, por uma liminar expedida para que isso não fosse feito. O governo diz que é uma crise, mas, na nossa concepção, é um projeto de desmonte e precarização do ensino público”, contou.
Alunos protestaram a crise da UENF
Alunos protestaram a crise da UENF / Paula Pinheiro
Devido à falta das bolsas, alunos de outras cidades enfrentam problemas para continuar em Campos e prosseguir com os estudos. “A gente começou a reparar que muitos estudantes estão tendo problemas psicológicos. Os pais não estão podendo ajudar. Então, há a questão de evasão da universidade. Estamos lutando para que coloquem em dia, pelo menos, o pagamento das bolsas”, afirmou Luan Baritiello, diretor-presidente da Associação de Pós-Graduandos (APG).
Mestranda em Ecologia e Recursos Naturais e graduada em Ciências Biológicas pela Uenf, Sônia Guimarães reforçou a necessidade de não desistir da luta. “A sensação que tenho é de muita tristeza. Vemos uma universidade que produz ciência de qualidade, uma das melhores do Brasil, sendo detonada, abandonada. É uma falta de respeito com os professores, que estudaram a vida inteira, investiram e levam o nome de Campos para o mundo, e com os alunos, vários deles sendo a primeira pessoa da família que conseguiu chegar à graduação graças a uma universidade pública. O que mais me deixa enlouquecida é perceber que a população campista está dormindo. Essa não é uma luta só de quem está na Uenf. É uma perda geral”, avaliou.
Nesta terça-feira (8), a partir das 13h, estudantes e servidores da Uenf participarão de uma manifestação no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, junto a outras instituições estaduais de ensino, para cobrar respostas do governador Luiz Fernando Pezão em relação aos pagamentos de salários, bolsas estudantis e verbas.
Em nota, a secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social reconhece a “importância da Uenf e tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de dificuldades enfrentadas pela instituição. A adesão ao regime de recuperação fiscal, solicitada pelo Governo do Rio, permitirá o reequilíbrio financeiro do Estado, possibilitando a regularização do pagamento dos salários dos servidores ativos, inativos e pensionistas e do custeio das atividades fundamentais para prestação de serviços à população”.

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