Campos tem queda no número de pessoas vivendo em favelas
Na contramão da tendência nacional, Campos registra uma queda de 13,9% no número de pessoas vivendo em favelas e comunidades urbanas, passando de 15.777, no Censo 2010, para 13.589, no Censo 2022. No Brasil, são 16,4 milhões de pessoas morando em favelas, número 43% maior que o apontado pelo Censo há 12 anos. Já o número de favelas cresceu 95% no país, nesses 12 anos.
— Eu posso dizer que as políticas públicas de assistência, urbanização de áreas periféricas e o aquecimento da economia da cidade estão dando resultado. Não fosse o período de pandemia e o fracasso da gestão anterior, os dados estariam ainda melhores — afirma o prefeito Wladimir Garotinho.
De acordo com a secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, a queda sinaliza que, a cada geração, o padrão de vida do campista vem melhorando, com o crescimento do emprego e da renda e as políticas sociais ativas.
Assistente social e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos, Érica Almeida afirma que já era esperada uma redução no número de pessoas vivendo em favelas e comunidades urbanas, em função das remoções totais e parciais realizadas, em especial, pelo Programa Morar Feliz.
— O número é menor, mas parece que ainda é muito alto. E temos que estar atentos às condições de vida dessas pessoas que continuam a morar nas favelas e comunidades urbanas. E pensar nos demais indicadores. A maioria é de negros, o que coloca certa persistência do racismo estrutural e institucional, além de pessoas de menor escolaridade, que têm menos acesso aos serviços públicos. Então, isso tudo contribui para uma vida mais precária. Outra questão são as pessoas que retornam para as áreas de ocupação, devido, sobretudo, aos conflitos, à violência, mas também pela dificuldade no acesso, sobretudo da mobilidade — destaca a professora.
Érica destaca, ainda, que é preciso pensar na segurança dessas famílias, investir em serviços, equipamentos públicos, de educação, saúde e cultura, além de abordar de forma coletiva a questão da regularização fundiária e da gestão desses espaços, já que, segundo ela, a posse não significa transformar a casa em mercadoria para obter renda.
— Wladimir teve uma votação no primeiro turno muito significativa, o que, de certa forma, mostra a confiança da população no seu próximo governo, no que se refere à melhoria das condições de vida dessas pessoas e à superação de um racismo tradicional, mas será um desafio a essa nova gestão — disse.
Cenário nacional — O Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontrou 12.348 favelas e comunidades urbanas no Brasil, onde vivem 16.390.815 pessoas, o que equivale a 8,1% da população do país. Em 2010, foram identificadas 6.329 favelas e comunidades urbanas, onde residiam 11.425.644 pessoas, ou 6% da população brasileira.
De acordo com os dados mais recentes, as comunidades estão distribuídas em 656 municípios, um aumento de 103% em comparação com 2010, período em que 323 cidades tinham comunidades mapeadas. As Unidades da Federação com as maiores proporções de sua população residindo em favelas e comunidades urbanas são Amazonas (34,7%), Amapá (24,4%) e Pará (18,8%).
Entre as 20 favelas e comunidades urbanas mais populosas do país, oito estão na Região Norte e seis delas no município de Manaus (AM). Outras sete estão no Sudeste, quatro no Nordeste e somente uma (Sol Nascente) no Centro--Oeste. A favela mais populosa do país é a Rocinha, no Rio de Janeiro, com 72.021 moradores.