PM segue parada no ES e secretário diz que negociação 'perde sentido'
10/02/2017 08:51 - Atualizado em 11/02/2017 14:08
Agência Brasil-Tânia Rêgo
Apoio das Forças Armadas no ES / Agência Brasil-Tânia Rêgo
O secretário de Direitos Humanos do Espírito Santo, Julio Pompeu, disse que o prazo para os policiais militares aceitarem a proposta do governo terminou às 6h desta sexta-feira (10). Com isso, segundo ele, a mesa de negociações com as lideranças do movimento "perde sentido". Nesta sexta, mais de 700 policiais foram indiciados pelo crime de revolta. 
O estado está sem PMs nas ruas desde sábado (4), o que desencadeou uma onda de violência que deixou 113 mortos. Escolas, postos de saúde e ônibus seguem sem funcionar na Grande Vitória e em outras regiões do Espírito Santo. O movimento pede aumento salarial e melhores condições de trabalho, e tem sido liderado por familiares dos PMs, que impedem a saída dos policiais dos quarteis.
Na noite de quinta-feira (9), o governo se reuniu com lideranças do movimento. O encontro, que se estendeu até a madrugada desta sexta-feira, terminou sem acordo. O governo, entretanto, manteve sua proposta em aberto até às 6h.
PMs indiciados por crime de revolta
A Polícia Militar do Espírito Santo indiciou 703 policiais militares pelo crime de revolta. Se condenados, a pena é de 8 a 20 anos de detenção em presídio militar e a expulsão da corporação. Esses policiais tiveram o ponto cortado desde sábado (4) e não vão receber salário. O secretário de Segurança Pública, André Garcia, informou que eles foram indiciados pelo crime militar de revolta por estarem armados e aquartelados nos batalhões.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, disse que o número de indiciamentos “com certeza” irá aumentar muito. Segundo ele, o Comando da Polícia Militar identificou que os homens que estão participando do movimento grevista são os que têm menos tempo de serviço na corporação.
“Esse movimento é realizado pelos praças [soldado, cabo, sargento e subtenente]. Não é um movimento dos oficiais”, afirmou o comandante-geral, em entrevista à imprensa na sede da Secretaria de Segurança Pública. “Nossa tropa escolheu a forma errada [de negociação]. Não se negocia com a arma na cabeça.”
O secretário de Segurança também afirmou que o governo está identificando, por meio de imagens, as mulheres e os parentes dos policiais que estão participando das manifestações e bloqueiam a entrada dos quartéis para evitar a saída das viaturas. O objetivo é responsabilizar civilmente essas pessoas. A relação dos parentes que estão à frente do movimento será encaminhada para o Ministério Público Federal.
Temer condena movimento
Em nota divulgada nesta sexta-feira (10), o presidente Michel Temer disse condenar o movimento de policiais militares no Espírito Santo. Para Temer, a paralisação, que ele chamou de "ilegal", é "inaceitável". Temer afirmou ainda que o direito à reivindicação "não pode tornar o povo brasileiro refém".
– O presidente Michel Temer acompanha, desde os primeiros momentos, todos os fatos relacionados à segurança pública no Espírito Santo. Condena a paralisação ilegal da polícia militar que atemoriza o povo capixaba. Ao saber da situação, determinou o imediato envio de dois mil homens para restabelecer a lei e a ordem no Estado – diz trecho da nota da Presidência da República. "O presidente ressalta que o direito à reivindicação não pode tornar o povo brasileiro refém. O estado de direito não permite esse tipo de comportamento inaceitável", continua o texto.
Comboio do Exército em Campos
Mais uma vez foi registrada a passagem do comboio do Exército pela BR 101, em Campos. Durante a tarde, cerca de oito veículos se dirigiram à 2ª Companhia de Infantaria do Exército Brasileiro, em Guarus.
Rodrigo Silveira
Comboio do Exército em Campos / Rodrigo Silveira
Segundo o Comando Militar do Leste, a equipe seria para suporte logístico dos agentes que se encontram no Espírito Santo, para substituição de pessoal e fornecimento de mantimentos. 
Violência
O Espírito Santo registrou 121 mortes violentas até esta quinta-feira (9), 6º dia de caos na segurança por causa da falta da PM nas ruas. Uma onda de crimes, mortes e saques foi desencadeada e, como reflexo dessa violência, o comércio já acumulou um prejuízo de R$ 180 milhões. Para conter a crise, o Exército anunciou 3 mil militares nas ruas até o fim de semana.

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