A impressão de que a ocorrência de roubos aumentou em 2016 é confirmada pelas estatísticas. O número de casos indica que um pedestre é assaltado a cada seis horas em Campos. Essa é uma das conclusões que podem ser obtidas a partir da análise dos dados oficiais do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP). Até agosto de 2016, 997 casos foram registrados nas 134ª e 146ª delegacias de polícia da cidade, mais do que o dobro se comparado ao mesmo período do ano passado. Os números também indicam que um veículo é roubado a cada dois dias e que oito roubos em estabelecimentos comerciais, dois em residências e três de carga são registrados por mês. Especialistas e profissionais da área de segurança pública apontam que o efetivo das polícias Militar e Civil em atuação é menor do que o necessário.
A pesquisadora Luciane Soares da Silva considera que o problema com o policiamento de Campos tem uma característica principal: a extensão territorial do município. “Você tem municípios menores e com mais problemas, como é o caso de Macaé e Rio das Ostras. Mas mesmo assim ainda é mais fácil a atuação em todo o território”, explica. O Complexo Portuário do Açu, em São João da Barra, também é apontado pela pesquisadora como uma das prováveis causas do aumento. “Os últimos cinco anos do empreendimento do Açu têm que ser levados em conta, pois o impacto da promessa de empregos trouxe um grande número de pessoas para a cidade, que, ao verem esta expectativa frustrada, podem cair na criminalidade”, disse. Luciane defende que é necessário trabalhar com a inteligência policial para mapear a cidade e realizar um trabalho de acordo com a necessidade de cada localidade.
Outra constatação das estatísticas é confirmada pela prática diária. O maior número de assaltos acontece nas áreas mais nobres da cidade. “Na região da 146ª não há muitos casos deste tipo, pois é justamente na área central onde há maior concentração de renda”, afirmou Luís Maurício Armond, delegado titular da 146º Delegacia de Polícia (Guarus). “Mas se engana quem acredita que apenas aumentar o policiamento nessa parte resolve o problema. Enquanto não começarem a olhar para as áreas periféricas, os crimes vão continuar acontecendo, pois é daqui que sai a mão de obra para o cometimento dessas ações”, falou o delegado, acrescentando que a segurança depende de vários fatores além da ação policial. “Ela é importante, mas trata-se de uma ação de emergência. O tratamento do problema tem que ser realizado por outros meios”, comentou.
Geraldo Rangel, delegado responsável pela 134ª Delegacia de Polícia (Centro), acredita que o aumento dos números de 2016 em relação a 2015 é normal e se dá pelo sucesso que as equipes tiveram no ano anterior. “Esses crimes são cíclicos, essa variação é bastante comum”, ressaltou.
Questionada sobre o número de profissionais em atuação na cidade, a assessoria da Polícia Civil respondeu que “por questões de segurança, não será informado o efetivo de cada unidade. O que podemos informar é que, atualmente, a instituição conta com 10.173 policiais. Esclarecemos ainda que o número previsto para seu efetivo encontra-se disciplinado na Lei Estadual n. 6166/2012”.
Apesar de procurados pessoalmente, por telefone e via e-mail pela assessoria local e estadual da Polícia Militar do Estado de Rio de Janeiro, o comandante da 8º Batalhão, Marco Aurélio Louzada e o Comando Geral da PM não comentaram o assunto.
Tentativa roubo frustrada em salão de beleza no Centro Foto: Rodrigo Silveira