Pacificação é mantida apesar dos patriarcas
Se os atritos envolvendo os patriarcas das famílias Bacellar e Garotinho parecem não ter prazo para acabar, pelo menos no discurso dos seus filhos a pacificação pela governabilidade de Campos está mantida. Em meio a mais um desgaste envolvendo os dois grupos políticos, inclusive com uma denúncia sendo feita em delegacia, o presidente da Câmara Municipal, Marquinho Bacellar (SD), usou a tribuna da Câmara, nesta terça-feira (15), para ecoar o discurso de paz que o prefeito Wladimir Garotinho (PP) já havia feito na última sexta-feira (11) ao participar do Folha no Ar, da Folha FM 98,3 (aqui).
— Quem está esperando também que eu vá brigar com o prefeito pelas atitudes dos nossos pais, estão enganados. A pacificação existe, a pacificação está sendo mantida. Se os nossos pais querem brigar nas redes sociais, eu e o prefeito chegamos no entendimento há algum tempo, que se prevalece, nós preferimos viver a vida real, que é buscar melhorias e qualidade de vida para o povo de Campos. Então, se os nossos pais querem brigar, deixa eles brigarem à vontade. A pacificação, da minha parte, do nosso grupo de vereadores, se mantém sempre que for bom para população, que der qualidade de vida à população estamos juntos. O que não for vamos divergir — disse Marquinho.
A declaração foi dada pelo presidente da Câmara no mesmo dia que o pai dele, Marcos Bacellar, usou as redes sociais para se desculpar com ex-prefeita e ex-governadora Rosinha Garotinho e apagou o vídeo em que proferia contra ela palavras ofensivas, direcionadas também ao marido dela, Anthony Garotinho. Os Bacellar, no entanto, tanto o pai quanto o filho, não baixaram o tom ao manter críticas contra o ex-governador.
Na última segunda-feira (14), Rosinha foi à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Campos, por se sentir agredida moralmente e amea-çada no vídeo gravado por Marcos Bacellar. Ela registrou uma ocorrência por difamação e ameaça. As declarações dadas pelo ex-vereador Bacellar causaram rea-ções imediatas, com críticas, inclusive, nas redes sociais dele e com várias mensagens de apoio a Rosinha.
Em uma nota oficial publicada por Marcos Bacellar, ele disse, em um dos trechos, “que no último domingo, Dia dos Pais, movido pela revolta ao ver um filho sendo atacado, gravou um vídeo com o desabafo”. Nos últimos dias, Garotinho tem feito uma série de publicações envolvendo o presidente da Assembleia Legis-lativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar.
“Em momento algum pensei em atingir a moral e a dignidade da mulher Rosângela Matheus. Meu foco foi na ex-prefeita e ex-governadora Rosinha Garotinho, que é figura pública. Mesmo assim admito que passei do ponto e peço desculpas. Em toda a minha história de luta nunca houve um momento sequer de ataque às mulheres. Inclusive, fui um defensor de várias mulheres atacadas covardemente pelo grupo de Garotinho”, traz parte da nota, na qual ele “agradece o apoio e compreensão de todos e todas” que estão ao lado dele.
Os atritos envolvendo as famílias Bacellar e Garotinho, que, até então, vinham rendendo declarações polêmicas na Câmara Municipal e nas redes sociais, agora viraram também caso de polícia e também vão à Justiça, segundo informou Rosi-nha nessa segunda-feira.
— Me senti ofendida como mulher, agredida. E também eu quero questionar (...) o que ele quis dizer que o touro, que ele chama, e a vaca, que ele chama, têm que ser os primeiros a serem abatidos no frigorífico. Eu quero saber o que ele quis dizer com isso, porque eu me senti ameaçada. O que é um abate? — declarou Rosinha, afirmando que Marcos Bacellar será intimado a depor e o caso deve ser colocado em sigilo, inclusive, ressaltando que a queixa-crime deve ser levada à Justiça. A Polícia Civil informou que o caso segue sendo investigado.
Perguntada na saída da Deam se esperava que Marcos Bacellar pedisse desculpas, ela se mostrou descrente. “Não sei se faria”, disse Rosinha, que ao ser questionada também se perdoaria o patriarca dos Bacellar, foi concisa: “Vamos aguardar”.
Sobre a pacificação construída pelo filho Wladimir com Rodrigo Bacellar pela governabilidade em Campos, Rosinha disse que a “questão política fica com o prefeito”.
— Eu estava no meu silêncio, agora vão aguentar o meu barulho — afirmou Rosinha, apoiada por familiares e amigos.
Pedidos de desculpas após caso na Deam
Antes de ir à Deam, Rosinha também chegou a usar as redes sociais para lembrar outro episódio. “Não é a primeira vez que membros dessa família agem assim contra mulheres. Seu filho que preside a Alerj já cometeu crime semelhante contra a minha nora”, postou. O caso citado pela ex-prefeita relacionado à primeira-dama campista, Tassiana Oliveira, motivou desculpas públicas de Rodrigo Bacellar à própria Tassiana e a Wladimir, inclusive na Câmara, quando o prefeito e o deputado estiveram juntos na posse de Marquinho Bacellar na presidência da Casa.
Sobre ocorrido no último domingo com os pais, o prefeito Wladimir Garotinho usou as redes sociais para publicar um texto em apoio à mãe. “Minha amada mãe, não se abale por ataques baixos ou palavras que não condizem com o seu caráter (...) A pacificação política jamais me impedirá de defender a honra daquela que sempre me amou. As questões jurídicas estão em curso, quem ataca mulheres de maneira covarde merece encarar a justiça e ser punido no rigor da lei”.
Na tribuna nessa terça, Marquinho também defendeu o pai. “Quem conhece a história do meu pai, sua trajetória política, conhece bem que ele não teve intenção alguma e nem nunca vai ter de ofender nenhuma mulher. Seja ela o passado que ela tiver na política ou em qualquer outro ramo (...) Na sua explosividade habitual, ele decidiu reagir de uma semana intensa de ataques que o ex-governador vem fazendo na rede social, não só para um filho, para os três (...) Mas mesmo, assim ele já se desculpando, estou aqui, como presidente dessa Casa, e peço desculpa novamente em nome de todo o nosso grupo a todas as mulheres que se sentiram ofendidas”, disse.