Felipe Manhães: A cúpula do G20 no Rio, na prática
O Rio de Janeiro sediou, esta semana, a reunião de cúpula do G20, um fórum global que reúne as principais economias do mundo, formado por 19 países e a União Européia.
A reunião foi feita no Rio, pois o Brasil ocupou, neste ano, a presidência do grupo, que é rotativa, e o foco da gestão brasileira foi, basicamente, a sustentabilidade e o combate à fome.
A reunião foi feita no Rio, pois o Brasil ocupou, neste ano, a presidência do grupo, que é rotativa, e o foco da gestão brasileira foi, basicamente, a sustentabilidade e o combate à fome.
A recepção dos principais líderes mundiais foi muito bem feita, não só pela estrutura, belíssima, no MAM, mas pelo jeito acolhedor brasileiro e, além disso, foi no Rio de Janeiro, o que, por si só, já agrada os visitantes.
Nós, que vivemos por aqui, já estamos acostumados, mas para o mundo, o Rio de Janeiro é um lugar incrível. Sabemos dos problemas, com a insegurança no topo deles, mas isso não apaga, nem pode apagar, o que o Rio tem de melhor, e são muitas coisas.
É bem verdade que, no que diz respeito ao tema e aos objetivos de reuniões como essa, ficamos sempre com a sensação de que desse mato nunca sai cachorro. Ouvimos discursos lidos, frases feitas sobre cooperação internacional, mais ajuda, mais dinheiro, mais investimento, menos CO?, mas, no fim das contas, alguém já ouviu falar que centenas de mudas de árvores foram plantadas na Amazônia, ou em qualquer lugar que seja, com o dinheiro doado pelos EUA? Alguém já ouviu falar que os bilhões, repito, bilhões de dólares que a Noruega — país que mais doa para o fundo amazônico — foram usados para comprar aviões que apagam incêndios, ou para comprar satélites de monitoramento, ou para contratar brigadistas?
Será que esses bilhões de dólares doados por diversos países não conseguem diminuir o desmatamento, as queimadas e, principalmente, ajudar na recuperação da mata? Certo é que raramente ouvimos falar de um resultado prático dessas reuniões, acordos, e de todo esse dinheiro.
Apesar dessas questões, eventos como esse do G20 trazem alguns benefícios para os brasileiros, que podemos observar na prática, e de forma imediata.
A presença de chefes de estado, artistas e grandes empresários no Brasil é excelente. Isso atrai os olhos do mundo pra cá, e com eles, investimento, turistas, negócios, credibilidade.
Infelizmente, o êxito completo do evento não foi alcançado graças à intromissão da esposa do presidente que se meteu onde não devia, para aparecer, sabe-se lá por qual razão, e falou muita besteira, demonstrando não ter a menor noção de diplomacia, relações internacionais e as consequências do que diz.
Mas, de saldo positivo, destaca-se o turismo, que certamente será alavancado no Rio e no Brasil com a reunião do G20, e isso impacta o comércio, os hotéis, os restaurantes, o transporte, enfim, gira a economia, e com dinheiro de fora.
Na noite do domingo, dia 17, o presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa, Brigitte Macron, surpreenderam a todos ao caminharem pelo calçadão de uma das praias mais famosas do planeta, nossa Copacabana. As imagens rodaram o mundo e, certamente, franceses e pessoas de outras nacionalidades virão pra cá depois de ver essas cenas.
Apenas para exemplificar o que pode acontecer com um lugar com a simples presença de uma determinada pessoa, todos nós sabemos o que aconteceu com uma pequena vila de pescadores na década de 60 quando uma outra Brigitte, também francesa, passeou por lá.
Outra cena que chamou a atenção foi o primeiro-ministro da Noruega vestido de garçom servindo bolinho de bacalhau em um bar em Santa Teresa. Alguém tem dúvida que as visitas dos turistas vão aumentar depois disso?
A filha e a neta do presidente americano, Joe Biden, vieram com ele e visitaram a floresta amazônica. As esposas de vários chefes de Estado também vieram ao Brasil, o que não é muito comum em agendas internacionais das autoridades.
Isso demonstra que o mundo admira e ainda tem muita curiosidade no Brasil, um país que sempre passou a imagem de ser um lugar paradisíaco, agradável, tropical, onde todos são felizes, mesmo com as adversidades. Um destino turístico que todos querem ir.
Nossa imprensa precisa parar de mostrar apenas o lado ruim do Rio, para nós e para o mundo. Isso não vai contribuir em nada para a solução do problema, apenas vai afastar os turistas e prejudicar a economia e a imagem do país.
Temos que aproveitar essa visibilidade para crescer, melhorar e refletir sobre quem somos e quem queremos ser.
*Felipe Manhães é advogado