Do entrosamento do secretariado ao fim da pacificação
- Atualizado em 11/10/2023 09:30
Ponto Final
Ponto Final / Ilustração
A um ano das eleições
Em uma demonstração clara de que já previa os momentos de turbulência que vai viver na Câmara com o fim da pacificação, decretado oficialmente na sessão dessa terça-feira (como mostra a página 2 desta edição), o prefeito Wladimir Garotinho (PP) fez uma reunião no fim de semana com todo o secretariado para pedir empenho e o pé no acelerador, mesmo que pesquisas coloquem o governo com avaliações positivas que passam de 70% e apontem uma possível reeleição dele no primeiro turno. O objetivo foi também afastar o discurso de “já ganhou” e buscar um entrosamento cada vez maior da sua equipe, a um ano das eleições de 2024.
“Momento de reflexão”
O encontro no último sábado (7), durante um almoço em um espaço da Coagro, contou também com a participação da primeira-dama Tassiana Oliveira e do vice-prefeito Frederico Paes (MDB). “Reunimos os secretários e subsecretários para um momento de reflexão e ajustes do nosso governo. Somos um time! Precisamos sempre estar em sintonia para que os serviços melhorem cada vez mais em benefício da população. Entre erros e acertos, temos transformado nossa Campos em um lugar melhor para se viver. Acredite na sua cidade! Vamos em frente”, escreveu o prefeito em sua rede social.
Entrosamento
O encontro teve como um dos organizadores o chefe de gabinete do prefeito, o ex-vereador Thiago Ferrugem (União), que, desde fevereiro deste ano, quando assumiu a função, vinha recebendo pedidos dos secretários e subs para que eles pudessem ter todos juntos esse momento de interação. “O prefeito interage muito bem com o seu secretariado, mas muitas vezes a dificuldade está nesse contato de um secretário com o outro. Não basta só ter um bom time, é preciso ter um bom entrosamento entre os jogadores. Durante o encontro, eu mesmo fiz ponte entre um secretário que não conhecia pessoalmente o outro”, destacou Ferrugem.
Grupo
O prefeito fez um rápido discurso para o estafe em um momento em que todos deram as mãos em uma corrente de união. Por mais que as eleições não fossem o assunto principal do encontro, a pauta não deixou de fazer parte das rodas de conversa. “Claro que se trata de um grupo político, mas a proposta é mesmo manter o governo trabalhando com o empenho de todos”, afirmou Ferrugem, salientando que também estavam presentes os secretários que são ligados a vereadores do grupo oposição/“independentes” e que estão no governo dentro do acordo de pacificação entre os Bacellar e Garotinhos, como o de Turismo, Hans Muylaert, e o de Qualificação, Robinho Pedala.
Cobrança
Pelo que ficou demonstrado na sessão dessa terça-feira da Câmara, no que depender dos vereadores da base, os nomes acima citados e de outras dezenas de indicados no governo Wladimir por alguns vereadores que compõem o grupo oposição/“independentes” terão que ser exonerados. O vice-líder do governo, Juninho Virgílio (União), cobrou isso publicamente do prefeito após o presidente da Câmara de Campos, Marquinho Bacellar (SD) confirmar o fim da pacificação, alegando falta de diálogo por parte do prefeito e seu governo. Irmão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), Marquinho disse que teve aval da capital para o fim do acordo, que já rendeu a abertura de uma CPI na Educação municipal.
Retrocesso
A Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara Federal aprovou, nessa terça-feira (10), um projeto que tem o objetivo de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A votação teve resultado de 12 votos a 5 e o texto segue para as comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O relator, deputado Pastor Eurico (PL-PE), apresentou o parecer final, mantendo redação que proíbe o casamento homoafetivo. Contudo, o texto provocou reação de parlamentares governistas e protestos dos presentes à sessão.
Revolta
O assunto logo causou reações também fora da Câmara dos Deputados. Em Campos, uma das primeiras a se manifestar foi a assistente social Fátima Castro, que há anos luta pelo fim do preconceito contra a população LBTQIA+. “Recebo esta notícia com tristeza e revolta por saber o retrocesso, em pleno 2023, depois de ter conquistado o direito constitucional da união das pessoas do mesmo sexo. Tantas coisas mais importantes para resolver neste país, fome, saúde, Amazônia na seca, o Sul debaixo d’água, educação, violência, e os parlamentares hipocritamente vêm com um discurso falido, preconceituoso, onde negam o direito de duas pessoas que se amam serem felizes”, desabafou.
“Intolerância”
Para Fátima Castro, o que a Comissão fez ao aprovar a proibição do casamento homoafetivo foi confundir a Bíblia e o falso moralismo com a Constituição. “O mundo se acabando em guerra e o Brasil trazendo à pauta uma questão que já foi exaustivamente discutida. Perdendo assim tantos outros direitos que este casamento traz. Tenho certeza que isso será revisto porque não cabe mais no atual cenário um absurdo desses. Pensar que por trás de todas essas falas há tanto ódio e intolerância”, se indignou Fátima, que é presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, entidade destinada ao acolhimento e tratamento de pessoas que vivem com HIV.

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    Rodrigo Gonçalves

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