Cana na região tem Eike Batista de olho
Dora Paula Paes - Atualizado em 15/06/2024 12:51
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Na corrida bioenergética no Brasil, o norte fluminense ainda engatinha, quando comparado ao Espírito Santo, apesar de todo potencial para essa fonte de energia. Porém, não significa falta de ação. A Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), em Campos, começa a testar novas variedades de cana-de-açúcar. Duas delas apresentam resistência ao solo mais seco e com mais fibra ideal para a produção da biomassa. Atento ao filão, o empresário Eike Batista, que viu potencial em São João da Barra para a instalação do Porto do Açu, também estaria articulando um novo projeto com foco na ampliação da produção de etanol no município.

No dia 25 de junho, a Coagro promove o “Dia de Campo”. O evento começa com palestras e, logo depois, os cooperados serão levados a conhecer as novas variedades de cana que estão em teste. A primeira palestra será sobre “Variedade de cana rústica para a região”; a segunda, “Melhoramento genético da cana-de-açúcar “, às 9h10.

- O intuito do Dia de Campo é trazer essa variedade de cana da primeira palestra, que é uma cana com menos sacarose e mais fibra. Uma variedade, que pode ser ideal para a região. Ela também é mais resistente à seca. Já estamos com um experimento com a variedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Neste caso, são canas mais novas, também resistentes à seca, com um volume de sacarose maior. Algumas dessas variedades, a Coagro vai distribuir para seus cooperados. Estamos entrando na fase de trazer novas tecnologias, no nosso caso, é trazer novas variedades de cana. O Espírito Santo, hoje, está na nossa frente em relação às variedades de cana - disse o presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Tito Inojosa.
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Projeto do Eike - Quanto ao projeto do Eike Batista, em maio, os jornais O Dia e o Jornal da Cana divulgaram que o macro-empresário articula um projeto com foco no aumento da produção de etanol. Campos seria a preferência anunciada por ele. O objetivo de Eike é introduzir uma nova variedade de cana-de-açúcar com potencial produtivo triplicado; além de agregar ao bagaço da cana-de-açúcar, subproduto tradicionalmente subaproveitado. A opção por Campos, no caso, seria resultado de pesquisa. A mesma sondagem foi realizada no interior de São Paulo, mas Campos se destacou.

Embora o projeto ainda não tenha sido oficialmente anunciado, Eike está buscando formas inovadoras de produzir etanol em larga escala, contribuindo para a busca por fontes de energia mais sustentáveis, uma preocupação crescente em muitos setores. Ao Jornal da Cana, Ranulfo Vidigal, diretor de Indicadores Econômicos da Secretaria de Desenvolvimento de Campos, informou que o valor adicionado gerado pela agroindústria em Campos já supera um bilhão de reais anualmente e, acredita que a entrada de novos investimentos pode dobrar esse valor.
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Safra tem produção de 2 bilhões de toneladas
Com uma área territorial de mais de quatro mil quilômetros quadrados e uma população de cerca de 500 mil habitantes, Campos é o maior produtor de cana-de-açúcar no estado do Rio de Janeiro, com uma média anual de 2 milhões de toneladas. No momento, as duas principais usinas do município iniciam a moagem da safra de cana-de-açúcar 2024/2025. A Nova Canabrava iniciou em maio e, agora, em junho, a Coagro, que tem a maior capacidade industrial da região.

Essa temporada chega com otimismo, com o setor apostando em um aumento de 10% na quantidade de cana a ser moída, em comparação com a safra passada, o que corresponde a um acréscimo de 200 mil toneladas. Somente a Coagro espera moer, nesta safra, cerca de 1 milhão de toneladas de cana, o que corresponde a um aumento de 15%, em relação à temporada anterior. “Faremos uma safra mais açucareira, já que o açúcar está remunerando melhor do que o etanol. A previsão de faturamento bruto é de R$ 350 milhões para esta safra”, ressaltou o presidente da Coagro, Frederico Paes.

A nova safra está sendo favorecida pelos períodos de chuva na região, embora a Baixada Campista tenha sofrido perdas com os alagamentos.

— Houve uma quebra de safra em uma parte da Baixada, devido à chuva forte que caiu no final de março, quando choveu mais de 400 milímetros em apenas três dias. Mas, o peso da Baixada na produção de cana, hoje, é pequeno. A cana vem mais de São Francisco, de Travessão, das áreas do grupo Othon que a Coagro arrendou. No ano passado, a cana seca deu um rendimento industrial e agrícola baixo. Neste ano, nós devemos ter um rendimento agrícola bem melhor, da mesma forma, um rendimento industrial, melhorando muito o resultado final — afirmou Tito Inojosa.

Última safra — Em 2023, a moagem da produção da cana-de-açúcar começou em maio e foi encerrada em meados de novembro, contabilizando cerca de 2 milhões de toneladas de cana esmagadas, mantendo o mesmo patamar da produção anterior. No início da safra, havia uma previsão de queda de até 10%, diante das condições do tempo, marcado pela seca em alguns períodos e muita chuva em outros. O volume de cana produzido na região no ano passado foi repartido para quatro parques fabris em operação: Coagro, Canabrava, Agrisa, em Cabo Frio, e Paineiras, no Espírito Santo. A usina Paraíso ainda não entrou em operação.

Em números, a Coagro-Unidade Sapucaia moeu 871 mil toneladas de cana, com uma produção de 681 mil sacas de açúcar e 41 milhões de litros de etanol. Com grande número de associados, a Coagro tem, nos últimos anos, esmagado a maior fatia na região.
 

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