Operação mira em organização voltada à propagação de fake news em eleições
12/09/2024 12:29 - Atualizado em 12/09/2024 12:43
Operação Teatro Invisível
Operação Teatro Invisível / Divulgação - Polícia Federal
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (12) a Operação Teatro Invisível, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltada para a propagação de informações e notícias falsas sobre determinados candidatos em campanhas eleitorais para o cargo de prefeito em mais de dez municípios do estado do Rio de Janeiro, entre eles Cabo Frio, Carapebus, Araruama e Saquarema.

Policiais federais cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juízo da 8ª Zona Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, também foi determinado o bloqueio judicial de bens dos investigados, no valor total de R$ 1 milhão para cada investigado.

Segundo a PF, as investigações revelaram que a organização criminosa, por meio de seus líderes - que já chegaram a ocupar funções públicas em diversas cidades do estado do Rio de Janeiro -,  teria desenvolvido um "sofisticado e lucrativo" esquema baseado na contratação de pessoas com o objetivo de influenciar no processo eleitoral de diversos municípios.

"Tais contratados, após receberem as instruções dos coordenadores acerca da propagação de notícias falsas sobre um determinado candidato à Prefeitura Municipal, passavam a circular diariamente pelo município alvo, infiltrando-se em locais com aglomerações de pessoas como pontos de ônibus, padarias, filas de bancos, bares e mercados, difundindo aos eleitores falsas afirmações sobre um determinado postulante ao cargo de prefeito, no intuito de beneficiar o candidato para o qual o serviço criminoso fora contratado", informou a PF.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, apurou-se que os atores contratados, propagadores das informações falsas recebiam R$ 2 mil por mês para exercer tal função, e que os coordenadores da empreitada criminosa recebiam dos líderes da organização a quantia mensal de R$ 5 mil, além de serem contratados pela própria Prefeitura Municipal. No ano eleitoral, quando o esquema entrava em vigor, os coordenadores eram exonerados de seus cargos e substituídos por “laranjas” – possíveis funcionários fantasmas –, a fim de manter o “direito” sobre eles.

A PF informou, ainda, que "a 'campanha' de propaganda criminosa possuía um processo de aferição de resultado incluído no seu planejamento por meio da elaboração de relatórios diários das atividades, com a especificação da quantidade de eleitores abordados por dia, número de votantes em cada candidato e o total de eleitores convertidos para o candidato beneficiário do esquema criminoso".

Os suspeitos são investigados por organização criminosa, desvio de funcionários públicos para a atuação no grupo criminoso, utilização de “laranjas” para burlar incompatibilidades com o exercício da função pública, lavagem de dinheiro, constrangimento ilegal de servidores (assédio eleitoral), bem como os tipos penais ligados à difusão de notícias falsas e/ou desinformação, previstos no Código Eleitoral.

Apesar de a organização criminosa concentrar a sua atuação e os seus membros residirem majoritariamente no município de São João de Meriti/RJ, comprovou-se que o esquema criminoso foi contratado e exportado para ao menos outras dez cidades do estado do Rio de Janeiro.

A investigação foi conduzida pela Divisão de Repressão a Crimes Eleitorais (DRCE) e pela PF no Rio de Janeiro, contando ainda com o apoio do Ministério Público Eleitoral.

Os quatro investigados, alvos dos mandados de prisão preventiva, estão presos e serão encaminhados à Superintendência da PF no Rio de Janeiro.
Com informações da assessoria da Polícia Federal

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