Danilo Barreto: 'Vou continuar sendo a voz de São João da Barra'
Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 27/11/2024 07:44
Danilo Barreto
Danilo Barreto / Reprodução
Ex-candidato a prefeito de São João da Barra pela oposição, Danilo Barreto (Novo) foi o entrevistado do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, dessa terça-feira (26). Ele destacou que sai das urnas com uma vitória política, diante da campanha realizada com poucos recursos, conforme ele mesmo salientou. Na eleição do dia 6 de outubro, Danilo conquistou 7.351 votos (22,24%) contra 25.695 votos (77,76%) da prefeita reeleita Carla Caputi (União). Ele ressaltou que o mais importante para sua campanha foi a admiração das pessoas e garantiu que esse é só o começo, pois o trabalho pela cidade irá seguir, assim como ele continuará sendo “a voz de São João da Barra”. O ex-candidato não descartou a possibilidade de disputar as eleições de 2026, podendo concorrer a deputado federal, e também a de 2028 em uma nova tentativa de se eleger prefeito de SJB. Sobre a eleição da Mesa Diretora da Câmara sanjoanense, Danilo diz acreditar que a vereadora reeleita Soninha Pereira (PT) saia na frente na disputa por estar ao lado da ex-prefeita de SJB e deputada estadual, Carla Machado (PT).
“Fui a voz de SJB” — “Acho que a liberdade que eu sempre falei durante a campanha, se trata exatamente disso, da gente conseguir cobrar, ter um pouquinho ainda de voz para cobrar o que de fato precisa ser cobrado e a gente fez o que era necessário para a cidade naquele momento. E eu fico muito feliz de ter sido voz do sanjoanense e dizer para todo mundo também que a gente vai continuar sendo voz. Foi só o início de um trabalho. Tenho 29 anos, sou novo, tem muita coisa pela frente, tem um caminho muito legal ser trilhado ainda. Aprendi demais. Eu acho que tem um antes e tem um depois dessa campanha”.
Campanha — “Foi uma campanha que a gente teve que dividir diversas funções. Eu fui o candidato, fui o coordenador da campanha, o gestor de nominata. Ao mesmo tempo, fui o marqueteiro. E acho que isso fala muito também para quem está ouvindo, porque uma coisa é a gente analisar os números sem saber o que aconteceu nos bastidores. E aí, quando a gente começa a olhar e ver o valor que a gente utilizou na campanha, comparar os dois valores. O que o partido conseguiu me enviar e o que o partido dela conseguiu enviar para ela, e a gente começa a analisar os fatos, a máquina, tudo que foi colocado à disposição das duas chapas, a gente vê que a votação foi uma votação muito expressiva. E daí que eu falo, e daí que vem exatamente a alegria, de uma vitória política, de ter me mantido firme no que eu acredito, de não ter trocado o discurso para estar numa conjuntura para me eleger. Permaneci firme no que eu acredito e vou continuar firme na defesa dos interesses, dos direitos do cidadão sanjoanense”.
Crescimento politico — “A gente saiu de 2% para mais de 20%, então por isso eu falo da vitória política. Aí tem gente falando ‘ah, mas está dentro dos 30% da oposição’, mas ninguém veio nas condições que eu vim. Então não me orgulho disso, mas foi uma decisão de última hora que acabou acarretando nessas condições. Não aconselho ninguém a vir sem equipe, sem recurso, porque não é nem dinheiro para fazer loucura. O dinheiro para ter mesmo uma equipe assessorando. É uma galera muito reduzida que ajudava. Nosso plano de governo, por exemplo, foi construído ouvindo as pessoas, mas tinha que ter uma equipe para ouvir essas pessoas, para planejar cada ponto E essa equipe se resume a cinco pessoas, então foi um trabalho muito árduo. Eu fico muito feliz de ter visto as pessoas trabalhando de forma voluntária, com exceção na reta final que teve uma galera trabalhando, bandeirando na rua, mas na campanha de fato não tinha ninguém que estava recebendo para estar lá com a gente”.
Trajetória — “E a gente não quer ver a cidade sendo entregue a qualquer pessoa, não quer ver qualquer pessoa liderando nosso futuro. Por isso que a gente continua, a gente está firme, a gente acredita que é só o começo de uma trajetória. Tem momentos que a gente tem que ter coragem e esse ano a gente não hesitou, a gente foi para cima, fez o que tinha que ser feito. Certamente acho que a cidade reconheceu esse esforço e vamos continuar firmes lutando por cada sanjoanense que precisa, que às vezes quer falar e não pode porque tem um familiar que trabalha na Prefeitura, porque tem algum tipo de benefício, tem medo de perder, tem medo de repressão. Então acho que foi uma vitória política muito importante para o futuro de São João da Barra. A gente olha para os últimos pleitos e a gente teve o caso de Carla Machado na oposição virando o jogo. Neco com muito recurso. E isso prova, que dinheiro não ganha eleição, mas é todo um contexto. E é preciso lembrar também que a gente não teve apoio direto de nenhum deputado, de ninguém de fora, e isso conta na política. O partido me auxiliou muito, mas não com recursos, o recurso foi para o básico, foi para fazer panfleto, para pagar um advogado, contador”.
Gestão x oposição — “É muito triste ver que uma cidade com tanto recurso, que podia já estar acelerando nesse sentido, vai ficar para trás, assim como municípios que recebem muito menos, e não fazem porque não tem recurso. É triste você saber que você tem recurso e não tem um governo preocupado com o que vai acontecer, com o dia de amanhã, próximas gerações. E é por isso que a gente tem que continuar o trabalho. É um trabalho muito importante de estar colocando essas questões em evidência. Até já recebi contato de pessoas que trabalham no governo, pedindo para que eu fizesse a reivindicação para ver se resolve a situação, porque as coisas estão funcionando no tranco em certos momentos. E daí a importância desse movimento da gente em 2024, porque se a oposição se fragmentou, era necessário alguém para fazer esse trabalho de arrumação na casa e a gente vai fazer isso a partir de agora. Mas a gente vai fazer esse trabalho de arrumar a oposição, de encontrar atores que estejam dispostos a fazer a diferença no município”.
Desempenho — “A gente tem que olhar para a questão do apoio político e cada um teve nas últimas eleições. Tem que olhar para a questão financeira também. Se a gente for falar dos candidatos de 2020, por exemplo, a gente teve o Eziel apoiado pelo grupo dos Dauaires. A gente teve o Márcio Nogueira, apoiado pelo senador Romário. Os demais candidatos, não tiveram esse apoio, mas a gente pode chamar atenção para esses dois primeiros que tiveram recursos e tiveram apoio político e ainda assim não fizeram uma votação assim, tão expressiva, baseado nesse apoio, nesse recurso financeiro. Se a gente tivesse tido esse apoio financeiro e esse apoio político, a gente teria sido muito melhor nessa eleição. Eu não tenho dúvidas disso, porque a gente ficou limitado. Tinha momentos que eu tinha que parar a campanha para resolver problema administrativo. Então foi uma campanha na raça, com muita força de vontade, com poucos recursos, mas fazendo que tinha que ser feito”.
Resultado — “Foi muito importante para nossa campanha também, admiração das pessoas aconteceu. E eu acho que isso é o mais importante, sair da campanha com a admiração das pessoas. Acho que esse é o ponto principal do nosso movimento em 2024 e a gente vai continuar trabalhando pela cidade. É só o começo, tem muita coisa para a gente viver ainda, para a gente cobrar pela população. Em 2020, a gente fez uma campanha sem recursos e só não entrou por questão de nominata também. A votação foi boa também. Em 2024 a gente perde a eleição novamente, mas sai com uma vitória política muito legal, porque tive voto em todas as urnas do município, em locais que eu não tinha tanto contato. Eu segurei um pouco de falar das coisas que eu costumo fazer no meu dia a dia pela cidade, os projetos que eu toco, as ações sociais que eu organizo. Eu segurei de falar um pouco para não dizer que eu faço só por conta da campanha e vou continuar fazendo, independente de ser político ou não, porque é algo que eu faço por gostar de fazer e faço desde que me entendo por gente, mesmo antes de pensar em estudar administração pública, de pensar entrar na política”.
Mesa Diretora — “Em São João da Barra, eu acredito que o apoio da Carla Machado, a deputada, vai pesar muito nessa decisão. Na minha opinião, quem define o futuro de São João da Barra politicamente é ela. A gente sabe como é que funciona o jogo. ‘Ah, mas tem um preferido de Carla Caputi’. Infelizmente não tem esse peso. A gente sabe muito bem que ela está ocupando o cargo por vontade de Carla Machado. Ela não tem construção política. Isso é importante a gente frisar. E na decisão de uma eleição importante, com uma eleição da mesa da Câmara de Vereadores, eu acho que vai pesar também essa questão política e o peso político da deputada. Então, na minha opinião, Soninha sai na frente nesse sentido, por estar do lado da ex-prefeita, da deputada. Não tem nada definido ainda, mas o que me parece pelo levantamento que eu fiz ontem. Eu liguei para um pessoal, liguei para alguns amigos, liguei para alguns amigos vereadores também. Tudo indica que vai ser a Soninha mesmo, pela quantidade de apoio que ela já conquistou”.
Avanço do mar — “O que me motivou a entrar na política foi exatamente o avanço do mar em Atafona. Em 2019, o principal braço da foz do Rio Paraíba se fechou e eu comecei a olhar para a classe política. É um problema complexo que começa a conversa lá em São Paulo, nessas transposições, a transposição para o Rio Guandu também, que foi enfraquecendo o rio e, naturalmente, pela ação da maré aqui na região, o mar foi avançando. Então é um problema muito complexo, mas tem que ter coragem para resolver. O que não dá é continuar da forma que está, realizando estudo, realizando estudo e postergando a solução. Ninguém tem a coragem de resolver. Pelo menos nos últimos governos, os estudos que fizeram ficaram na gaveta, nada foi feito. O principal fator é a economia pesqueira se acabando. Os pescadores estão começando a sair daqui, não faz sentido. Não tem um local adequado para o cara trazer o pescado, ele não tem a confiança de que ele vai conseguir entrar ou vai conseguir sair. Então precisava de uma atenção maior do poder público, não só pelo avanço do mar e a questão das casas, das nossas histórias, mas também pela economia pesqueira, que é importantíssima para São João da Barra”.
Partido — “Continuo no Novo, é um partido que abriu as portas, um partido muito sério. Talvez o único partido que está batendo de frente com essa falta de liberdade, com essa opressão que a gente tem vivido a nível nacional. E tem sentido na pele também. Essa semana o deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Marcel van Hattem, foi indiciado por ter criticado o delegado da Polícia Federal no plenário. A gente chegou num ponto absurdo. E é um partido que tem se comprometido com a causa da liberdade, que é um algo que eu tenho levado comigo também aqui na região. Em relação a 2026, o pessoal perguntava na campanha, você está vindo só para ser candidato a deputado depois. A minha intenção era São João da Barra nesse momento. Não estava pensando em campanha de 2026, eu queria transformar a cidade agora”.
Disposição — “O que eu posso dizer é que eu estou sempre à disposição da cidade, da região, eu quero ver essa região crescer. Eu sinto que a região Norte Fluminense, ela podia estar mais integrada. A gente tem aglomerados urbanos identificados pelo IBGE desde 2009 aqui na região, um alto fluxo de pessoas saindo para trabalhar e para estudar de Campos para Macaé, Macaé para Campos, Campos para São João da Barra, Campos para São Fidélis e vice-versa. E pouca conversa entre esses municípios, acho que os municípios tinham muito a ganhar se tivesse planejando de forma integrada, facilitando a vida dessas pessoas, que trabalham e estudam em municípios vizinhos aqui. E facilitando o desenvolvimento também, integrando as empresas, facilitando a logística. E eu estou à disposição da região, a disposição do Estado como um todo, da nossa cidade, de Campos também. É a cidade que eu que eu estudo, que eu trabalho há muito tempo, então tenho um carinho muito grande também”.
2026 — “A conversa com o partido Novo não é nem para deputado estadual não. Houve um início de uma conversa para deputado federal. Os dois (Carla Machado e Bruno Dauaire) provavelmente vão ser candidatos a deputado estadual. Se houver algum andamento, provavelmente vai ser para deputado federal pelo Novo. Então estou bem tranquilo em relação a isso. Acho que tem espaço para todo mundo também. A Carla, por exemplo, assim como o Bruno, eles tiveram mais votos em Campos do que em São João da Barra, mas ainda assim com uma expressão de votos muito grande lá em São João, tanto um quanto o outro. E a gente continua, independente dessa questão da quantidade de candidatos, a gente tem que estar ativo nessa próxima eleição. Não dá para deixar ela passar. Bruno hoje está fazendo um trabalho lá na Secretaria de Habitação no Estado, não está no cargo de deputado, mas ainda assim tem olhado para municípios do Estado do Rio que sempre foram esquecidos. Acredito que ele vai direcionar um pouco o olhar também agora para São João. A Carla também tem feito um trabalho aqui para a região, não foca só em São João, tem feito um trabalho também a nível estadual, mas independente dessa questão eu vou fazer o meu trabalho. Independente de A ou de B, eu vou fazer o meu trabalho. E com relação a Carla, eu tenho respeito, a pessoa dela tenho respeito, mas politicamente não consigo caminhar junto”.
Relação com Carla Caputi — “Eu tive uma conversa com ela em 2022 e, na conversa com ela a pergunta que eu fiz foi, ela pode confirmar aí, não me deixa mentir, se você vai ter condição de tirar os secretários que são ligados a Carla Machado. Porque ela fez um convite para a gente caminhar juntos. Na época, ela fez até uma doação para uma campanha que eu estava fazendo. E eu falei assim, a senhora vai ter condições de tirar os secretários ligados a Carla. E ela ‘quem sabe’. E não aconteceu, como eu imaginava, e foi isso que me impediu de estar lá. Porque a gente sabe muito bem como que é o comportamento político desse grupo. Se você não está com eles desde o início, naturalmente eles vão trabalhar para que você não cresça dentro daquele grupo. Estou falando de uma forma muito suave aqui para não falar de outra maneira. Então, eu não consigo estar num espaço que não respeita o cidadão, que não respeita o futuro da cidade, que está preocupado só com agora”.
2028 — “É muito cedo ainda para falar, assim como o meu trabalho de 2020 para 2024 não parou. E isso me deu a possibilidade de ser candidato a prefeito, porque não é só querer, tem que ter uma conjuntura. Você tem que estar fazendo um trabalho que as pessoas reconheçam, que as pessoas te enxerguem para o cargo. Se não, talvez não teria essa votação. Foram 22%, mas 22% de pessoas que acreditavam que eu podia fazer diferente e é um número considerável. Se eu não tivesse trabalhando pela cidade e me preparando para o cargo, talvez eu não teria nem metade desses votos. Então, para 2028, o que eu posso dizer para a cidade é que eu vou continuar me preparando”.

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