Uso apropriado do solo é tema de pesquisa
08/12/2014 09:12

Aperfeiçoar o manejo do solo é a chave para recuperar e aumentar os níveis de produtividade na agricultura e na pecuária, assim como é fundamental para a qualidade de vida da população. E foi partindo dessa premissa que as discussões sobre os solos foram abertas em todo mundo, na última sexta-feira (05), numa prévia de 2015, que foi proclamado pela ONU como Ano Internacional dos Solos. Na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), é do Laboratório de Solos, no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), que partirão alguns eventos distribuídos ao longo do próximo ano para conscientizar e debater estas questões, além de uma cartilha que pode fomentar um novo tipo de produção na região: o carbono.

Os pesquisadores acreditam que o maior problema sobre o cuidado com o solo em Campos e região é o mesmo de qualquer parte do país: o mau manejo.

— Para lidar com o solo de maneira correta, é necessário que um agrônomo faça avaliação do local. A análise química do solo é feita, em boa parte, mas a análise física não recebe essa mesma atenção. E sem esses dois acompanhamentos, o produtor perde muito em produtividade, porque acaba cometendo erros, como usar máquinas sem avaliar a terra antes — explicou a professora, pesquisadora e chefe do Laboratório de Solos (LSol), Emanuela Forestieri Gama Rodrigues.

Dentro do laboratório, um grupo de pesquisadores entre mestrandos, doutorandos e alunos da Iniciação Científica trabalha em temas que giram em torno da Produção Vegetal, como a importância do carbono, manejo do fósforo e fauna do solo. Esse grupo já planeja os eventos do próximo ano e também uma cartilha que explicará o processo do carbono no solo e nas plantas e como o manejo correto pode aumentar a produtividade das terras, além de como armazená-lo. A venda de créditos de carbono é um negócio mundial desde a assinatura do Protocolo de Kyoto.

— Na cartilha que iremos preparar vamos explicar sobre o estoque de carbono e como o produtor pode aplicar isso nas suas terras para melhorar a qualidade do solo e, com isso, aumentar a produção, e comercializar isso também — anunciou a doutoranda Gerbeli de Mattos Salgado, acrescentando ainda que as terras das Áreas de Preservação Permanente (APP) podem ser usadas para tais fins. “Nas APPs não são possíveis atividades de extração e cortes, mas você pode vender o carbono produzido ali e não temos registros de ninguém na região que faz isso”, complementou a aluna de Mestrado, Laís de Carvalho Vicente.

Vida nas áreas urbanas também é afetada

O cuidado com o solo não influencia apenas lavouras e pastos. A vida nas cidades também é afetada. No início da década passada, o município de Miracema, no Noroeste Fluminense, sofreu com o deslizamento de terra de uma ribanceira na área central da cidade a cada chuva forte. A situação no município levou todos os órgãos públicos a atuarem na limpeza do barro que tomava todas as ruas próximas. Procurada pela Prefeitura, a solução veio da Uenf. O plantio de leguminosas inoculadas com tipos específicos de bactérias e fungos, mesmo ao lado das voçorocas — valas abertas nos morros pela água—, tratou de fortalecer o solo no barranco em poucas semanas. “Resumindo, os fungos e bactérias que inoculamos nas mudas iriam garantir a eficácia e rapidez no ciclo de revitalização do solo”, explicou a chefe do laboratório de Solos, Emanuela Forestieri, que liderou o projeto na época.

A.N.
Foto: Divulgação 

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