Na decisão, o desembargador destaca que foi observado o amplo direito no processo aberto pela Mesa e que a decisão liminar anterior estava interferindo na harmonia entre os três Poderes.
“Inquestionável a interferência pela decisão liminar no desempenho da atividade parlamentar pelo óbice da Câmara Municipal concluir procedimento administrativo sobre a atuação de vereadores aos quais foi oportunizado o contraditório e a ampla defesa, conforme se verifica da documentação acostada aos autos”, disse Maldonado de Carvalho, que prosseguiu criticando a decisão de primeira instância do juiz Glicério Angioli, da 2ª Vara Cível de Campos:
“O Poder Legislativo não deve ser impedido de apreciar questão interna corporis, ligada direta e imediatamente com a natureza interna da corporação Municipal, reservada exclusivamente a apreciação e deliberação ao Plenário da Câmara. Neste sentido é a jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça”.
O juiz Glicério Angioli concedeu a liminar em 4 de maio para suspender os processos administrativos que poderiam culminar na perda dos mandatos dos 13 vereadores de oposição.
A atual Mesa Diretora abriu os processos alegando que os vereadores da oposição faltaram a pelo menos cinco sessões dentro do mês de março, o que feriria o artigo 14 da Lei Orgânica do município. O magistrado, seguindo parecer do Ministério Público, apontou a inconstitucionalidade da lei que dá base aos processos administrativos. Para o magistrado, na decisão revogada, “a perda de mandato legislativo deve seguir regramento nacional”. Assim, entendeu que a não concessão da tutela de urgência neste caso colocaria em risco os mandatos dos vereadores.
Polêmica da Mesa — A eleição da Mesa Diretora da Câmara teve início no dia 15 de fevereiro. Fábio Ribeiro tinha um documento assinado por mais 12 vereadores, que o apoiariam à reeleição. O número era o suficiente para garantir a vitória. Porém, no plenário, o vereador Maicon Cruz (PSC), que assinou com Fábio, votou em Marquinho, assegurando a vitória do líder de oposição. O resultado chegou a ser proclamado. Porém, no dia seguinte, Fábio anunciou que a votação estava suspensa e, posteriormente, a Mesa anulou a votação. O episódio abriu uma das maiores polêmicas no Legislativo goitacá, que se arrasta até hoje.
Por outro lado, a Mesa Diretora deu início aos processos administrativos contra o grupo dos 13, indeferindo as justificativas dos vereadores de oposição, abrindo espaço para ampla defesa. Os vereadores voltaram a comparecer às sessões, marcadas por muita confusão, e entraram novamente na Justiça, pedido a suspensão dos processos de cassação — que foi a liminar deferida na Justiça de Campos, agora derrubada pelo TJ.