Wainer Teixeira: 'Cidade está cansada de brigas'
Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Mário Sérgio Junior - Atualizado em 23/10/2024 16:35
Wainer Teixeira no Folha no Ar
Wainer Teixeira no Folha no Ar / Folha da Manhã/Arquivo
Vereador eleito pelo PP com 5.148 votos, o professor Wainer Teixeira foi o entrevistado dessa terça-feira (22) do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3. Ele falou sobre a expectativa para a eleição da Mesa Diretora da Câmara de Campos no próximo ano e defendeu que o nome para a presidência do Legislativo deve sair de seu partido, que elegeu o maior número de parlamentares. Ele também fez um balanço sobre a atual gestão do prefeito Wladimir Garotinho (PP), ao qual foi secretário de Administração e Recursos Humanos até abril deste ano. Wainer comentou, ainda, sobre a especulação de ser nomeado secretário de Educação no próximo mandato de Wladimir e afirmou que está preparado para qualquer função que o prefeito designar a ele, porém sua vontade é exercer o seu mandato como vereador. Ele também ressaltou que o trem foi colocado no trilho novamente e que agora é hora de “dar velocidade ao trem”, dando sequência ao trabalho do governo.
Resultado das urnas — “Uma vitória que, como eu disse, me deixa muito feliz. E me deixa feliz também pela vitória do prefeito. Uma vitória já prevista em todas as pesquisas, mas quando ela se consuma, junto com ela, vem uma certeza de que as entregas que foram feitas foram corretas. Então, a minha alegria maior é de perceber esta correspondência com a expectativa do povo, com a expectativa da população. Uma vitória celebrada. Então, assim, esses dias todos, pós-eleição, eu me sinto profundamente comovido com as manifestações da cidade, das pessoas. Em todos os lugares que eu ando, eu percebo isso como uma verdade. O desejo que as pessoas têm de que mais pessoas tenham essa visão. Sou bem conservador. Eu ainda entendo que a política, a arte é a ciência do bem comum. Para mim, a política deve refletir sempre um desejo que cada um de nós, quando abraça, tem de servir à população. E é isso que eu percebi esses dias”
Perfil político — “É lógico que eu não sou marinheiro de primeira viagem. A viagem te faz experiente. Então, como não só fui candidato nas eleições de 2020, mas é bom lembrar que eu fui presidente do PHS por mais de 10 anos. Como presidente eu elegi três vereadores, como coordenador, um homem responsável por fazer a nominata. Então, eu vejo muito isso como conjunto da obra. Então, assim, a minha eleição, ela reflete um desejo verdadeiro da população de querer pessoas de bem na política, de querer pessoas que também se dediquem integralmente àquilo que está fazendo no momento que faz. E, fora isso, ter essa experiência. É como eu estou vendo esse momento”.
Dificuldades encontradas — “Eu comecei falando de entregas. Mas é preciso, antes das entregas, a gente entender o que aconteceu com a cidade. A nossa cidade, ela vinha desesperançada. Ela vinha, de certa forma, num apagão. Então, ninguém consegue viver em meio ao caos. Eu costumo dizer que nós somos vocacionados para a ordem, para a organização, para a convivência. Então, quando a coisa se torna muito caótica, todo mundo sofre muito. E eu sempre entendi também que o caos, quando acontece com regularidade, ele sempre interessa alguém. Então, quando você, em meio caótico, assume a gestão de uma cidade e começa a colocá-la em ordem, literalmente, um trem que estava descarrilhado, você começa a colocar ele efetivamente na linha para voltar a ter percurso. Foi o que aconteceu com a cidade. Os serviços, gradativamente. E eu não estou só falando de gestão anterior, estou falando também da pandemia. Foi um momento difícil. Então o prefeito soube, com muita maturidade, com muita paciência, mas também com visão pública, de ter a seu lado uma equipe séria. Pessoas que se dedicaram a esse trabalho, que não foi pouco. De voltar a dar esperança à população. De colocar o trem no trilho. De voltar a oferecer os serviços que foram interrompidos. De também, efetivamente, reaparelhar, com as ferramentas necessárias, o próprio município nesta prestação de serviço. E fundamentalmente, restituir os direitos daqueles que são pagos para isso, que são servidores públicos. Então, eu vejo assim, com muita maestria, o prefeito assumiu a sua posição de líder nesses três anos, que estão quase chegando a quatro, e a população soube visualizar isso, a população soube perceber isso”
Política de grupos — “Eu também sempre fui muito leal ao meu grupo. Sempre entendi que política a gente não faz sozinho. Política a gente faz em grupo e eu escolhi o meu. E me sinto muito feliz por isso. Então, essas entregas, essa coisa de organizar o caos. Nós ficamos muito marcados, não só a ausência do serviço, mas a ausência do serviço público no momento da pandemia foi muito traumático para a população. E é uma coisa que a gente ainda não tem noção, a gente não mensurou isso totalmente. E percebo que ele, com sua capacidade de trabalho, com sua capacidade de trabalho de líder, de liderança, de formar equipe, e, ao mesmo tempo, com seu carisma. Porque você precisa de ter uma equipe interna para poder se dedicar externamente. Nós somos realmente um grupo dentro da Prefeitura. O prefeito nos lidera. Então, ele pôde ir para a rua sabendo o tempo todo que tinha uma equipe”
Trem nos trilhos — “Eu sou uma pessoa muito tranquila, muito serena, eu não acho que bater boca, ficar reclamando demais resolve. Você tem que ter um compromisso verdadeiro de querer fazer as coisas acontecerem. Eu estou muito compromissado. Depois dos 50, eu estou muito seletivo. Estou muito seletivo com a minha palavra, estou muito seletivo com a minha presença. Porque eu realmente cheguei à conclusão que não adianta oba-oba. E acho que o prefeito, à sua maneira, ele soube fazer isso. Não foi para o oba-oba, foi para o básico. O básico era fazer as escolas funcionarem. O básico era reabrir as UBSs, porque é preciso lembrar que a prefeita Rosinha, em dezembro de 2016, deixou 73 UBSs abertas e em funcionamento. Quando Wladimir assume, quando nós assumimos, encontramos 20. Então, a população foi percebendo isso. Que nós estávamos, efetivamente, colocando o trem no trilho. Agora, o que precisa é dar velocidade ao trem. É dar sequência e ele poder, naturalmente, fazer aquilo que tem a cara dele. Porque todo gestor deseja ter o seu legado. E acho que o que elegeu Wladimir foi o respeito institucional que ele teve aos outros que deixaram legados. De refazer o feito por outros prefeitos. Porque foi, literalmente, um mandato de manutenção. O mandato da coisa básica, o mandato de fazer a cidade voltar a funcionar com seus prédios, com seus serviços. E acho que, de certa forma, ele fez isso bem. Volto a dizer, é um conjunto de fatores, mas eu importo a este como sendo um dos mais importantes, como sendo um dos mais básicos”.
Reunião do PP — “Nós tivemos uma primeira reunião muito básica, muito, digamos assim, elementar. Foi uma reunião de integração dos colegas eleitos. Foi uma reunião muito produtiva e o primeiro ponto, além da integração, a gente iniciou uma discussão que foi uma análise de nossa votação. Então houve um entendimento entre os colegas sobre a legitimidade de nós buscarmos a presidência. E foi muito bacana isso, porque um sinal de maturidade muito grande do grupo, o grupo todo muito grato à cidade, e entendendo que essa deveria ser a nossa posição. É lógico que a gente não pôde avançar muito, porque faltava a essa reunião a pessoa fundamental, que era o nosso presidente, o Mauro Silva. Então, a gente até avançou um pouquinho em discutir quem tinha vontades e quem queria se manifestar como possível candidato a presidente. Quer dizer, a primeira definição, o PP buscaria o cargo de presidente, talvez mais uma função na mesa. Não discutimos. Não avançamos nessa discussão, mas a presidência, sim. Qualquer colega vereador tem o direito legítimo de pleitear uma disputa”.
Nome à disposição — “Acho natural, com a votação que eu tive, com a história que eu tenho, com a experiência que eu tenho, eu também, efetivamente, o partido precisando, eu poder colocar o meu nome à disposição do grupo, dos colegas do PP, do conjunto dos vereadores, mas isso também é uma questão que precisa ser discutida, porque nós não avançamos nessa discussão. Faltou uma questão muito básica, que realmente precisa ser discutida com o presidente, que é critérios. À medida que tem mais de um desejando, quais são os critérios para o grupo tomar essa decisão, pensando no melhor para a cidade. Então, por conta disso, ficou decidido que haverá uma segunda reunião, onde o grupo discutirá isso, para poder chegar a um consenso e chegar a uma unidade, porque a unidade dentro do PP é muito importante, porque vai funcionar como um espelho”.
“Cidade cansada” — “Eu tenho um outro sentimento, e é sentimento mesmo, eu ainda não pude quantificar isso, mas eu tenho a sensação que a cidade está cansada dessas brigas. Eu acho que, quando se briga muito, se foge verdadeiramente da solução de problemas antigos. Existem problemas que nós precisamos dar conta dele e, indiscutivelmente, a Câmara de Vereadores é uma instituição fundamental ao exercício executive, que é aquele que, por dever constitucional, tem o papel de resolver e executar as necessidades da população. Então, hoje o que está posto é que nós vamos buscar presidência, que nós temos mais de um colega dentro do PP que deseja, que se coloca como possível pré-candidato, digamos assim. É lógico que essa discussão também transcende ao PP, porque a Câmara é um colegiado, então haverá uma discussão que transcenderá o PP e será feita com os outros partidos que trabalharam na coligação para eleger o prefeito Wladimir, e é indiscutível. O prefeito é o líder. Então, é desejável, inclusive, a participação respeitosa do prefeito, porque também são poderes distintos, que não se confundem, têm seus papéis distintos, mas é uma matéria que importa em governabilidade”.
Eleição da Mesa — “Eu sou uma pessoa de grupo. Eu, inclusive, recebi Alonsimar na minha casa também. Foi tomar um café comigo. É natural, é desejável que os colegas eleitos se encontrem. São legítimos. Então, assim, se tem vontade, expresse a vontade. Então, recebi com maior atenção, porque gosto muito de Alonsimar, mas, naquele momento, eu já incorporei uma decisão de meu partido. E, com certeza, se eu quis ser candidato a vereador, fui eleito com os votos que tive, dizem que não tenho vontade, tendo assumido o tempo todo, na minha vida de cidadão campista, todas as missões que recebi, tendo prestado os serviços que eu prestei. Ora, tendo consciência disso tudo, dizer que não tenho vontade não me pareceria correto. Então, assim, para mim seria muito honroso, seria um novo desafio, mas me sinto preparado, me sinto qualificado para. Se o partido entender, se efetivamente for o entendimento do prefeito, que, querendo ou não, é uma força muito importante, porque se trata, como eu disse, de assegurar um clima de mais conquistas para a cidade. Bom, se houver essa convergência, eu realmente não vou fugir da minha responsabilidade. Mas acho ainda premature, neste momento, colocar qualquer posição que pudesse parecer presunção, intransigência, porque não é isso”.
Vereador eleito — “O que eu digo é assim, para mim, eu fui eleito e gostaria de desenvolver essa atividade de legislatura. Acho que é muito importante esse trabalho dos vereadores. E aqui eu quero aproveitar esse momento para, de novo, me congratular com todos os meus colegas eleitos. E dar os parabéns, inclusive, àqueles que não foram eleitos, que cumpriram, e vem cumprindo, a sua tarefa na Câmara. Fui um secretário, durante os meus três anos e quatro meses, que me senti profundamente respeitado pela Casa. Então, assim, tenho um respeito imenso por cada um deles, e espero ser um colega ajudando a cada um, e sendo ajudado, porque a gente também é marinheiro de primeira viagem, pelo menos, dessa experiência nova, mas profundamente conhecedor do que é a gestão pública, o que é as relações interpessoais”.
Nome cogitado para Educação — “Essas especulações, eu vejo, foi falado, sim, sobre essa questão aí da secretaria de Educação. Eu nunca pedi para ser secretário. Nunca. Em nenhum momento que eu fui coordenador de programa do governo, eu tratei disto com o prefeito. Tratamos de outras coisas, sim. Sempre confiei muito no prefeito. Para mim foi uma surpresa. Essa coisa de Educação já vem da época de Rosinha, pelo menos umas duas vezes meu nome foi citado. Eu cheguei a ir a uma reunião com Rosinha, em que ela quando formulou o convite para mim, ela formulou para eu ser o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Eu quase caí da cadeira. E aceitei o convite. Na primeira vez, o primeiro governo me fez um outro convite, eu não pude aceitar. Eu só aceitei o convite na segunda gestão de Rosinha. E aceitei para ser, mas, digamos assim, eu não me via muito secretário de desenvolvimento econômico. E como secretário de Desenvolvimento Econômico, eu pude implantar o Festival do Petisco. Como secretário de Desenvolvimento Econômico, eu pude implantar o Gastronômico da Pelinca, que se tornou esse grande festival que hoje nós temos de gastronômico. Não quero fugir aqui da pergunta, quero dizer o seguinte: Está muito no início as discussões, elas devem se aprofundar. Essa questão da educação, ela foi tratada. Alguém lá, não sei se foi Fábio que colocou a questão, eu acho que foi Fábio, mas volto a dizer, eu sou um homem de missão. O prefeito sabe que ele pode contar comigo”.
Confiança no prefeito — “Eu fui um grande incentivador para que o prefeito viesse candidato, desde o primeiro momento até o momento da decisão. Não faltei com o prefeito no momento da formulação do programa de governo. Para mim, uma surpresa imensa quando fui o primeiro secretário convidado para o prefeito, para ser o secretário de Administração e Recursos Humanos. Não faltei com ele nem um dia, desde o dia 1º de janeiro de 2021 até meu último dia, 5 de abril. Aceitei o desafio que ele me propôs para ser candidato a vereador. E, na rua, procurei fazer e corresponder com o prefeito, porque quando eu estou falando do prefeito, eu estou falando do meu grupo, do meu grupo político. Procurei fazer uma campanha da forma correta, limpa, leve, respeitosa. E tive um resultado bacana, eu mesmo me surpreendi com o resultado meu, mas percebo que este resultado é fruto de uma trajetória, de uma história. Então, assim, sou um homem de partido, sou um homem de grupo. Para a função efetivamente que o prefeito me designar, eu me sinto preparado. Lógico, gostaria de exercer o meu mandato. Se tiver que ir para a Câmara, ser o presidente da Câmara, me sinto preparado, me sinto qualificado”.

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