Edgar Vianna de Andrade - Novo filme distópico
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 12/03/2025 08:00
Reprodução
Assim como utopia significa um mundo melhor ou perfeito, distopia significa um mundo pior. Atualmente, os problemas sociais, políticos e ambientais constituem terreno fértil para distopias. Joon-Ho, cineasta sul-coreano que bombou com “Parasita”, em 2019, ganhando quatro Oscars (melhor filme internacional, melhor diretor, melhor roteiro original e melhor filme), volta agora com “Mickey 17”, produção estadunidense, baseada em livro do mesmo nome escrito por Edward Ashton e publicado em 2022.

Trata-se de ficção científica com caráter apocalíptico, como costumam ser as distopias. O filme tem todos os ingredientes para obter um bom resultado. Está colado a muitos aspectos da realidade atual. A vida na Terra não se tornou inviável, mas as condições socioambientais pioraram. Um milionário que mistura grande fortuna (como Ellon Musk) e fundamentalismo religioso (como pastores enfurecidos) recorre à mais sofisticada tecnologia para colonizar um planeta. Os colonos são pessoas que não conseguiram se inserir na sociedade estadunidense, presume-se. A inteligência artificial está presente de forma negativa. Com essa tecnologia, foi possível escanear a constituição genética e cerebral das pessoas para replicá-las e recriá-las caso morram, sendo, assim, possível recriá-las.

Essas pessoas descartáveis e recriáveis existem para realizar missões perigosas. Uma delas, é Mickey, homem que carrega sentimento de culpa pela morte da mãe e uma história de fracassos. Ele concorda em ser replicável. Morre e é recriado 17 vezes. Cada réplica não é exatamente como a anterior, mas fundamentalmente é a mesma. O projeto colonial é comandado pelo personagem de Mark Ruffalo. Trata-se de um bilionário reacionário que posa de líder religioso. É racista. Entre os passageiros, alguns foram escolhidos pela sua “pureza” racial branca para reprodução e colonização do planeta escolhido. Há negros e orientais ocupando cargos indispensáveis ao sucesso do empreendimento, mas descartados do trabalho reprodutor.

A versão 17 de Mickey apaixona-se por uma policial negra. O sexo ardente é uma compensação para os não-escolhidos. Mas Mickey 17 é enviado a uma missão mortal no novo planeta depois de morrer contraindo virose e voltar para travar contato com os nativos. Com o aspecto de tardígrados e de grandes tatus, certamente (pensa a elite racista que comanda o empreendimento) são animais selvagens que devem ser exterminados.

Contando que Mickey 17 seja devorado por eles, uma réplica sua é produzida. Mas os nativos são mais poderosos e inteligentes que os terráqueos e poupam a cobaia humana. Voltando à nave, Mickey 17 encontra o Mickey 18. Os dois passam a disputar a mesma mulher, que deseja ficar com os dois. Uma segunda mulher – escolhida para ser reprodutora – deseja o Mickey 17. O filme, então, começa a desandar. A tripulação se divide entre bons e maus. Os bons vencem, entram em acordo com os nativos e iniciam uma nova vida. A distopia se transformará em utopia?

Os ingredientes são bons para um filme. O resultado, porém, não nos leva a aplaudir o filme de pé.

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