Delegada Madeleine: 'Vou tentar outra vez em 2028'
Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 23/11/2024 08:22
Delegada Madeleine
Delegada Madeleine / Folha da Manhã-Arquivo
“Se Deus quiser, eu vou tentar mais uma vez a Prefeitura de Campos em 2028”, declarou a delegada Madeleine Dykeman (União) durante sua entrevista ao programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, dessa sexta-feira (22). Estreante na política, ela concorreu às eleições municipais ficando em segundo lugar com 67.354 votos (24,22%). Cedida para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a delegada afirmou que, para ela, esse é um momento de respirar, refletir e ter paciência, mas ressaltou que nunca perdeu seu foco e que não abandonou sua carreira na Polícia Civil. Madeleine também analisou o desempenho de seu grupo político, liderado pelo presidente da Alerj, o deputado Rodrigo Bacellar (União). Sobre o segundo mandato do prefeito reeleito Wladimir Garotinho, ela diz que deseja que ele olhe para a Saúde, para o transporte e geração de emprego.
“Quero ser prefeita” — “Eu acho que hoje, qual que é o meu objetivo? É ajudar a população de Campos a crescer, independente de se for o caso, de eu conseguir, se eu vier e me eleger. Acho que hoje Campos vai precisar de emendas para que a cidade cresça. A verdade é que a gente já vem falando isso, os royalties estão acabando. Acabando não, mas existe uma tendência de diminuição e, possivelmente, um dia a gente não conte mais com esse dinheiro. Então o orçamento ele vai ter que ser repensado e Campos vai precisar de ajustes e apoio financeiro para continuar tocando. Então, acho que esse é um papel importante do deputado, seja estadual ou federal, para o benefício da nossa cidade e para além disso, criar leis que ajudem a população. Eu estou no momento mesmo de respirar, entender tudo isso que aconteceu e seguir firme naquilo que eu tenho no meu coração, que foi desde sempre, eu quero ser prefeita dessa cidade. Eu não tenho dúvida disso, vou continuar. Isso aí não escondo de ninguém, que eu vou continuar nessa tentativa e tudo o que for melhor para o município de Campos, eu vou fazer. Então, acredito que tem 70 mil pessoas praticamente, nesse momento, terão outras que acreditam nesse meu desejo de transformação da política e que vão entender esse recado”.
2028 — “Aos poucos, as pessoas vão entendendo que eu tenho o nome próprio, que eu tenho uma característica própria, que eu tenho uma vida de entrega, que é muito importante, uma vida de entrega de resultados. No começo aqui, por onde a gente passa, a gente consegue deixar uma marca de entrega. Se Deus quiser, eu vou tentar mais uma vez a Prefeitura de Campos em 2028, se tudo é certo, os planos são esses. E eu acho que as pessoas com o passar do tempo vão entender quem é a delegada Madeleine, o que ela pode trazer de transformação para a sociedade”.
Carreira — “Primeiro eu quero agradecer as pessoas que de forma muito carinhosa ficaram muito preocupadas quando eu me licenciei para concorrer, que ficavam preocupadas pelo fato de achar que eu tinha abandonado a minha carreira de delegada. E eu falo que não, que é possível ter uma licença eleitoral para concorrer, então eu continuo delegada de polícia. Então essa é uma primeira questão e nesse pós-eleição, esses seis meses que nós vivemos de forma muito intensa, é um tempo em que eu tive que respirar um pouco para entender os próximos passos. Fui convidada pelo presidente para estar lá na Alerj, é algo que não me afasta. Primeiro, que eu continuo delegada, sou uma delegada cedida. Não estou à frente de uma delegacia, na atividade principal, que é investigar crimes e retirar pessoas em desconformidade com a lei das ruas. Mas de forma mais ampla, eu continuo fazendo aquilo que eu vinha fazendo à frente da Deam Campos e diga-se de passagem, hoje está muito bem representada pela doutora Juliana. Campos hoje está representado pelo doutor Carlos Augusto na 146, doutora Carla, que já foi minha titular em Guarus. Ela já trabalhou aqui em Campos, volta hoje a cena da 134, uma excelente delegada está à frente da delegacia e doutora Juliana a frente da Deam”.
Procuradoria da Mulher — “Já foi criada a Procuradoria da Mulher, ela já existe. Hoje, ela é presidida pela deputada Tia Ju, que teve aqui no evento de mulheres, quando conversávamos sobre isso. Ela esteve presente aqui e ela me me convidou para fazer parte dessa implantação da Procuradoria, que trata das diversas vulnerabilidades da mulher, não só a vulnerabilidade da violência, denúncias de violências, mas também vulnerabilidade política. E esse é um projeto que vem do âmbito federal, sendo trazido para o âmbito estadual e que se pretende aqui no Estado do Rio de Janeiro expandir para todos os municípios. Então fico feliz porque eu posso hoje, a partir daquilo que eu vivi na realidade, estava conversando aqui sobre a minha perceção de como é que está mudando esse desenho da violência. Com essa experiência você conseguir, por exemplo, pensar em projetos de política pública para as mulheres. Então você vai trabalhar a violência, que era aquilo que eu já trabalhava. De certa forma, tem um pouco de conhecimento para fazer os direcionamentos necessários. Então hoje eu estou nesse novo momento da vida, que ajuda as mulheres também de forma mais ampla, mas também estou à disposição do presidente da Casa para ajudar no que for possível em relação à segurança pública, que é um dos temas mais difíceis hoje do Estado do Rio de Janeiro”.
2026 — “Ele já anunciou que o desejo dele é ir para o TCE. Ele já anunciou para as pessoas próximas, para várias pessoas que estão ao redor dele, mas eu acredito que existe hoje várias alianças que vão se reunir para defender uma candidatura ao governo do Estado. E isso passa naturalmente por, agora vai ter a eleição, a recondução dele na presidência, acho que fevereiro. Acredito que ele vá ser reconduzido ao cargo porque ele está muito bem. Quando a gente convive lá na Alerj, você percebe que os deputados gostam muito da liderança dele e isso de todos os lados. Rodrigo, uma pessoa que consegue se relacionar muito bem com direita e com esquerda, ele consegue fazer isso de forma muito leve. Então há um movimento sim, que deseja que ele seja candidato a governador. Mas a política tem muitos detalhes, muitas alianças e isso realmente só ele pode responder”.
Projetos futuros — “Quando você sai de uma eleição como essa, tão intensa e de repente tudo acaba e aí você tem que respirar, refletir e sobretudo ter paciência. Existe um tempo de paciência para você ter clareza sobre os passos do futuro e hoje eu faço parte de um grupo político e assim me coloquei à disposição do líder do grupo, que é Rodrigo Bacellar, para novos momentos políticos. Mas eu estou à disposição do grupo para me candidatar ou se for do interesse do grupo também, não me candidatar. Então eu acho que essa é grande lição da política, que aí é muito diferente da polícia, política é diferente da polícia. Porque como polícia, como delegada de polícia, eu consigo andar sozinha com a minha equipe. Eu consigo fazer o que eu acho que é oportuno, mas quando você vai para a política, você sabe que o grupo tem que pensar de forma coletiva. Então hoje as pessoas tendem a me perguntar isso todos os dias, e aí vai ser deputada estadual ou federal? Falei assim, vai ser o que tiver que ser no momento oportuno, mas esse é um tempo de paciência, é um momento em que eu estou à disposição do grupo e do partido, que eu falo, do União Brasil. E agora acho que o foco mesmo nesse momento até fevereiro, é a recondução de Rodrigo à presidência da Casa, que é o foco do momento e a partir de 2025”.
Desempenho — “Quando eu entrei para a política, eu dei esse passo decisivo tão importante, eu entendia que eu já tinha chegado em um patamar de poder fazer grandes coisas pela minha comunidade. Mas que através da política eu poderia ampliar essa possibilidade de ajudar outras pessoas e foi assim esse processo, ele foi rápido porque eu entrei para a corrida eleitoral pouquinho antes do processo. Então foi tudo muito intenso como a gente falou. Na minha inscrição no partido, eu me filiei a um partido, falar sobre política, menos de um mês antes de iniciar para a campanha, então foi tudo muito intenso. Eu costumo dizer o jargão. Eu comecei a andar e trocar a roda com o carro andando. Então esse esses seis meses aí que nós tivemos, nesse processo todo pré-campanha, em campanha, para mim foram de muito aprendizado e eu trago isso por muita alegria. A gente fala, nossa, eu não passaria, eu falei assim, mas cada um tem seu propósito. Então isso que você falou, você me via feliz nas campanhas, era exatamente isso que eu sentia, alegria, felicidade, porque eu estava fazendo exatamente aquilo que eu desejava fazer. E eu acho que isso acabou transpassando para as pessoas, as pessoas começaram a perceber essa alegria. Eu fui levada a entender esse lugar por quem entende de política. Várias pessoas falaram ‘olha, Madeleine, nós não tivemos uma vitória nas urnas, uma vitória eleitoral, mas houve sim uma vitória política’, porque foram quase 70.000 pessoas que acreditaram nessa política de transformação, na esperança de mudança. Ou seja, existem pessoas que não estão satisfeitas com o projeto político atual e que desejam essa mudança e mostraram isso nas urnas”.
Experiência — “E para mim, eu tive essa conversa até com o presidente Rodrigo Bacellar, foi uma conversa muito boa que nós tivemos, dias antes das eleições. E ele, falando assim, ‘Madeleine, eu não sei se a gente vai conseguir ir para o segundo turno, espera-se que sim, mas se não for saiba que você já construiu até aqui algo que a gente não esperava’. A gente viveu dias muito felizes e aí eu conversando com ele, eu falei assim: ‘presidente, o que acontece, quando eu me propus, quando eu estive na Alerj dizendo que eu queria me candidatar, eu tinha uma missão para cumprir e essa minha missão, que era e continua sendo um propósito de ajudar as pessoas’. Ela dependia do número com que se for sair, seja vitória, mas era aquilo que eu tinha que fazer, então no começo, todo começo de campanha é confuso, ajuste daqui ajuste dali e as pessoas entram, as pessoas saem até aquilo tudo, até a máquina engrenar”.
Foco — “Eu nunca perdi o meu foco, desde o primeiro dia. Eu sempre estive focada naquilo que eu estava fazendo ali, independente das intempéries, independente dos obstáculos, independente inclusive dos elogios. Eu falava para minha mãe, que sofria muito nas redes sociais, falei não leia porque o que está ali, a crítica não é verdadeira, as pessoas não me conhecem de verdade e os elogios tão pouco. Pode ser que sejam apenas para cumprir ali uma função política. Então a minha missão ali era cumprir o que eu estava me propondo a fazer, então eu falei com o presidente, olha, eu entendo até que quando você começou, quando a campanha começou, com tantas outras candidaturas, ele nem percebeu exatamente o que estava acontecendo aqui. Acho que essa percepção é de que a campanha estava sendo uma campanha dessa magnitude. Foi quando a rua começou a dar resposta. Foi quando a gente começou a fazer as carreatas, as caminhadas que aí ele ficava sabendo, o que é uma caminhada que deveria ter uma hora e meia mais ou menos, leva três horas. Aí as pessoas começaram a dizer, ela não consegue andar, as pessoas não deixam ela andar. E aí ele começou a perceber, e eu acho que todo o grupo, eu digo ele, representando o grupo que existia, o movimento de alegria. E isso tomou conta do nosso grupo e o final foi a resposta que a gente teve nessa conversa, ele falou, o que você já construiu até aqui eu já estou extremamente feliz, porque o nosso grupo ganhou essa leveza. O nosso grupo ganhou essa vontade mesmo de gritar, por uma causa. E foi isso essa sensação”.
Crescimento político — “De verdade, nem sei se eu quero ter (noção do crescimento). Entende o que eu quero dizer? Eu não sei se eu quero ter. Eu sei que sim, saímos, politicamente vitoriosos. Mas acho que tem muita coisa para ser construída ainda, sabe? A gente não pode ficar vivendo de glórias. A gente tem que viver o presente. Nem de futuro, você não sabe o que espera o futuro, algo tão intocável, e de passado. O que foi feito, foi feito, daqui para frente é fazer um bom trabalho de grupo para que a gente possa alcançar novos resultados”.
Campanha — “Essa foi uma narrativa criada de que a minha campanha era uma campanha de ataque, porque as minhas propostas elas estavam lá todos os dias, inclusive eu sempre falava isso para as pessoas. E até hoje, você vai lá no meu Instagram nos destaques, tinham lá as propostas e tinha os meus vídeos de propostas. Mas me parece, isso é natural do ser humano que ele só se atenta ou eles aquilo que chama? Então, eu estava numa situação de oposição e que precisava trazer à tona os erros graves da atual gestão. E eu era, de fato a principal opositora dele. É claro que os demais concorrentes, estavam inclusive falando as mesmas coisas, mas quando o foco está em você, porque eu era ali a que estava mais próxima, estava em segundo lugar, sempre me mantive ali praticamente em segundo lugar. Todas as respostas que eu dei ao prefeito e, principalmente, foram respostas à situações que eu achava pertinente dar a minha voz sobre aquilo”.
Governo Wladimir — “Eu desejo que ele olhe com muito carinho para a saúde da sociedade, porque nesses meses de campanha e pré-campanha, o que eu observei foi que a Saúde está numa situação que, aí é que está, entende, as pessoas que não precisam ou que não usam esse serviço público não tem ideia do que está acontecendo na Saúde de Campos hoje. Então, quando você é uma voz que se levanta para mostrar isso, parece que é um ataque, chamar a realidade da população o que está acontecendo. E não precisa de muito. Eu acho que todo mundo que trabalha na Saúde, hoje, sabe o que está acontecendo, então é preciso voltar os olhos. Saúde, transporte, geração de emprego, problemas críticos que nesses três nesses, nesses meses que eu andei pela cidade, pude perceber que são problemas que realmente estão trazendo muito prejuízo para a nossa população”
Verbas estaduais — “Na saúde, sobretudo pelas obras estruturantes que foram feitas com o dinheiro do governo do Estado, que aplicou aqui na cidade quase R$ 2 bilhões. E aí essas obras que aí eu vou citar, a obra do HGG, o Hemocentro, enfim. Para a população, isso foi uma obra estrutural da Prefeitura e a gente sabe que não foi. Isso nunca foi dito, e também há um êxito dele em ter conseguido esse ajuste, mas essa verba foi uma verba do governo do Estado e era importante”.
Ataque — “Quando falam que não me atacaram, não me atacaram pessoalmente, publicamente, mas nos bastidores eu fui muito atacada. Grupos criados para isso, para a disseminação de narrativas inverídicas. E foi uma estratégia que eles usaram, mas a verdade, aos poucos ela vai aparecer, então é difícil mesmo. A política, ela tem seus mecanismos e a gente tem que ir aos poucos, entendendo que mecanismos são esses.”
Apoio de Carla Machado — “Carla foi um apoio muito especial para mim. Ela é uma mulher que tem características muito parecidas com a minha, uma mulher de força, uma mulher de coragem, uma mulher inspiradora. Então ali, eu acho que no final, foi aquele split final, que a gente estava precisando. Eu acreditei até o último minuto que a gente conseguiria ir para o segundo turno, principalmente por conta dos votos silenciosos”.
Desempenho do grupo Bacellar — “Esperavam muito essa vitória dele aqui em Campos, que não aconteceu nesse momento. Mas ressaltar a vitória política em nível estadual que ele (Bacellar) teve. Foram 14 prefeitos eleitos em todo o Estado, fizemos aí salvo engano, 9 vices e 130 vereadores. Quando ele assumiu o União Brasil, em março desse ano, ele só tinha um prefeito, então é uma vitória em âmbito estadual muito grande também”.

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