Delegada Madeleine defende benefício de R$ 600
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Gabriel Torres 10/09/2024 22:54 - Atualizado em 16/09/2024 17:28
Delegada Madeleine no Folha no Ar
Delegada Madeleine no Folha no Ar / Rodrigo Silveira
Defendendo o aumento de benefício social para R$ 600 e apostando na capacitação das pessoas para que não fiquem reféns do assistencialismo, a delegada Madeleine (União), candidata a prefeita de Campos, destacou suas principais propostas de governo durante entrevista ao programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, nessa terça-feira (10). Madeleine destacou as principais vocações do município e pretende implantar a Clínica da Família no Centro da cidade, com o objetivo de melhorar a assistência na Saúde e, consequentemente, reativar a movimentação na área central. A candidata também falou sobre suas pretensões para a Educação, geração de empregos, transporte e outras áreas. Sobre as eleições, Madeleine diz acreditar em seu crescimento e que isso deve ser visto nas últimas semanas antes de 6 de outubro.
Erros do governo — “Tenho feito muitas reuniões e uma das perguntas que eu costumo fazer é: Campos, é referência em quê? Essa é uma pergunta que eu me obrigo a fazer para não ficar fazendo discursos vazios. E como resposta, em uníssono, é: Campos não é referência em nada. Então, hoje nós temos gravíssimos erros, sobretudo porque nós temos 150 mil pessoas na linha de pobreza. Nós estamos falando de extrema pobreza, 250 mil no CadÚnico, mais 150 mil pessoas na extrema pobreza, ou seja, que vivem com menos de R$ 100 ao mês. Isso é um grave problema para uma cidade que é a 31ª mais rica do Brasil. Além disso, nós temos hoje uma Saúde cujo diagnóstico está na UTI. São inúmeras pessoas que vêm até mim que estão esperando em filas, que estão esperando por exames por muito tempo. Algumas morrem sem conseguir os exames. Quando conseguem o atendimento nos hospitais, falta toda sorte de insumo”.
Gargalo no Transporte — “Além disso, nós temos a questão do transporte, que há quatro anos, muito se falou sobre esse gargalo. Campos tem esse gargalo de transporte há muitos anos, não é de agora. Mas nós temos muitos problemas e poucas soluções. Até agora pelo menos. E o que você vê é a população que não consegue transitar. As pessoas não conseguem pegar ônibus na cidade. Isso atinge diretamente a empregabilidade. As pessoas não conseguem pegar ônibus sequer para buscar os seus empregos. A gente tem a questão do Centro, que foi muito impactada, inclusive, pela questão do transporte. Então, é um problema grave que precisa, de fato, ser tratado de forma séria”.
Crise na Educação — “Por fim, dos mais graves, a gente tem uma crise grave na Educação. Crianças que estão passando de ano sem saber ler e escrever. E isso, a longo prazo, vai potencializar a miserabilidade da nossa cidade. Ou seja, essas pessoas não terão a oportunidade de serem empregadas com sucesso, o que fomentará ainda mais a questão do assistencialismo. Se a gente parar para pensar que a nossa cidade hoje é uma cidade consumidora, ela praticamente não produz nada. A gente ainda vive as custas primordialmente dos royalties do petróleo, e nós sabemos que é um recurso finito. E como é que a gente vai tratar essa questão dos miseráveis que só vem aumentando? Então são graves problemas”.
Acertos — “Eu acho que eu comungo a mesma opinião do Buchaul. Nem sabia que ele tinha feito essa manifestação. Eu vou te falar porque que é a comunicação. Porque hoje a cidade está absolutamente maquiada. A gente vê isso, inclusive, nas pesquisas. E é engraçado, porque ele não consegue dar os créditos sobre as obras estruturais que foram feitas em Campos. Então, é importantíssimo eu ter esse espaço aqui e deixar claro para o eleitor que 94% das obras estruturais da cidade de Campos foram feitas com recursos do Estado do Rio de Janeiro. É óbvio que a destinação foi feita por ele, a escolha, que inclusive acho que a prioridade foi errada, porque asfaltou ruas que já estavam asfaltadas. Então, assim, eu acho muito importante que sejam dados os créditos. Porque se essas obras estruturais, que são as maiores obras que a gente pode lembrar do atual governo, com cerca de 12 bilhões, um pouco mais, ao final de quatro anos. O que foi feito, de fato, com o dinheiro da Prefeitura? Eu fazendo uma analogia aqui na minha cabeça, é igual o Papai Noel. Então, assim, eu compro o presente que eles querem. Eu sei o presente que eles querem. embrulho e o Papai Noel, no final do ano, vai lá entregar. Quem que deu o presente? Foi o Papai Noel ou foi a mãe que se apertou, organizou aqui pra dar o presente? Então, é importante que o eleitor saiba de onde é que vem. E por isso que eu falo que a comunicação dele é muito boa mesmo, porque o Instagram dele parece ser um espetáculo, como ele gosta de dizer. Só que, aos poucos, a população está entendendo que, por exemplo, um Cartão Goitacá de R$ 200 não compra a dignidade dela por quatro anos com falta de saúde, falta de transporte, educação e falta de empregabilidade na cidade”.
Pesquisas — “Bom, eu interpreto essa pesquisa de uma forma muito positiva. Se você parar para pensar, analisando a Prefab lá no começo (de 26 de abril), a campanha que está crescendo absurdamente é a minha. Se você pensar em números, a gente cresceu quase 300% (dos 6,8% aos 17,9% de intenção entre as consultas induzidas da pesquisa Prefab e da Paraná, de 25 de agosto, a candidata quase triplicou as intenções de voto, crescendo 163%). Então, é um número de crescimento exponencial, sobretudo para quem não era, até então, do meio político. Considerar ainda que essa pesquisa foi realizada praticamente no início, eu não sei se antes, um pouco, da campanha eleitoral, da propaganda eleitoral, no rádio e televisão. Então, são pesquisas de números, e aí vamos considerar, antes da propaganda eleitoral, inclusive, existia muita minha manifestação nas redes sociais. Já tinha aquele grupo de pessoas que me conhecia como delegada, mas ainda não sabia que eu era candidata. E agora a gente tem aí um espectro muito maior de pessoas que vão ter a possibilidade de me conhecer efetivamente, porque existe um grande público, sobretudo em Campos. A gente tem zona rural muito grande, um grande público que vai ter oportunidade através do rádio, através da televisão, de conhecer a candidata Madeleine, as propostas da candidata Madeleine e também os pontos críticos desse atual governo. Eu creio que nós vamos ter uma grande surpresa nas ruas, porque o que é determinante para mim nesse momento, é o que eu vejo na rua, no calor do povo. É a receptividade, que eu particularmente recebo das pessoas, da alegria das pessoas. E, além disso, os vereadores da nossa base, eles trazem para mim com muita alegria. E isso tem representado, inclusive, uma alegria na nossa campanha dos próprios candidatos a vereadores. Então você vê a militância nas ruas, os vereadores felizes, meus vereadores são vereadores felizes, alegres de estarem caminhando nas ruas comigo e quero destacar aqui a importância que nós temos de dar atenção a todos os vereadores, não importa o número de pretendentes, eleitores que eles tenham”.
Projeção — “A gente entende nas trackings que existe um movimento exponencial de crescimento. E isso vai acontecer principalmente nas últimas semanas, que é quando a população de Campos, que não é uma população muito atuante na política, vai começar a decidir em quem ela vota nas últimas semanas, nos últimos sete dias. Existe um campo muito aberto, 53% da população não sabe quem vai votar. Lembrar do último pleito, em que Wladimir tinha 14% de diferença e, no final, ele chegou quase empatado com o Caio. Então, pesquisa é algo que é medida naquele momento. Ela não consegue medir o futuro. Há um retrato do que acontece naquele momento. Então, a pesquisa que me importa é, de fato, o calor das ruas”.
Estratégias — “No meu coração não existe nada, na minha energia e na minha visão, não existe nada diferente do que a vitória. É isso que me baliza todos os dias. Agora, as estratégias vão mudando, as balas de prata, né? São possíveis, tanto para cá quanto para lá. É sempre possível que algo aconteça até lá. E é trabalhar duro. Política é pé no chão. É ser verdadeiro com as pessoas. É convencer a partir da verdade e é isso que eu tenho feito”.
Boa aprovação x favoritismo — “Essa aprovação, eu creio que ela tem muito a ver com o retrato do que houve no governo anterior. A gente teve um governo Rafael Diniz muito ruim. E aqui eu vou fazer um parênteses, muito ruim, porque ele já vinha de uma venda de futuro de Rosinha, pegou cofres muito quebrados, três vendas de futuro. Então, governou e com um orçamento de 1,6 bi, mais ou menos metade do que é o orçamento de hoje. E, de fato, também teve escolhas muito ruins no seu governo, que tornou-se, como se diz, o pior governo que a gente teve aqui. E aí, você vem para um governo posterior, em que você tem já fim de pandemia, você tem praticamente o dobro do orçamento. E quando você tem essa essa comparação inicial, obviamente, que a população vai falar. 100 milhões de investimentos do governo do Estado já no começo pra colocar o salário dos servidores em dia. Qual servidor que não quer o seu salário em dia? Só que agora, eu acho que o prefeito tem uma candidata à altura”.
Voto de revolta — “Eu creio muito que existirá o voto da revolta, porque existem muitos servidores sendo assediados, que não podem vir à tona, não podem e não virão à tona para falar, mas existem toda sorte de perseguição interna e que essas pessoas provavelmente até numa pesquisa podem dizer que vão votar, mas na hora que for lá para a urna ela vai se lembrar das agruras e das dores que ela está passando e lembrar que o efeito Rafael Diniz lá no passado. Ele não foi um efeito da pessoa Rafael Diniz, não. Era um contexto que somava, na minha opinião, posso estar errada, tá? Ele somava o novo, mas ele somava esse voto de revolta de pessoas que estavam lá dentro das secretarias e que estavam descontentes com a gestão na época de Rosinha. E também daquele momento ali da Chequinho. Então, toda essa conjuntura fez aquilo ali, mas houve uma grande parte de pessoas que estavam descontentes com o governo. E, pelo que eu tenho visto, isso vai se repetir nas próximas eleições. Então, tudo isso somado, eu acredito que nós vamos ter de fato, como eu te falei, uma grande surpresa no dia 6 de outubro e eu estou extremamente animada para esse dia. E sobretudo para os debates, porque eu acho importante o prefeito ir aos debates, acredito que ele vá aos debates, para que ele possa debater as ideias de Campos, para que a gente não fique falando só nas redes sociais. Então é isso aí, que o prefeito possa estar comigo nos debates, debatendo a cidade e com os outros candidatos também”.
Candidatura — “A política é um lugar duro. Nós sabemos disso. Um lugar duríssimo. A Polícia quando eu entrei era algo novo, então era algo desafiador. Hoje a política também é algo desafiador e novo para mim. Mas eu acho que você aqui ou ali, você vai se desenvolvendo, vai desenvolvendo as suas capacidades. Mas são dois lugares muito hostis. Sobretudo para as mulheres. Eu entrei para a política e acredito que isso, de forma muito contundente, tenha incentivado bastante outras mulheres na política, inclusive para elas acreditarem que poderão, de fato, ter voz”.
Legislativo — “Eu acredito que os nossos partidos, cada partido vai fazer mais ou menos quatro. Quatro vereadores. E eu acredito que o União Brasil ainda consiga fazer cinco ou seis vereadores. É importante porque nós estamos com um volume muito grande na rua e é isso a importância de nós elegermos os vereadores alinhados com o nosso propósito, alinhados com o propósito não da pessoa Madeleine, mas é um alinhamento de propósito de uma cidade que quer avançar, que quer olhar para o futuro. Como eu falei aqui, independente do tamanho, se assim posso dizer, do tamanho do vereador, se ele é de grande envergadura ou se ele é de pequena envergadura, então nós estamos ali dando essa contrapartida para que ele possa buscar o seu lugar ao sol. E aí a gente pode fazer 13 ou 15. Aí dependendo do União Brasil. O teto, 15. Uma média”.
Cartão do Povo — “Eu vou aqui trazer o nosso projeto, que é ligado à Assistência Social, que é o Cartão do Povo, que a gente vai passar de R$ 200, que é o cartão hoje prometido pela Prefeitura, para R$ 600. Mas o fundamento básico desse cartão não é só a questão do dinheiro, mas é um compromisso que eu tenho com a população de Campos de capacitar as pessoas para que elas possam sair dessa situação de assistencialismo”.
Geração de emprego — “Nós vamos pegar no programa assistencial, que vai ser todo mundo identificado, essas famílias que tenham jovens dentro dessa família, terão acessos prioritários a todos os outros programas. Então o pai da família, por exemplo, vai ter acesso prioritário no Balcão de Emprego. O jovem dessa família vai ter acesso prioritário no Programa de Estágio. A mulher que eventualmente esteja nesse programa vai ter um acesso prioritário, por exemplo, no sistema de habitação. Todos esses sistemas vão ser interligados. E o mais importante desse projeto, no meu entender, que é o programa de capacitação. Que é focar absolutamente na capacitação de pessoas”.
Qualificação — “Ainda falando de geração de emprego, a gente precisa conversar com o Porto do Açu. O Porto do Açu está aqui, a riqueza está passando no nosso nariz e nós não estamos abraçando porque as pessoas estão indo, eles buscam empregos no Rio de Janeiro, em Vitória, quando funções específicas que precisam ser abraçadas, não são abraçadas porque nós não temos a qualificação aqui. Então, a importância de você conversar com o Porto e também com as grandes empresas que vão ser instaladas aqui. Saber que qualificação você está precisando aí. É que tipo de mão de obra? Nós vamos treinar aqui, para você poder pegar o emprego daqui. As pessoas precisam ter sua autoliberdade, sua prosperidade. Então nós precisamos fazer isso. Nós precisamos capacitação de forma geral. E fomentar o empresariado local, que não adianta falar em trazer gente de fora se a gente não abraça quem está de dentro. Então, aumentar a questão do Centro, ajudar os nossos empresários a se reerguerem. O comércio infelizmente está agonizando. E, sim, trazer investimentos de fora.
Investimentos — “Tem quatro pilares muito claros na minha cabeça. Um, a segurança pública. Nenhuma empresa que venha para cá e tem uma situação estabelecida de falta de segurança vai se estabelecer. E aí nós temos que pensar na iluminação pública, no fomento para que essa empresa possa se estabelecer. A Zona Especial de Negócios, que nunca saiu do papel, e ela precisa de fato sair do papel, ter uma tributação especial, incentivo para que essas empresas se estabeleçam. Para isso, precisa também ter uma estrutura de escoamento de produção. E aí, nós vamos trabalhar nas obras de infraestrutura. Uma das grandes obras previstas no meu plano de governo é a questão do contorno ali, saindo por dentro de Goitacazes, que vai favorecer as zonas especiais de comércio naquela retroárea ali da Baixada. E aí, você fazendo várias linhas de escoamento com o Porto do Açu e infraestrutura, pensar em novos caminhos viários, vai favorecer que essas empresas se estabeleçam. Então, para trazer empresas para fora, a gente tem que criar, de fato, as zonas especiais de negócios, melhorar a segurança pública, capacitar as pessoas”.
Revitalização do Centro — “A questão principal que eu penso para a repopulação do Centro é levar a Clínica da Família. Utilizar os prédios que estão desutilizados para tornar as clínicas especializadas para homem, mulher, idoso e criança. Esse número de pessoas é muito grande, que precisam de consultas. O fato de melhorar o Transporte, que é o nosso projeto, e potencializar a forma de as pessoas chegarem ao Centro, é uma busca real. E além disso levar também, a Clínica Odontológica. Campos tem hoje cerca de 500 dentistas, servidores públicos, e é preciso tornar pública essa utilização dos dentistas. Hoje, se uma pessoa quebrar um dente, pode acontecer, para onde que ela vai? Não uma emergência. Exatamente, de consultas, porque com isso você obriga as pessoas a irem para ali para o Centro”.
Redução no IPTU — “Além disso, a gente vai sentar para conversar com o setor do comércio para pensar uma possibilidade de reduzir o IPTU, fomentar através de isenções, para que esse comércio volte a circular. Com isso vai começar a ter restaurantes, novos cafés vão abrindo. Aos poucos aquilo ali vai revitalizando e a gente acredita que com esse grande projeto a gente possa ter, nesse primeiro momento, o problema de circulação e, com isso, o comércio vai melhorando”.
Situação de rua — “A questão dos moradores de rua é muito séria e não se resolve a questão do morador de rua só com o dinheiro. É preciso que, ainda que sejam entidades privadas, que elas possam ser pessoas que tenham um propósito em relação a isso. Então, é muito importante trazer, e aí no caso ajudar e financiar instituições sérias. Que tenham isso como propósito, para tirar esses moradores da rua primeiramente cuidar deles e depois dar uma destinação específica. E aí o nosso projeto de assistencialismo vem justamente para que essas pessoas todas vinculadas aos projetos assistencialistas, elas possam, de fato, serem capacitadas”.
Enxugar máquina — “Hoje tem 150 mil pessoas, como eu falei, na linha de extrema pobreza e 80 mil pessoas com carteira assinada. E pensar que desses 80 mil pessoas que estão empregadas, a maior parte também é a Prefeitura, que é o principal empregador. Isso é muito complexo, porque, mais uma vez, de onde é que está saindo esse dinheiro? A gente precisa diminuir o tamanho dessa máquina para que a cidade consiga seguir com autonomia para o futuro próspero”.
Vocações — “Campos tem vocação de agroindústria, pecuária, turismo. Só que o administrador, ele tem o grande desafio, que é transformar essas vocações em emprego, renda e qualidade de vida para as pessoas. Esse é o grande desafio, porque se olhar para as nossas potencialidades, Campos é um mar de rosas, é a menina dos olhos de qualquer grande investidor. Nós somos uma planície, nós somos cercados por água, nós somos ligadas a Rio, a Vitória, temos um Porto que já é um fato. Então Campos pode ser a menina dos olhos do Brasil. Mas é o grande desafio do governante transformar todas essas potencialidades em algo concreto. É claro que a gente hoje ainda tem muito foco na cana-de-açúcar e eles precisam de incentivo. Mas, para além disso, a gente precisa trabalhar num projeto de sustentabilidade. O meu foco, se Deus quiser, se assim for eleita, é levar Campos para fora de Campos. Então, a cidade precisa está forte comercialmente, industrialmente, para ter visibilidade para outros locais. Nós precisamos fazer esse projeto de massificação para que as pessoas possam ter esse olhar. Existem, por exemplo, empresários chineses que têm interesse em vir para a nossa cidade, sabiam disso? Só que quando se esbarra hoje no projeto político que existe na cidade, desanima”.
Agricultura e turismo — “Nós precisamos fazer essa política de marketing de levar Campos no projeto cultural, levar Campos no projeto de agroindústria. Fomentar as regiões de acordo com as suas características. Nós não somos referências em cachaça, em cana-de-açúcar? Nós não poderíamos ter um potencial em cachaças? Por exemplo, você vai hoje nos restaurantes da cidade, você tem carta de vinho, você tem carta de cachaça? Às vezes você pede uma cachaça da cidade e não tem. No Imbé, por exemplo, a gente tem uma parte turística muito grande que coexiste com a natureza. A gente pode trazer a parte de festivais importantes. Quando você entra com a capacitação ali, você vai entrar com capacitação hoteleira, com capacitação de cozinha, que é uma coisa mais tradicional. Farol, por exemplo, como é que a gente volta a estimular Farol? Farol não pode ser visto só dentro do Carnaval. Farol tem que ser visto o ano inteiro. Se você resolve o problema do transporte, já facilita. Mas se você traz o esporte como uma perspectiva fora o verão, para trazer circuitos nacionais para cá. Campos é uma cidade muito grande, e nós podemos tratar de forma muito diversa. E para isso funcionar, a gente pensa no projeto de Subprefeituras, que vai nos ajudar a descentralizar esse poder para que cada área possa ser vista com as suas peculiaridades”.
Cultura — “Eu vejo a questão cultural muito intimamente ligada com o turismo. Por exemplo, o calendário de Santo Amaro. É uma coisa que já vem reivindicada há muitos anos. E é preciso pensar nesse calendário religioso, já que Campos é uma cidade naturalmente conservadora, do que se diz. É importante trazer esse calendário religioso, sobretudo fomentar essa questão do Santo Amaro. Como eu já te falei, dei uma pincelada aqui, trazer festivais que possam trazer essa cultura que a gente tem no Imbé. Os artistas locais, a gente tem muitas reclamações, por exemplo, do alto valor do aluguel para fazer uma peça no nosso principal teatro. Eles não conseguem financiar porque os custos são muito altos”.
Reativar projetos — “Eu acho importante também aqui na Cultura, é um projeto que eu gostaria particularmente de revitalizar, e esses dias eu falei e me disseram que era um programa de Arnaldo Vianna, e eu acho muito legal, e dá crédito aqui, era um projeto que tinha dos artistas locais nas praças. Gente, aquilo ali traz um saudosismo, e aquilo é legal, você trazer projetos para o artista local. E você pode trazer o artista de todos os nichos, você tem o artista do pagode, aí você vai, de acordo com a vocação. Tem lugares que gostam mais de pagode. Você tem a possibilidade de fomentar o artista gospel, que tem gente que vai gostar no Centro da cidade de ouvir. Então a gente pode, sim, valorizar o artista local sem gastar tanto. Você não precisa de shows vultuosos e essas pessoas vão se sentir valorizadas e vão agregando essa sensação de que todos serão acolhidos”.
Eixos — “O que eu penso de forma determinante para a nossa cidade são quatro eixos. Uma é a informatização, que é o que eu vou buscar para todas as áreas. A informatização e tecnologia. A desburocratização, para que a gente possa fomentar a indústria e o comércio. Eu já falei das zonas especiais de comércio. E aí a gente pensa também em desburocratizar as autolicenças, para que as indústrias possam acelerar o seu processo. A descentralização, que é a questão das subprefeituras, atingir cada área com a sua vocação administrativa. E, por fim, é o diálogo”.
Prioridades — “Precisa ter inicialmente um choque de gestão, e aí eu posso estabelecer quatro pontos prioritários. A primeira questão é a gente fazer a análise de contratos, uma auditoria de contratos para verificar a finalidade, verificar valores. E, nesse aspecto, a gente precisa conversar seriamente com a Águas do Paraíba, que é um contrato muito reclamado pela população. Ela precisa esclarecer, de fato, como essa questão dos 100% de pagamento de esgoto, quando não tem esgoto. Acho que é um contrato que a gente precisa fazer a reeducação para atendimento aos anseios da população. Para fora isso, outros contratos você tem que fazer a validação. Esse é o primeiro. Segunda questão é você fazer uma análise dos RPAs. Os RPAs, nós precisamos saber, com todo respeito aos RPAs. E é importante que se diga, inclusive, que já há um termo de ajustamento de conduta assinado pelo atual prefeito. É um termo de ajustamento de gestão para que esse número venha a ser reduzido, mas além de reduzir, a importância é saber quem são essas pessoas, onde elas estão, o que elas estão fazendo e com que finalidade estão fazendo. Nós precisamos verificar a questão dos servidores públicos, porque a gente tem servidores públicos com vocações, que podem ser administrados, usados em gestões, e potencializado a sua função dentro da administração, quando muitas vezes você coloca um RPA para fazer, uma coisa que o próprio servidor já tem potencial e já pode ser aproveitado naquela situação. E, por fim, a questão da verificação da necessidade de secretarias. Será que é necessário hoje tantas secretarias, 50 secretarias no município? Todo gestor que se preze, ele precisa assumir uma gestão com os objetivos muito claros. Os meus objetivos claros é enxugar a máquina onde puder, onde principiologicamente você não vá reduzir as possibilidades da produção efetiva”.
Fundecam Mulher — “Nós criamos vários projetos ligados à mulher, principalmente o projeto Fundecam Mulher, que é um projeto que dá iniciativa às mulheres de ter um investimento de até R$ 20 mil, para que elas possam abrir os seus comércios, salões, pequenas coisas para que essa mulher possa cada vez menos depender do assistencialismo. Um fortalecimento dessa mulher, principalmente na questão da habitação. Muitas mulheres não conseguem sair do ciclo de violência e aqui eu somo o incentivo que nós pretendemos dar em até seis meses, é claro que é um incentivo temporário, incentivo financeiro de até R$ 1.200,00 para que essa mulher consiga sair do ciclo de violência. O que eu mais assisti como delegada da Deam foram mulheres que preferiam apanhar, a pensar que os filhos ficariam sem ter o que comer. Então, essa mulher às vezes precisa de um incentivo para sair desse ciclo de violência.
Propostas para Saúde — “A primeira proposta, é um conjunto, não é uma solução apenas, mas a primeira proposta é o nosso programa Atende Logo, que é um programa que a gente pretende informatizar toda a rede de saúde. Porque hoje você consegue fazer uma compra na China, por exemplo, do seu aparelho celular na sua cama. Por que as pessoas hoje não conseguem ainda ter transparência de saber qual é a vez, o lugar dela na fila, quanto tempo que ela vai esperar e qual é a rede que está apta a atendê-la? Então, através do programa Atende Logo, não só informatizar a questão das marcações através de aplicativo, mas também informatizar os prontuários, para que essas pessoas não precisem ficar se locomovendo de um lugar para o outro, de um hospital para o outro, porque a pessoa não sabe informar para o médico o que ela tem. Então a informatização do prontuário, ela intensifica isso. Com o programa Atende Logo, nós vamos saber de fato quantas pessoas estão nas filas esperando.
Clínica da Família — “Qual é o maior problema da saúde hoje? É a fila das consultas, certo? As pessoas que estão aguardando consultas. Então, nós vamos colocar essa Clínica da Família no Centro da cidade. Essa Clínica da Família vai atender o homem, a mulher, o idoso e a criança no Centro da cidade. E ali nós vamos, obviamente, conversar com os donos de imóveis que estão parados ali. Se tiver alguém com problema de IPTU, a gente vai poder fazer compensação de dívidas para levar essas clínicas de atendimento para o Centro da cidade. Com isso, a gente vai voltar a ter circulabilidade de pessoas e esse desenvolvimento ao redor vai acabar acontecendo de forma natural. Então, nós teremos a clínica de exames e as pessoas sairão de lá através de sistema informatizado já com a sua consulta marcada, ou seja, o médico vai dar o encaminhamento e ela já vai sair com a consulta marcada. É claro que vai precisar de hospitais parceiros. E aí, necessidade de aumentar investimentos, por exemplo, nos filantrópicos, porque existem vagas, mas essas vagas não estão sendo ocupada”.
Centro de diagnóstico — “A gente vai montar um centro de diagnóstico de imagens, que hoje é uma carência muito grande da nossa região aqui. Lá nós vamos ter raio-x, vamos ter tomografia, ressonância, funcionando em tempo árduo para que esses exames, que são os mais requeridos, possam ser feitos de forma rápida. E, complementando, a gente vai ter a caravana da saúde, que são as caravanas que vão levar a saúde através de um ônibus equipado, às localidades mais distantes”.
Médico da Família — “Vamos potencializar o Médico de Família, que é um programa que precisa ser revisto com muito carinho, com muito olhar, porque o Programa Médico de Família, quando a gente investe na prevenção, a gente vai economizar lá no final, na questão da Saúde. Existe um estudo de cada 1 dólar que é investido, você economiza 4 nos gastos com a Saúde Pública”.
Auditorias — “Mas isso tudo só vai funcionar se a gente tiver um comprometimento com a fiscalização das coisas. As coisas e pessoas precisam funcionar. E aí, para isso funcionar, para essa fiscalização funcionar, a gente precisa ter uma auditoria. Eu acho que o primeiro momento da gestão é uma auditoria para entender o que está funcionando, o que não está funcionando, quem está trabalhando, quem não está trabalhando, a medicação está chegando, onde é que está chegando. Precisa ter fiscalização para que todos esses projetos que nós falamos possam acontecer”.
Educação — “Eu sou absolutamente contra a questão da aprovação automática. Ela tem trazido grande prejuízo para as crianças. E aqui, mais uma vez, reitero que não é uma reclamação minha, mas é uma reclamação reincidente das pessoas, professores da rede pública que vêm até mim falar que é verdade, eles precisam aprovar as crianças, mesmo sabendo que essas crianças não têm condições mínimas de ler e escrever, e acaba que esses professores se sentem oprimidos. Então, primeiro, é acabar com essa aprovação automática. Dois, dá autoridade ao professor dentro de sala de aula. O professor, ele é um servidor público e ele merece esse respeito e essa autoridade para que ele possa conduzir da forma que ele entender pertinente se o aluno tem ou não condições de ser aprovado”.
Contraturno — “Nós vamos precisar fazer um pacto pelo contraturno, pelo reforço escolar dessas crianças que já foram aprovadas nessas condições. E esse pacto vai precisar envolver também a sociedade civil, porque nós precisaremos, por exemplo, de espaço físico para que isso aconteça. Esse espaço físico pode ser fornecido por outras entidades, que não use, por exemplo, as suas estruturas físicas num período determinado. Nós precisamos usar, nesse momento também, o esporte como uma forma de trazer essas crianças de forma mais lúdica e mais intencional para a escola”.
Tecnologia na escola — “Sou absolutamente contra a questão da tecnologia como ela está sendo aprovada hoje. Há um estudo da Unesco que demonstra que o uso da tecnologia em demasia, a entrega de tablet para criança fazer atividade, a gente perde a questão analógica. As crianças não têm mais o pensamento crítico. E lembrar que quando essas crianças vão para casa, não tem internet. Então, ela tem um tablet que não vai desenvolver o conceito analógico dela. E em casa ela não consegue usar porque ela não tem internet gratuita. Não estou dizendo que a tecnologia não deve ser usada, mas não deve ser usada da forma que está sendo usada”.
Valorização do professor — “Com relação aos professores, a autoridade, como eu falei, essa autoridade ela vai se dar pelo respeito que ele vai ter dentro da sala de aula, mas, sobretudo, nós precisamos trazer a valorização do professor. Reconhecimento tem a ver com a capacidade das pessoas. Valorização tem muito a ver com o retorno financeiro. Como é que a gente pode linkar essas coisas? É fazer vários sistemas de bonificação para aquele professor que queira se aperfeiçoar. Ele quer se aperfeiçoar e ele vai ter oportunidade, através da academia do professor. E esse aperfeiçoamento vai juntar bônus. E esses bônus podem ser traduzidos, ao final, em valorização financeira. E eu quero dizer que é uma satisfação muito grande para o professor quando ele se sente no seu propósito de realmente transformar aquela criança pela Educação”.
Transporte — “Hoje, se fizesse nova licitação aqui na nossa cidade, nos moldes que estão hoje, você não tem empresa que queira vir fazer licitação em Campos. Porque financeiramente também não vale a pena do jeito que as coisas estão. Não é possível manter o equilíbrio econômico. E assim, trazer um projeto eleitoreiro, para dizer que vai botar passagem gratuita na cidade, como eu já ouvi dizer que é o projeto do Jefferson, não funciona. Não há como fazer numa cidade de magnitude, do tamanho da extensão territorial de Campos. A não ser que você tire todo o dinheiro da Saúde e de todas as outras educações para poder jogar no transporte e resolver esse problema. O sistema, que é esse sistema de integração, ele funciona. Mas para ele funcionar, existem preceitos que precisam ser respeitados. E os preceitos que precisam ser respeitados é cada um no seu quadrado. Cada um no seu quadrado significa que as vans não podem circular dentro da cidade. Para fazer isso, tem que ser de forma séria e com planejamento”.
Integração — “Se vans e ônibus continuarem concorrendo dentro da cidade, as empresas vão continuar quebradas. As vans, porque elas acabam burlando o sistema, passam à frente e tal. E no final das contas, ninguém ganha. Preste atenção, ninguém ganha. Nem a van ganha, nem o ônibus ganha. E quem mais sofre com isso tudo é a população, que até hoje está sem transporte. Então, para fazer, vai ter que colocar o sistema de integração. Vai ter que ter uma fiscalização séria. Saiu do seu quadrado, vai ser penalizado”.
Câmeras nas vans — “Vamos colocar câmeras nas vans, para que as mulheres possam se sentir mais seguras, inibidas na questão dos abusos. A questão do aplicativo para que a pessoa possa saber a que horas vai passar o ônibus, quanto tempo que ela pode esperar, é importante essa informatização também para pra gente saber quantas pessoas usam, qual é o horário de pico e fazer a circulabilidade entre as linhas que hoje a gente não tem mais”.
Linhas gratuitas — “A gente também pensa numa linha gratuita entre as instituições de Saúde. Uma linha, obviamente, que não seja uma linha com tantos horários, mas que ela possa circular entre os principais hospitais, para que essas pessoas que são deslocadas de um hospital para outro possam ter a segurança de que ela vai poder ir e poder voltar com tranquilidade para cuidar da sua saúde”.
Segurança — A Guarda Municipal precisa ser armada porque é importante esclarecer à população que em todo lugar que a guarda foi armada e bem treinada, eu vou repetir isso três vezes, bem treinada, bem treinada. Uma guarda precisa ser bem treinada para que isso funcione. Em todos os lugares em que a guarda foi armada e bem treinada, houve uma redução absoluta nos índices de roubo de rua e roubo de veículo”.
Corregedoria forte — “Pretendo armar a Guarda sim, treiná-la bem. É preciso haver uma corregedoria forte. A Guarda quer ser armada, é um desejo dos guardas, mas eles vão ter que responder uma corregedoria forte. Falhou, vai responder disciplinarmente”.
Monitoramento — “E ainda dizer que o sistema de câmeras, de monitoramento, não pode ser só um sistema de trânsito. Estão focados no trânsito. Não estão focados no crime, porque se fosse no crime, estariam em outros pontos completamente diferentes”.


 

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