A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) iniciou nesta semana um reforço de segurança nas localidades que fazem divisa com o Espírito Santo. Sem policiamento nas ruas, o estado vizinho vive uma onda de violência com cenas de selvageria, saques, assaltos e assassinatos desde o último sábado, quando familiares dos policiais militares bloquearam as portas dos batalhões para pedir reajuste salarial para a categoria, que é proibida por lei de fazer greve. Não há uma confirmação oficial do número de homicídios neste período, mas o Sindicato dos Policiais Civis diz que 90 pessoas foram mortas nos últimos cinco dias na Grande Vitória.

Na manhã desta quarta, o comandante geral da PMERJ, coronel Wolney Dias, se reuniu com o governador Luiz Fernando Pezão, com o secretário de Segurança, Roberto Sá, e demais integrantes da cúpula do setor para discutir estratégias a serem adotadas caso aconteça uma ação semelhante no Rio de Janeiro. Segundo o porta-voz da PMERJ, major Ivan Blaz, há mobilizações “que apontam para um lado de manifestação, e de paralisação”.

A reunião aconteceu um dia após o comando da PMERJ desmentir possíveis boatos publicadas nas redes sociais sobre uma greve geral que estaria sendo organizada para esta sexta. Após a reunião, Pezão anunciou o pagamento dos salários dos servidores da Educação e da Segurança Pública referentes ao mês de janeiro com até 10,22% de um reajuste aprovado em 2014, no caso da Segurança.

Pezão ainda disse que pediu ao ministro da Defesa, Raul Jungmman, apoio do setor de inteligência das Forças Armadas para identificar os autores dos boatos. Mais tarde, Jungmman anunciou que a Polícia Federal pode ir atrás de quem anda espalhando notícias falsas nas redes sociais se aproveitando do estado caótico no Espírito Santo.

Em Campos, o comando do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM) reforçou o policiamento no distrito de Santo Eduardo. Barra do Itabapoana, em São Francisco, também recebeu patrulhamento extra. Segundo o comandante do 8º BPM, tenente-coronel Fabiano Santos, a ação vai continuar por tempo indeterminado.

De acordo com o comandante da 3ª Cia e chefe de Relações Públicas do 29º BPM (Itaperuna), tenente Israel Marcos Silveira Oliveira Barbosa, o reforço da segurança também acontece em Bom Jesus do Itabapoana e em Varre Sai, no Noroeste Fluminense. Segundo ele, as medidas adotadas pelo batalhão nos postos de divisa com o estado do Espírito Santo visam garantir a segurança nas regiões de divisa e inibir ocorrências de delitos. Barbosa disse ainda que até o momento não há nenhum crime registrado que possa ser atribuído ao caos estado vizinho.

O porta-voz da PMERJ, major Ivan Blaz, alegou que a corporação trabalha para que os seus agentes não parem. “Nós estamos lidando com uma tropa muito insatisfeita, junte-se a isso a situação que ocorre no estado vizinho, que causou um clima de medo. De fato há mobilizações que apontam para um lado de manifestação e de paralisação. Porém, o comando da corporação está atuante para que a polícia não pare. Pois a paralisação pode ter reflexos gravíssimos. Nós vivemos em um estado violento. Somente este ano já são 19 policiais mortos, imagine se esta tropa sair das ruas?”, questionou.