Wladimir: "Não vou entrar em briga que não é minha"
Rodrigo Gonçalves, Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel 12/08/2023 08:18 - Atualizado em 12/08/2023 08:32
Prefeito Wladimir Garotinho no Folha no Ar
Prefeito Wladimir Garotinho no Folha no Ar / Genilson Pessanha
“A briga não era aqui. Foi um espasmo local da briga lá do Rio, desnecessariamente”. Foi o que disse o prefeito Wladimir Garotinho (PP), no Folha no Ar dessa sexta-feira (11), na Folha FM 98,3, ao avaliar a mais recente confusão na pacificação entre Garotinhos e Bacellar na Câmara Municipal, em meio a troca de ataques entre lideranças dos dois grupos políticos, inclusive seu pai, Anthony Garotinho, que, segundo ele, estava quieto e foi provocado. Wladimir afi rmou que já se encontrou com o presidente do Legislativo campista, Marquinho Bacellar (SD), pedindo que trabalhem em conjunto para diminuir a temperatura, que fi cou quente, conforme revelado pelo prefeito, a partir do desgaste vivido entre o governador Cláudio Castro (PL) e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). Ele também avaliou o cenário às eleições a prefeito, na qual aparece como favorito em todas as pesquisas até aqui, analisando e alertando, ainda, o reitor do IFF, Jefferson Manhães, seu provável adversário ao pleito de 2024 pelo PT. Na íntegra da entrevista, disponível nas redes sociais da Folha FM 98,3, é possível também acompanhar o que o prefeito falou sobre o que considera de avanços no seu governo, com destaque à Saúde, e das dificuldades enfrentadas principalmente com o transporte público.
Pacificação estremecida — Eu sou responsável pelo que eu falo, eu sou responsável pelos meus atos. Família vai ser sempre família, mas eu sou prefeito da maior cidade do interior (do RJ), eu tenho uma cidade para administrar. Cada um tem o seu tamanho político, cada um tem o seu peso político, cada um tem a sua história, cada um age de um jeito. Eu não vou colocar brigas que não são locais, porque essas brigas não são locais, acima dos interesses da cidade. A pacificação é importante para o crescimento, desenvolvimento da cidade. Nós construímos ela para isso. Eu tive uma conversa com o presidente da Câmara (Marquinho Bacellar) na segunda-feira, depois de todo esse início de confusão. Tive um desentendimento, se é que pode se chamar assim, com meu pai (Anthony Garotinho), por conta das declarações dele. Ele estava quieto. E ele ainda cobrou publicamente de mim, dizendo que se eu não defendo a honra dele e da minha mãe, porque foram atacados na Câmara, ele iria defender do jeito dele. Eu pedi para ele não fazer, mas ele tem o temperamento dele. Mas, eu, como prefeito, responsável diretamente por cuidar da cidade e da vida das pessoas, não vou entrar em briga que não é minha. Repito: essa briga não é minha. Está chegando em Campos uma ponta da briga. Essa briga está vindo lá de cima. Estão antecipando demais 2026. Está acontecendo uma briga estadual, que está chegando a Campos porque um dos atores da briga estadual é de Campos. Então, que a gente aqui em Campos (eu, o Marquinho e os vereadores) entenda que, se a gente entrar nessa briga, vai ser pior para cidade, vai ser pior para as pessoas que vivem aqui e dependem de que a cidade funcione. Muito pelo contrário, acho que eu e o Marquinho temos que trabalhar para resolver o problema e não criar mais problema. Pelo menos é assim que eu penso. Eu não entro em briga pessoal, eu não faço ataque pessoal, não é o meu estilo de ser. Eu não faço denuncismo, não é o meu jeito de ser, não foi assim que eu criei a minha história política. Meu pai tem esse estilo, é o estilo dele, não é o meu. E eu tive essa conversa com o presidente Marquinho na segunda. Falei: “olha, Marquinho, vai caber à gente aqui em Campos, agora, baixar a temperatura também, até para que se consiga ajudar a resolver esse problema”. A briga, apesar de ser estadual, meu pai só entrou nela pela alta temperatura da Câmara. Se não fosse a alta temperatura da Câmara aqui em Campos, meu pai talvez não tivesse entrado nela, ele estava quieto. Então, a gente tem que ajudar a reduzir a temperatura das brigas aqui em Campos, para que a briga estadual se resolva por lá. Rodrigo e Cláudio são amigos, são parceiros, mas a temperatura lá está quente. É um problema deles lá para ser resolvido, não é um problema de Campos. Então, fica aqui o meu pedido ao Legislativo Municipal para que a gente consiga se entender aqui em Campos, para que a gente possa ajudar a controlar a temperatura. Eu não quero que essa briga se desenrole aqui em Campos, porque vai fazer mal para a cidade.
Desdobramentos se rachar — Não vai fazer mal para o governo do Wladimir, vai fazer mal para a cidade. Tem pessoas que dependem diretamente de que a cidade tenha essa pacificação entre o Executivo e o Legislativo para continuar crescendo. Não é só Campos que depende de Campos, várias outras cidades do interior dependem de Campos, da saúde pública de Campos, enfim. Nós não podemos entrar nessa briga, sob pena de prejudicar a cidade. Então, foi esse o meu tom da conversa com o Marquinho na segunda-feira. Pedi a ele que dê tempo ao tempo. Eu consegui fazer o meu pai ficar, vamos dizer assim, sem partir para o enfrentamento durante um bom tempo. Eu tive um enfrentamento com meu pai durante a eleição de governador. Quando ele se posiciona contra o Cláudio, eu não concordo com ele, não sigo com o meu pai. Eu amo a minha família, vou respeitar, vou amar pai e mãe. Mas, politicamente, eu entendi que ele estava equivocado naquele momento. E eu sou muito grato ao governador Cláudio Castro por tudo o que me ajudou. Naquele momento, eu tive que ficar numa linha muito difícil: politicamente contra a minha família e ao lado do governador, porque entendia que meu pai estava agindo de maneira equivocada naquele momento. Mais uma vez, eu entendo que o caminho da briga, o caminho do denuncismo, o caminho da fala pessoal contra algumas pessoas, não é o melhor caminho. Eu preciso que as pessoas entendam que a gente tem que dar tempo ao tempo e entender melhor esse contexto, porque, repito, a briga é estadual. E meu pai estava até agora em silêncio por um pedido meu, por um convencimento meu de que isso era o melhor para Campos. Ele foi atacado pessoalmente várias vezes na Câmara e estava quieto. Chegou o momento em que ele explodiu (...) com toda essa temperatura elevando aqui na Câmara de Campos desnecessariamente, porque não tinha necessidade de acontecer aquilo, ele tem partido para uma linha de confronto. Eu vou tentar reestabelecer a paz, mas eu não consigo fazer isso do dia para a noite. Eu levei três meses em confronto com meu pai para conseguir acalmar com o Cláudio Castro. Não vai ser em uma semana, eu 10 dias, que eu vou conseguir de novo acalmar ele.
Na possível discórdia entre Castro e Bacellar, como Wladimir fica? — Eu repito: essa briga não é de Campos, essa briga é do Rio. Eu não vou colocar Campos no meio de uma rota de colisão, numa rota de tiro. Eu não estou falando em me colocar, não, estou falando em colocar a cidade. A cidade não pode passar por isso. Desculpa aos dois líderes, que são grandes líderes: o Rodrigo, presidente da Alerj, e Cláudio Castro, governador. Hoje, sou aliado dos dois. Tenho um acordo com Rodrigo e tenho uma aliança com o governador. Campos não vai entrar na rota de tiro. Eu não vou permitir que a cidade entre na rota de tiro. Isso não pode acontecer. Por isso, eu pedi ao presidente do Legislativo Municipal, que é irmão de Rodrigo. Falei com Marquinho que nós dois temos que ajudar a abaixar o tom aqui. Essa briga é lá em cima, é briga de cachorro grande. Eu acho muito ruim Rodrigo e Cláudio se desentenderem, porque foram amigos, aliados e irmãos ali. O Rodrigo foi secretário de Governo, braço direito de Cláudio. Acho ruim esse desentendimento. Inclusive, eu estive jantando com o vice-governador, Thiago Pampolha, a pedido do governador Cláudio Castro, inclusive para liberar uma obra importante para Campos, que é a Beira-Valão, com dinheiro do Fecam. Tive uma reunião com o Pampolha para isso, e Rodrigo teria ficado chateado com o meu encontro com Pampolha. A gente tem que saber separar as coisas. Tem a relação institucional e tem a relação política partidária. Eu não estou aqui contra projeto de ninguém. Inclusive, eu disse isso ao Rodrigo: “Rodrigo, quando a gente sempre conversou, você sempre disse que o seu futuro político não colidia com o meu. Nós tínhamos caminhos diferentes na política. Mudou alguma coisa? Eu só preciso saber se mudou ou se não mudou, porque eu não estou aqui pra brigar”. Eu estou aqui pensando em 2024, na minha reeleição a prefeito, no futuro da minha cidade. Eu tenho responsabilidade com a minha cidade. E a gente não pode permitir que brigas no estado apesar, de envolverem um campista, interfiram negativamente para a cidade de Campos. É isso o que os vereadores de Campos precisam entender, é isso o que o prefeito de Campos precisa entender, é isso o que a sociedade campista precisa entender que. Eu, enquanto prefeito, não vou permitir que essa briga atrapalhe o bom andamento que hoje a cidade vem tendo. Eu não faço isso, eu não cruzo a linha. Eu até entendo que o meu pai que está agora no meio dessa confusão. E aí, desculpa, eu falei pelo telefone com meu pai três vezes nessa semana, não estive pessoalmente com ele. Ontem (quinta) eu iria estar, porque eu ia na casa dele para tentar conversar, e soube que ele foi para o Rio encontrar com Washington Reis, que é um aliado de Rodrigo também, do governador também e meu também. Acho até que o Washington está tentando ser bombeiro nessa história, pelo que eu conheço dele. Então, eu não consegui estar com meu pai ontem (quinta). Mas, toda vez que eu ligo para ele para conversar, ele fala assim: “Eu estava quieto, estão me dando porrada a toa, e você não defende a sua família”. Eu falei: “Pai, calma, vamos conversar, vamos tentar encontrar um caminho”. Quando você está numa linha de diálogo, de pacificação, é normal que tenha um arranhão ou outro no meio do caminho, você realinhe a rota e siga em frente. Isso é normal, acontece até na nossa casa e no nosso trabalho. Tem a divergência, opinião de resultado ali: a gente queria um resultado, aconteceu outro. Para, conversa, realinha e segue. É normal que aconteça isso. Mas, repito aqui, ele estava quieto. Ele foi provocado, e isso não é bom. Pelo temperamento que Garotinho tem, isso não é bom! E ele, como jornalista, pode ter tido acesso a alguma informação antes, porque ele é jornalista, sabia de repente de que ia sair... Eu acho até que ele esteve com Castro.
Existe, de fato, a briga entre Castro e Rodrigo? — Existe um mal estar. Eu não sei se existe briga, eu sei que existe um mal estar. Eu acho que ninguém tem que torcer pela briga de Rodrigo com o Cláudio Castro. Muito pelo contrário, isso é muito ruim para a política do estado. Essa briga não é boa. E, repito: na minha visão, essa briga inteira é porque anteciparam demais 2026, inclusive plantando uma nota no Magnavita (coluna do Jornal Correio da Manhã) de que eu seria o vice de Pampolha. Essa nota não foi plantada por mim, Rodrigo sabe disso. Ele sabe inclusive da onde veio a nota, porque ele me disse. Então, estão me colocando, colocando Campos, no centro de uma briga que não é de Campos. Mas, como o Rodrigo é de Campos, para atingir às vezes o Rodrigo no meio dessa briga, me usam. Me usam e estão tentando agora usar meu pai na briga contra Rodrigo. Essa briga não é nossa, essa briga não é de Campos e é isso o que eu estou tentando conversar com meu pai: “Pai, não entra numa briga que não é nossa, que não é sua”. Mas, meu pai tem aquele jeito dele, bélico, do confronto. E, além de ter o jeito bélico dele, do confronto. E, repito: ele foi provocado. Não tinham que ter provocado meu pai, deixa meu pai.
Quem é mais difícil segurar, seu pai ou Marquinho Bacellar? — Não sei. Só peço a Marquinho que, como um presidente do Legislativo Municipal que é da minha geração, nós, da nova geração, temos que ter o entendimento de que botar fogo nessa briga é pior para a gente, inclusive para mim e para ele. Não dá para Marquinho seguir a linha Bacellar puro sangue nem para eu seguir a linha Garotinho puro sangue nesse momento. Nós dois somos pessoas novas, de outra geração, e precisamos entender que botar fogo nessa briga agora é pior. Eu espero, de verdade, que o Legislativo Municipal tenha maturidade e que eu, como prefeito, tenha maturidade também de conseguir separar essas brigas estaduais do município de Campos. Eu não vou apontar dedo para ninguém. Eu espero que o presidente da Alerj e que o governador, com as diferenças que estão tendo lá, se resolvam e que deixem Campos fora da linha de tiro.
LDO com diminuição de 20% para 10% de remanejamento — Tive uma conversa tranquila e boa com o presidente da Câmara. O que aconteceu na votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentária), com todo respeito a quem orientou ao presidente... Aquela sessão não tem validade. Eles fizeram um movimento errado do ponto de vista jurídico. O presidente não poderia votar em hipótese alguma, o regimento da Câmara é claro: ele só vota em caso de desempate. Então, está nula a sessão. Existem dois caminhos: existe a judicialização, para anular aquela sessão, ou simplesmente eu vou vetar a LDO inteira. E eles precisariam de 2/3 para derrubar o meu veto, o que eles não têm. Ponto. Então, essa questão, para mim, já está superada. Está nula a sessão. E eles sabem disso, o próprio presidente sabe disso. Ali foi uma forçação de barra, e aí, repito: por causa da briga lá de cima. A briga não era aqui. Foi um espasmo local da briga lá do Rio, desnecessariamente. Inclusive, eu soube, e aí não foi o presidente que me disse, que na hora da sessão eles falaram “a gente não tem como votar”, e Rodrigo teria mandado votar de qualquer jeito, porque ele queria passar um recado com aquela votação. Enfim, mas a sessão não vale, a sessão é nula. Ela pode ser anulada judicialmente ou simplesmente eu vou vetar a LDO inteira. Eu vetando a LDO inteira, não posso nem enviar outra, porque o prazo para encaminhar a LDO já passou, e aí é uma outra discussão jurídica. Vai vai valer a LDO do ano passado? Queria deixar claro que a LDO é importante, mas ela é um passo para o que vale de verdade, que é a LOA. Desculpa, mas não tinha nem por que eles fazerem isso. Então, eu não tenho essa preocupação. Eu não quero esticar corda por isso, eu não quero brigar por isso. O que vale, no final das contas, é a LOA, no final do ano.
Ataques de Garotinho combinados entre pai e filho? — Não, de jeito nenhum. Acho que as pessoas já passaram a me conhecer um pouco mais, conheceram o meu estilo, a minha maneira de agir. (...) Não é que eu não vou brigar nunca. Ninguém aqui é frouxo. Eu não vou é entrar em briga desnecessária, porque isso não é bom pra cidade, isso é péssimo. O meu temperamento e o meu jeito de agir é olhando para frente. Não vou ficar perdendo tempo brigando, perdendo tempo gastando energia, olhando para trás, apontando dedo. Em que isso soma pra cidade? Nada! Eu quero evitar a briga. Nós vamos brigar para quê? Não quero brigar.
Redutos eleitorais — Essa questão de território (eleitoral), para mim, isso não existe. Vereador é vereador de Campos, ele é votado em todos os bairros. Ele procura, inclusive, ser votado em todos os bairros. Você tem vários vereadores que têm voto no mesmo lugar. Então, não dá para dizer que o território pertence a A, B, C ou D. Tem conflito entre vereador e tem conflito entre liderança local de vereador, e eu tenho dito: “Gente, eu não vou me meter nessa briga local de vocês. Isso é problema de vocês. Vocês se viram aí na hora da política: quem vai ter voto, quem não vai ter voto”. O papel do prefeito é levar o benefício. Mas, é difícil às vezes você controlar o discurso das lideranças, porque muitas têm os seus embates locais ali. Aí fica aqui um uma reflexão: o cara quer ser oposição e, na hora do benefício, quer ter o bônus? Também não dá. O cara tem que tomar a posição dele, porque se quem é situação se sente prestigiado com uma obra, e é importante o prefeito prestigiar as pessoas; quem é oposição tem que entender também que ele escolheu ser oposição; que nós estamos numa pacificação, mas que ele escolheu sua oposição. Na hora de dar os louros da obra, eu não vou dar para a oposição, eu vou dar para quem é da situação. Faz parte. O cara tem que escolher também o caminho. Ele escolheu esse caminho, então, ele tem que entender.
Clima menos hostil — Concordo com a maneira da condução do processo eleitoral sem violência, sem ataques baixos. Esse é o meu perfil. Eu até brinquei aí, acho que foi numa resposta que eu dei para a (Folha), que na eleição passada eu encarei só pancada. O outro candidato no segundo turno, ele só sabia bater na minha família e não apresentava nada. Isso é ruim para o processo eleitoral como um todo. Então, espero que nessa eleição a gente tenha um debate em alto nível, para debater os problemas, porque, apesar de a cidade estar avançando, problemas ela tem. E eu não fujo do debate, não fujo das minhas responsabilidades, e quero ter um debate em alto nível.
Reeleição — Eu tendo a concordar com a opinião de que o caminho está bem pavimentado. Eu me esforço muito, eu me dedico muito e acho que os resultados estão aparecendo. Não adianta você também se esforçar e não ter resultado nenhum. Se é com dinheiro municipal, estadual ou federal, acho que não importa para o cidadão. O cidadão quer o resultado, o cidadão quer que a vida dele melhore, que a cidade que ele more fique mais bonita, que a saúde tenha mais qualidade, que a educação avance, que a rede de proteção social funcione. E aí, é um mérito do meu governo ou pessoal, meu, de conseguir articulação para trazer recurso externo. E eu dizia isso na campanha: que Campos precisava de dinheiro novo. Então, eu não estou fazendo nada diferente do que eu prometi em campanha. Campos por si só não tinha condição de se sustentar, cabia ao próximo prefeito buscar dinheiro novo. Eu dizia isso na campanha e é o que eu estou fazendo. Estou fazendo exatamente o que eu disse. Nós temos que correr atrás de dinheiro novo, de parceria, e foi o que eu fiz. Muitas pessoas me questionaram, por exemplo, por que eu votei em Bolsonaro. Eu votei em Bolsonaro porque, enquanto eu fui deputado e minha irmã era deputada, nós conseguimos muito recurso para Campos. Eu tinha uma dívida de gratidão com aquele governo. Agora, a urna ficou para trás. Se o presidente Lula vier para cá e ajudar a cidade, eu vou falar bem dele. Eu estou aqui como prefeito, precisando que invistam na cidade. Eu não estou defendendo bandeira eleitoral de ninguém agora. Eu estou defendendo a minha cidade, estou defendendo o povo que vive aqui.
Fim da pacificação não traria derrota nas urnas — Marquinho Bacellar está aparecendo na entrevista (pesquisa) com 3%. Então, se houver um rompimento, isso vai tirar o meu favoritismo? Eu acho que não. Não quero que haja. Repito: acho que os projetos não conflitam. Pelo menos pelo que eu converso com o presidente da Câmara, Marquinho, ele não tem desejo, não tem vontade de ser candidato a prefeito. Mas, eu construí uma imagem perante a população. Eu sou, repito, um cara extremamente dedicado, cobro muito dos meus secretários, vivo na rua para entender os problemas de perto e não simplesmente do ouvir falar. Estou muito na rua. Tem muita obra para acontecer ainda, nós estamos licitando muita coisa. Eu ainda estou esperando o (Governo do) Estado dizer se vai liberar mais alguma obra ou não. Campos ainda tem oito obras pendentes com o governador, de acordos que nós fizemos para sair. Não sei se vão sair. Só quero saber se vai sair ou não, e o que vai sair. Essa é a minha pergunta que fica. Eu estive lá essa semana, na secretaria de Infraestrutura do Estado, para saber o que vai sair, se vai sair, se não vai sair, até para eu saber como vou me posicionar perante a população aqui. Não que eu vá reclamar do governador, pelo contrário, ele me ajudou muito. Eu não tenho do que reclamar. Mas, o (Governo do) Estado hoje não vive mais a grande bonança que viveu há bem pouco tempo. Então, das oito obras que tem lá, vai sair uma, vão sair duas, não vai sair nenhuma? A gente só precisa saber como eu vou me comportar e me posicionar, e se eu vou ter caixa e condição de eu fazer, propriamente dita, ou não. Já posso aqui anunciar uma que eu vou fazer; que estava programada para o Governo do Estado fazer, mas eu vou fazer, já tomei essa decisão, que é o Bairro Legal da Tapera. É uma obra orçada em R$ 20 e poucos milhões, que estava na nossa parceria com o Governo do Estado, e eu tomei a decisão de que eu vou fazer. Mas, eu preciso saber do Governo do Estado se tem outras que não vão sair. Por exemplo: está lá o Bairro Legal do Novo Jóquei, está lá o asfaltamento de 22 estradas, está lá o asfaltamento das principais vias de Guarus; estavam lá as pontes. Então, vai sair? Não vai sair? O que vai sair, com qual tamanho vai sair? É só isso o que eu peço hoje ao Governo do Estado. Não vai poder dar? Tudo bem. Não pode dar, não vou reclamar.
Gratidão ao Governo Castro — Sou grato, já me ajudaram demais, entendo a situação que o estado está vivendo com um pouco mais de aperto hoje. É para a gente tocar a vida. Então, eu acho que o que nós já construímos, o que nós já fizemos, o que tem para sair ainda pela frente, acho que isso me dá uma condição de vencer a eleição. Repito: sou muito dedicado, eu cobro muito dos secretários, eu me importo de verdade com os problemas. Eu sou um cara que, se recebo uma mensagem no Instagram meia-noite, de uma pessoa que não conseguiu um atendimento médico, eu ligo para o secretário meia-noite. Eu me importo com as coisas. Eu não sou um prefeito que vive em Nárnia. Eu vivo aqui, eu ando na rua aqui, eu vivo na rua, moro aqui, caminho, vou aos bairros. As pessoas me param para poder perguntar, para poder pedir, e eu dou atenção, eu tento resolver. Então, eu acho que nessa ligação direta com a população, as pessoas entenderam o meu esforço, o meu carinho, a minha condição até humana de ser. Eu sou assim. O Wladimir prefeito é o Wladimir que sempre foi o Wladimir. Eu não mudei o meu jeito de ser, minha maneira de ser. Então, eu espero vencer a eleição, vou trabalhar para isso. Eu acho que temos um governo bem avaliado, com condição para isso. Se houver um rompimento, o que eu não desejo, repito, eu não desejo o rompimento, nós vamos para a rua do mesmo jeito, com a mesma vontade, com a mesma garra, com a mesma determinação. Vamos levar para avaliação do povo, para deixar o povo decidir o que ele acha que é melhor para ele.
Avaliação de Jefferson como possível adversário — Primeiro, tenho um respeito muito profundo, grande, pelo Jefferson (Manhães). Me dou muito bem com ele. Fui talvez mal interpretado numa frase que eu falei, mas, na verdade, ao que eu me referi é que foi dito que alguns secretários estariam preocupados com a candidatura do Jefferson, e eu ri dos secretários estarem preocupados. Não ri do Jefferson. Tenho um respeito muito grande por ele, sempre nos demos muito bem, ele sempre me tratou de maneira muito cordial, e eu também sempre o tratei de maneira muito cordial. Segundo que eu acho que o projeto do PT em Campos é lançar um candidato porque tem tempo de televisão. O PT tem um projeto nacional, e em toda cidade que tem tempo de televisão, eles vão querer lançar candidato. Pelo menos é isso o que eu tenho escutado das lideranças estaduais do PT. Acho que não dá pra comparar Jefferson (com Dr. Makhoul), porque são características diferentes, pessoas diferentes e nichos diferentes. O nicho de Makhoul, por exemplo, que era muito mais da classe médica, é hoje uma classe onde eu estou muito bem, até pelo avanço da Saúde. Então, não dá para comparar Jefferson e Makhoul. Makhoul já tinha sido candidato outras vezes, era uma outra figura, diferente de Jefferson. Eu acho que Jefferson precisa entender o risco também que ele corre, porque, se o projeto do PT é apenas ter um candidato por conta de um projeto nacional ou para, de repente, projetar Jefferson para deputado... Porque eu já ouvi isso do Lindbergh: “Ah, Jefferson vai ter 15% dos votos em Campos e depois ele vem candidato a deputado federal”. Ouvi isso do Lindbergh. Ele talvez pode não fazer 15%, e isso pode atrapalhar o projeto futuro dele. Porque ele está enfrentando um governo muito bem avaliado. Então, ele pode não fazer 15%, pode não fazer 10%. Eu estou aqui conjecturando. Mas, repito, tenho muito carinho por ele, é uma pessoa por quem eu tenho apreço. Mas, também queria alertá-lo que gestão de IFF é diferente de gestão municipal. Muito diferente, mas muito! Eu tenho secretários que vieram do IFF e, para entender isso, passaram férias. Eu não queria citar nome, mas eu tenho vários do IFF na minha gestão que, até entenderem que é diferente, patinaram um bocado. É muito diferente. Estou falando de dados.
Prefeito rebate dados que reitor apresentou — Não quero falar de pessoas, quero falar de dados. Eu ouvi atentamente os dados que ele (Jefferson) apresentou aqui (no Folha no Ar) e queria discordar veementemente de alguns. Acho que ele deve estar sendo orientado pelo irmão dele que é um economista, Zé Alves, mas ele está equivocado. Trabalhou no governo da minha mãe também, e eu convidei o Zé para trabalhar no meu. Sem nenhuma crítica pessoal, mas Zé Alves saiu do governo da minha mãe, em 2015, quando houve a queda de arrecadação. No momento em que precisava se fazer ajustes duros no orçamento, ele preferiu sair do governo do que fazer o ajuste. E ele não entrou no meu governo porque não acreditava que o governo pudesse dar certo, porque não tinha dinheiro. Então, falar de fora é muito fácil. Estar dentro, com coragem para fazer acontecer, é outra. Analisar número frio é muito simples. Desculpa, mas dizer que é economista analisando número oficial não é ser economista, porque o dado oficial da Prefeitura está no portal do Tribunal de Contas, está no portal da Prefeitura, está número frio. Então, dizer que é economista analisando número frio não é ser economista, é ser analista de dados. É diferente! Então, os dados que o Jefferson passou aqui, que eu acho que podem ter sido passados pelo irmão dele, vou dar dois exemplos apenas: ele disse que Campos tem o dobro da terra agricultável de São Francisco, e que São Francisco tem mais volume de negócios do que Campos. Isso é uma inverdade! Se a gente for falar só da cana-de-açúcar... Poderia falar de outros aqui, mas só a cana-de-açúcar esse ano vai movimentar em Campos R$ 700 milhões. Desculpa, mas São Francisco não vai movimentar nem perto disso com todas as suas culturas. Então, não sei de onde é que ele tirou esse dado de que São Francisco movimenta mais do que Campos com metade da terra agricultável. Eu não sei, sinceramente. É um questionamento apenas. Ele fala que 1/3 da população de Campos vive na extrema pobreza, o que é uma verdade, é um dado do Caged. E ele critica isso. Pois bem: Campos retomou o programa de proteção social agora. O que era 30%, agora já são 25%, caiu um pouco, sendo que Campos tem menos de 5% da população que recebe o benefício social do Cartão Goitacá. Se a gente olhar pra São João da Barra... Repito: não é crítica pessoal, mas que é de uma aliada hoje dele, da Carla Machado, que governou lá oito anos e continuou com a sua sucessora, que é a Carla Caputi... São João da Barra fornece benefício social a 30% da sua população, e o mesmo dado que ele tem de extrema pobreza em Campos eu posso falar de SJB, que alcança 48%. Ou seja, metade da população de lá vive na extrema pobreza. Então, professor Jefferson, vamos conseguir entender onde é que está o problema (...)Então, eu tenho muito carinho por ele, muito respeito por ele, pelo irmão dele também, pelo Zé Alves, mas a gente precisa falar algumas verdades, até para que melhore o nível do debate e que a gente fique nesse campo de ideias, nesse campo de dados, de números, de propostas para a cidade. Eu, por exemplo, tenho muito orgulho de ter transformado a secretaria de Educação de Campos em secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. Nossos alunos da rede pública estão tendo aula de robótica. Quando seria possível isso em Campos? Eu não tenho a menor dúvida de que, na prova do Ideb agora, nós vamos melhorar. Sabe por quê? Porque eu tenho confiança na equipe que está lá. O professor Marcelo Feres, inclusive, é do IFF, é colega do Jeferson.
Homem de confiança — Frederico Paes é o meu candidato na reeleição a vice. Eu não abro mão disso, a não ser que ele não queira. Aí é uma decisão pessoal dele. Eu tenho amizade, eu tenho confiança nele. Frederico é uma pessoa muito correta. Então, eu não abro mão dele como vice, a não ser que ele não queira. É uma chapa que deu certo, é um governo que está dando certo, e ele tem muita responsabilidade nisso. É uma pessoa que esteve comigo nos meus momentos de dificuldade, nos meus momentos de incerteza. Então, eu tenho muito carinho por ele, acho ele um excelente gestor, me ajudou muito na área da Saúde, principalmente nessa questão dos hospitais, de mudança de fluxo interno nos hospitais para acabar com filas intermináveis, para acabar com corredores intermináveis; na Agricultura, em que Campos está tendo o maior investimento da sua história agora. Ele me ajuda muito. E do ponto de vista pessoal, é um cara que me dá confiança. Você ter um vice que trabalha contra você é muito ruim, e não é o caso de Frederico. Muito pelo contrário, Frederico é um cara que me dá muita segurança. Eu tenho um carinho muito grande por ele. Até porque, nós somos amigos de antes da política. Então, eu não abro mão dele.
Player importante para 2026 — Eu não quero falar de 2026. Realmente, eu estou preocupado em vencer a eleição. Tenho um compromisso com a minha cidade. “Ah, Wladimir vai se tornar um player importante”. Eu posso ser player sem compor chapa. Então, em primeiro lugar, eu tenho compromisso com a minha cidade. Se eu for reeleito bem, no primeiro turno, vai ter diversas obras que ainda vão ficar por entregar. Talvez eu queira entregá-las, talvez eu não precise ser candidato a nada em 2026. Tudo isso é conjuntura, tudo isso é momento. Como é que nós vamos chegar lá? Nós vamos chegar a 2026 bem? Qual vai ser o cenário? Eu não sei ainda. Então, eu, literalmente, só miro 2024. Quero vencer a eleição e quero vencer bem, porque trabalho para isso.
Nominata junto com os Bacellar — Depende. Isso é dito se eles me apoiarem. Se houver apoio declarado, eu ajudo a montar. Se não houver apoio declarado, eu não posso ter compromisso. Tenho que ter compromisso com quem está comigo, isso é um fato. Eu tenho compromisso com os meus vereadores, da minha base. Isso eu não abro mão: de montar nominatas competitivas para todos, de dar condições a todos de se reelegerem. Agora, se numa composição partidária e política houver partidos importantes para me apoiar, por que não vou ajudá-los a montar? Vamos ajudar, mas eu preciso ter o apoio deles. Não adianta achar que vai ou lançar candidato ou correr sozinho que vai ter a minha ajuda, porque aí também eu seria um louco. Isso não faz parte da política. Mas, nós estamos trabalhando para isso. Eu não estou me dedicando a isso ainda, porque não adianta se dedicar agora, você só sabe a regra eleitoral um ano antes da eleição. A regra eleitoral vai ser decidida em outubro. Então, quando eu souber qual será a regra, eu vou me dedicar a estudar um pouco a regra para começar a montagem dos partidos. Mas, nós iremos lançar de cinco a seis chapas de vereador completas, com uma perspectiva muito boa de fazer um número grande de vereadores. E repito: os que estão comigo terão uma nominata forte, que os dê condição de reeleição. O governo não garante a eleição de ninguém, o governo ajuda e garante competitividade. Vai depender de cada um fazer o seu trabalho.
“Fazendo mais com menos” — É o que eu ouço das pessoas, do meio político. Por quê? Porque eu me dedico muito mesmo. Eu sou um acelerado, porque eu acho que a política tem um tempo. Eu tenho quatro anos. Se eu vou ter mais quatro ou não, depende de Deus e do povo. Já passaram dois anos e meio, sendo que em um ano eu só fiquei combatendo pandemia, eu não trabalhei. Foi um ano combatendo pandemia, comprando remédio, abrindo leito, cuidando de gente para não morrer. Eu tenho efetivamente, de gestão, um ano e meio. Eu acho que eu consegui, em um ano e meio, fazer muita coisa, entregar muita coisa, o que não era talvez esperado pela população, pela dificuldade que Campos tinha. Dificuldade histórica, que veio do final do governo Rosinha e do governo Rafael inteiro. Eu consegui entregar muito! Não são dois anos e meio, é um ano e meio, porque um ano foi só pandemia. A gente conseguiu entregar, conseguiu realizar. Tem muito mais coisa por vir, muito mais obra por vir. Estou licitando um monte de obra agora, estou nessa perspectiva com o Governo do Estado. Então, eu acho que a cidade está vendo, a economia está vendo. O dinheiro está circulando, o comércio está vendendo mais, está empregando mais. São dados oficiais do Caged: Campos está empregando como nunca empregou nos últimos tempos. A cidade está empregando, não é a Prefeitura.

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