Marcus Pinheiro
18/03/2017 17:51 - Atualizado em 20/03/2017 17:33
As obras de revitalização do Centro Histórico de Campos, iniciadas em junho de 2012 e com previsão inicial de término para maio de 2015, seguem paralisadas desde setembro do ano passado. Segundo a secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, já foram gastos R$ 33.441.693,98 de dinheiro público na intervenção, que está passando por um processo de auditoria. Enquanto isso, em tempos de crise financeira, os comerciantes da área central aguardam a entrega do projeto à população com a esperança de que o fim das obras aqueça a economia local.
O cronograma inicial, planejado no governo anterior, previa intervenções no perímetro que compreende a avenida XV de Novembro (Beira Rio), ruas Tenente Coronel Cardoso, Barão do Amazonas e Andradas, além das proximidades da praça Prudente de Moraes (quiosque Chá-Chá-Chá). Para o trecho foram programadas a recuperação do sistema de drenagem e a instalação subterrânea da fiação elétrica. A organização visual, a partir da padronização das fachadas e placas do comércio e iluminação artística também fazia parte do projeto de revitalização. Também estavam previstos o nivelamento das ruas em todo Centro Histórico, além da instalação de piso tátil nas calçadas.
De acordo com a secretaria, até o momento foi executada toda a infraestrutura das ruas localizadas entre as avenidas XV de Novembro, Tenente Coronel Cardoso, Treze de Maio, dos Andradas e 21 de Abril, faltando ainda a conversão de rede de energia elétrica e a retirada dos postes. O temor é de que, com a intervenção, alguns trechos já finalizados tenham de ser quebrados novamente. Segundo a secretaria, até o dia 30 deste mês será apresentada ao prefeito Rafael Diniz (PPS), por meio de dados técnicos, a atual situação da revitalização do Centro Histórico para que, após análise, providências em relação à continuidade das obras sejam tomadas.
A equipe de reportagem tentou contato com a Imbeg, responsável pela obra. No entanto, o engenheiro responsável pelo projeto, Victor Crespo, informou que não tinha autorização para falar sobre o assunto e indicou a assessoria de imprensa da empreiteira, que também não respondeu os questionamentos até o fechamento desta matéria.
Comerciantes depositam esperança na obra
O tempo passou, os prazos não foram cumpridos e até hoje o projeto não foi concluído. Quem passa pelo Centro Histórico diariamente observa o abandono dos locais já prontos, que, em alguns casos, já apresenta necessidade de manutenção. “Disseram que iam arrancar os postes. No entanto, os postes continuam aqui, servindo de armadilhas para os deficientes físicos porque ficam no caminho do piso tátil. Instalaram diversas caixas de luz, mas estão sendo quebradas por vândalos. Muito se falou, mas até agora pouco foi feito”, apontou a vendedora Clarisse Sardinha Lemos, 42 anos.
Para o gerente executivo da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Nilton Miranda, a conclusão das intervenções é fundamental para o aquecimento da economia. “É de suma importância a continuidade do embelezamento do Centro Histórico. A revitalização traz maior movimentação do público consumidor”, disse.
Em relação aos danos causados aos materiais e equipamentos já instalados, a Prefeitura informou que está providenciando o envio de equipe técnica aos locais para indicar os possíveis pontos que necessitam de reparos. A secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana esclareceu que existe uma garantia para que a empresa executora das obras seja responsável pelos reparos.
Falta de critério para instalações elétricas
A falta de avaliação do projeto de revitalização do Centro Histórico pela distribuidora de energia elétrica pode ser um dos motivos dos atrasos no andamento das intervenções no Centro Histórico.
De acordo com a Enel Distribuição, a Prefeitura de Campos começou a construção da rede subterrânea para receber a fiação sem a devida aprovação da proposta pela empresa. Segundo a Enel, o governo municipal precisa apresentar nos próximos dias toda a documentação referente aos materiais que foram utilizados na obra para que, em seguida, a concessionária realize uma inspeção na rede subterrânea. O temor é de que as áreas já concluídas tenham que ser quebradas para adequações. “Assim que forem solucionadas as pendências do projeto pelo município, com adequação às normas técnicas e de segurança estabelecidas pela Aneel, as obras poderão prosseguir”, informou a empresa por meio de nota.
O superintendente de Iluminação Pública, Daniel Duarte, informou que, na última semana, aconteceu uma audiência pública envolvendo o órgão e representantes do Ministério Público sobre o assunto. No entanto, o teor da sessão não foi divulgado.
Ainda segundo o superintendente, nesta semana haverá uma reunião com o secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Clédson Bitencourt, e com representantes da Enel Distribuição para tratar do assunto.