Os boatos referentes à suposta paralisação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) ganharam força durante essa quinta (9) e mobilizaram o comando da corporação e outras autoridades estaduais para tentar desmentir qualquer rumor. Assustadas com a possibilidade de interrupção das atividades policiais após o cenário de caos registrado no Espírito Santo nos últimos seis dias, várias pessoas procuraram os supermercados para estocar comida.
No entanto, durante à noite, um grupo de aproximadamente 20 pessoas, formado supostamente por familiares de PMs, acampou em frente 28º Batalhão de Policiamento Militar (BPM), de Volta Redonda. Também começou a circular pelas redes sociais imagens de pessoas em frente ao 32º BPM de Macaé. Elas reivindicavam melhores condições de trabalho, pontualidade no pagamento dos salários e o depósito do 13º da categoria. Apesar do protesto, os veículos da corporação circularam normalmente durante a noite de ontem, segundo a PM.
Em Campos, além da corrida por alimentos e produtos de higiene que movimentou os principais supermercados até altas horas, os proprietários de alguns estabelecimentos na região da Pelinca esvaziaram as vitrines, temendo saques e invasões. Em outros pontos da cidade, tapumes de madeira foram utilizados para proteger as fachadas de prédios comerciais. As principais entidades de ensino privado do município também adotaram medidas de proteção. As aulas foram canceladas na maioria das escolas particulares nesta sexta (10), mas as federais e estaduais decidiram manter o cronograma sem alteração.
O governador Luiz Fernando Pezão, pediu na manhã de ontem, que a Força Nacional de Segurança e o Exército fiquem de prontidão para auxiliar no reforço da segurança no território fluminense no caso de qualquer necessidade.
Na região Norte Fluminense, o comandante do 6º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Lúcio Flávio Baracho, afirmou que a população pode ficar tranquila. Segundo o coronel, ainda que haja mobilizações, o trabalho dos militares não ficará comprometido. “A única coisa que pode acontecer é uma manifestação de familiares em frente aos batalhões, mas isso não impedirá que os policiais saiam para fazer seu trabalho normal de policiamento ostensivo”, disse. Questionado sobre a impossibilidade de entrada e saída dos batalhões por conta do manifesto dos familiares, o 6º CPA respondeu que “o comando saberá como agir” e reiterou que a população pode ficar tranquila.
Orientação para comércio ficar aberto
Incrédulos com a onda de boatos, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, Joílson Barcelos, e o assessor jurídico do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular de Campos (Sinepe), o advogado Bruno Lannes, afirmaram que até a noite dessa quinta não havia motivos concretos que justificassem a indicação para o fechamento do comércio e das instituições privadas de ensino nesta sexta.
Segundo Joílson Barcelos, apesar da sensação de insegurança que se espalhou entre os comerciantes, durante a noite de ontem, a orientação é de que os pontos comerciais permaneçam abertos hoje. “Caso a paralisação ocorra de fato, faremos uma assembleia extraordinária para decidir o que deve ser feito”, disse.
Já Bruno Lannes contou que para o não fomento de boatos, o sindicato recomendou que as instituições particulares se mantivessem abertas com as atividades regulares. “Nós atuamos mediante informações concretas. Na tentativa de resguardar alunos, pais, responsáveis e toda a classe de trabalhadores, nós do Sinepe entramos em contato com o batalhão local para averiguar a real situação. E então, recebemos a informação de que, por ora, não haveria paralisação. Ainda assim, as entidades têm total autonomia para decidir se abrem ou não nesta sexta-feira”, contou Bruno.