Exilada, Capitu expõe entrelinhas da sua trajetória em nova peça de Arlete Sendra
Enaltecida pela classe artística e pela imprensa campista por conta da trilogia “O Avesso da Mulher” e do monólogo “Memórias de Sancho Pança - O fiel escudeiro de Dom Quixote de La Mancha”, a escritora Arlete Sendra voltou a mergulhar no universo teatral. Desta vez, escrevendo o espetáculo “Diários de uma intimidade aberta - Capitu em exílio”, que estreará no próximo fim de semana. Dirigida por Fernando Rossi, a peça será exibida no Teatro de Bolso Procópio Ferreira, sexta-feira (20), sábado (21) e domingo (22), sempre às 20h. Ingressos à venda a R$ 40, pelo site megabilheteria.com, com meia-entrada a R$ 20. Também haverá comercialização na bilheteria do teatro.
Personagem do livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, Capitu é tida pelos leitores como um grande enigma. Afinal, traiu ou não o marido? Essa polêmica literária motivou Arlete Sendra a escrever “Traídas e traidoras, somos todas Capitus”, segundo espetáculo de uma trilogia também composta por “Eu fui Macabea” e “Diadorim, o ser em labirinto”. Lançado em 2019, aquele texto funcionou como um desabafo da esposa de Bentinho. Agora, em “Diário de uma intimidade aberta - Capitu em exílio”, a personagem mantém o protagonismo adquirido, mas o transforma numa espécie de “desmascaramento” das entrelinhas.
— Capitu vem sendo, secularmente, lida pelo olhar de Bentinho e Machado de Assis, do século XIX — afirma Arlete. — A Capitu que está em “Dom Casmurro” está em “Diários de uma intimidade aberta”, abrindo-se e aberta para a vida. Estes “diários” trazem a mulher contando seus desejos, seus não-pudores por Bentinho nunca satisfeitos. Traz as inquietações de um corpo que se quer ticado, explorado, amado. Traz o corpo em pulsão, em desejos. Capitu conta como lhe era imposto viver; conta do “presente” que sonhava dar a Bentinho. Capitu conta o que por amor fizera; o que por amor vivera. Houve traição? Quando a causa é o amor, há traição? Qual é o preço do amor? — questiona a autora.
Diretor de todas as montagens dos textos de Arlete, o respeitado Fernando Rossi mais uma vez foi o escolhido para realizar o espetáculo. Desta vez, ele dirige a atriz Liana Velasco, responsável por revelar detalhes e refazer o caminho da existência de Capitu.
— “Diários de uma intimidade aberta” mostra a clássica personagem de Machado de Assis em exílio na Suíça. É mais uma parceria com Arlete Sendra, que é uma grande inspiração — comenta Fernando Rossi, que no final de setembro recebeu o Prêmio Alberto Lamego, maior honraria da cultura em Campos. — Essa apresentação seria uma segunda fase da Capitu, que abre surpreendentemente a sua intimidade. É sempre muito desafiador traduzir em cenas o universo das palavras de Arlete. Como sou movido por desafios, me jogo sempre. E a grande atriz Liana Velasco, com sua potência, apresenta um Capitu inesquecível — finaliza o diretor.
A ficha técnica do monólogo também conta com cenografia de Vanderlei Machado e Alessandro C. Silva. Marco Antônio Almeida assina o trabalho de luz, com Nathan Silva atuando na projeção, Rodri Mendes na assistência de direção e som, e Fábio Guilherme no apoio de produção.