Danilo Barreto: "Queremos o 14º para a Educação"
Aluysio Abreu Barbosa, Edmundo Siqueira, Cláudio Nogueira e Gabriel Torres - Atualizado em 04/09/2024 07:54
Danilo Barreto
Danilo Barreto / Rodrigo Silveira
O candidato de oposição a prefeito de São João da Barra, Danilo Barreto (Novo), foi o segundo prefeitável a participar da série de entrevistas realizada pela Folha neste período eleitoral. Durante sua participação no programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, dessa terça-feira (3), Danilo defendeu a criação de um programa de incentivo ao desempenho educacional que consiste na liberação do 14º salário para os servidores da Educação que apresentem bons desempenhos. O prefeitável também falou sobre a situação da água no município e argumentou que a criação de uma autarquia seria uma das alternativas para solucionar o problema. Em relação à Saúde, Danilo destacou que SJB precisa de um hospital municipal. Sobre o Legislativo, ele projetou duas cadeiras ocupadas por seu grupo político. Danilo também comentou sobre o armamento da Guarda Civil Municipal, que é favorável, e disse que pretende implantar uma escola cívico-militar para melhorar a questão da disciplina na rede municipal.
Análise de gestão — “A gente olha para a receita de São João da Barra, para a receita per capita, que é uma das maiores do estado do Rio, o PIB per capita é um dos maiores do estado do Rio também, e a gente vê que isso não está refletindo em melhoria das condições de vida, melhoria do social em São João da Barra. O nosso PIB per capita chega a quase R$ 270 mil anuais. A nossa receita per capita chega a quase R$ 30 mil anuais. E a gente vê uma cidade com 36 mil habitantes, você ter 26 mil pessoas cadastradas no CadÚnico é um absurdo. É algo para a gente repensar e olhar se a gente está no caminho errado. Alguma coisa tem acontecido que está levando a nossa cidade para o caminho errado. Outro dado interessante que eu costumo citar também para falar desse modelo de gestão que tem puxado a cidade nossa para baixo, são os dados de emprego. Recentemente o nosso amigo José Alves, economista da Uenf, publicou uma matéria falando sobre a quantidade de postos de trabalho de ensino superior que foram gerados na economia de São João da Barra e apenas 21 postos de trabalho em 2023. A prefeita até citou de alguma forma aqui para se orgulhar, mas eu não vejo isso como orgulho não. Porque a maioria dos empregos estão nas construções do Porto, das empresas que estão chegando no Porto, de algumas obras que estão em andamento, de projetos mais antigos que estão se desdobrando agora. E, infelizmente, os sanjoanenses têm ficado de fora de maior parte dessas vagas. E as vagas não estão sendo ocupadas pelos sanjoanenses que estão se preparando, fazendo faculdade”.
Cartão universitário — “Ela se orgulhou muito aqui, durante a entrevista, do programa Cartão Universitário, mas o cartão universitário está preparando os jovens para ir embora de São João da Barra, porque não tem vaga de emprego. Do que adianta você preparar os jovens e não absorver esses jovens no mercado de trabalho? É uma coisa que a gente precisa pensar. A gente pode levantar outros números aqui, por exemplo, como os dados da Educação, que é um município que tem recursos de sobra para investir em Educação. Na verdade, a gente pode até chamar de gastos com Educação, porque quando o investimento não é bem sucedido, a gente não chama mais de investimento, a gente chama de gastos. E a gente, com o recurso que tem, com o tamanho que tem, ocupar a 62ª posição no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Basíca) entre os 92 municípios do estado do Rio é uma vergonha. Está na hora de a gente dar um basta nesse modelo de política, de achar que está tudo bem, porque não está tudo bem”.
Educação — “Antes da gente falar de inovação, de construção de novas escolas, a gente tem que falar do básico. Tem escola faltando água mineral. Eu falei disso aqui na última entrevista. Tem escola que as crianças estão tendo que levar a garrafinha d’água de casa, em pleno 2024. A logística da secretaria de Educação não está funcionando, porque são 38 escolas e o município que arrecada o que arrecada e não consegue dar conta de coisas básicas. Se está faltando água, imagina o material escolar para os professores trabalharem. A gente tem relatos de professores e o professor me mostrou a nota fiscal comprando material para não prejudicar o futuro dos alunos, para ter material dentro da sala. Lápis, borracha, cola, tesoura, porque não está chegando na ponta. E para quem duvida, tem escola que tem que fazer vaquinha entre servidores para comprar o básico, para comprar folha, para alugar impressora. A prefeita nunca vai falar isso aqui pra vocês. E talvez ela nem saiba, porque ela está no mundo da lua. A sensação que eu tenho é que ela está no mundo da lua. Não sabe o número de guardas municipais, imagina o que está acontecendo nas escolas. Enfim, a gente tem escolas que as merendeiras têm que fazer vaquinha para comprar óleo, para fazer a comida das crianças que não está tendo. Então o primeiro ponto, a primeira proposta é garantir o básico, garantir as condições de trabalho para os profissionais da educação, tanto professores quanto servidores da educação. O nosso plano traz a construção da escola de Atafona, que a prefeita falou aqui, mas que no dela não tem. Ela não traz a construção da escola de Atafona. Ela prometeu isso há dois anos, se eu não me engano”.
Escola do futuro — “A gente colocou também a questão das escolas do futuro, que a gente precisa informatizar as escolas. No Dofec, existiu um laboratório, eu falo com muita propriedade porque é uma escola que eu tenho muito carinho, a escola onde eu estudei. Existiu um laboratório de informática que foi desmontado para montar um projeto de uma empresa do Porto e as crianças não têm mais o espaço. Estão os computadores jogados num depósito. Aí quer falar de informatizar a escola? No plano dela está aqui trazendo que vai informatizar as escolas. O que tem, está destruindo. Nunca foi utilizado, a sala foi preparada, a reforma foi entregue recentemente, no início do ano, e não utiliza”.
Escola Cívico-Militar — “A gente identificou nos números do Ideb que o maior problema da educação de São João da Barra hoje é a questão da disciplina. As professoras estão tendo dificuldade de controlar as crianças, é uma questão educacional que não começa só na escola, mas nas casas também. E a gente pensou no modelo de escola cívico-militar. A gente estudou alguma forma de aplicar, porque o governo federal desativou o programa, mas existem algumas cidades aplicando por força de lei complementar, tudo regulamentado. Não é transformar escola em quartel, é promover valores cívicos, disciplina, A gente precisa trabalhar a questão da disciplina nas escolas. O bullying não é tolerado, a criança tem que manter uma postura, não pode ficar de namoro na escola. A gente namorava para caramba quando era mais novo, mas a gente sabe que isso atrapalha o ensino”.
Desempenho — “Só para fechar a questão da educação, a gente quer criar um programa de incentivo ao desempenho educacional, que é um 14º salário para os servidores que estão apresentando bom desempenho, as escolas que apresentam bom desempenho, que foi uma ideia da nossa vice, baseado nos planos que ela estava olhando. E o principal é implantar o ensino em tempo integral. Tem creche que a mãe tem que levar a criança depois que começa seu horário de trabalho”.
Atual gestão da Saúde — “A nossa Saúde é uma Saúde de delivery. Tudo que precisa ser feito está sendo feito fora do município. Alguns exames simples que deveriam levar no máximo um mês para serem feitos, estão levando um ano. Por exemplo, colo e endoscopia. São feitos dez exames por semana, e a fila tem mais de mil pessoas. São coisas que a gente precisa parar de bater palma, parar de achar bonito o que está acontecendo, simplesmente por conveniência. E começar a pensar no futuro dos nossos filhos, dos nossos netos, das crianças da nossa cidade. E eu espero que a gente consiga virar o jogo esse ano exatamente para não deixar que essas histórias tristes continuem acontecendo”.
Análise de pesquisa — “Primeiro ponto é que as pessoas estão com medo de responder na rua. Quantas pessoas chegaram perto de mim e falaram assim ‘Danilo, eu tive que responder que votava nela, mas meu voto é seu’. Está nesse nível. Esse é o primeiro ponto para a gente entender o resultado de pesquisas de São João. Um outro ponto é que a gente estava sem oposição na cidade. Eu era pré-candidato a vereador até dezembro. Quando o Elísio desistiu de ser candidato a prefeito, e eu tomei essa decisão, que não é soberba, mas foi uma questão de necessidade. Eu voltei do Sul para ser candidato a São João da Barra, por propósito. Voltei sem saber onde ia trabalhar, larguei tudo lá por opção, não fui colocado para fora. Eu tomei a decisão de voltar para o São João da Barra e me ver pressionado politicamente ou a desistir ou pular pro governo, eu precisava fazer alguma coisa. Da mesma forma que eu respondi no último programa, nós vamos enfrentar tudo o que está acontecendo com a verdade. É só mostrar a verdade”.
Grupo politico — “Eu não sou filho de político. Eu não tenho partido me bancando. O partido foi mandar recurso agora para gente por conta da eleição, mas eu não tinha ninguém me bancando. E se não fosse a rede social, celularzinho na mão, abrindo a câmera e abrindo os olhos da população com o meu celular, a gente não estaria aqui. A construção do meu grupo político começou agora, em janeiro, então não tem como já meter o pé na porta e dizer que essa pesquisa está 100% certa. Precisa de um trabalho de formiguinha, que é o que a gente está fazendo agora, e as pessoas estão começando a acordar: ‘Opa, tem um outro candidato, e o menino se preparou para isso. Ele não está entrando de gaiato no navio. Ele não caiu de paraquedas na prefeitura como a prefeita caiu’. Porque a prefeita caiu de paraquedas. Eu estava em casa assistindo a entrevista de vocês, eu queria muito que perguntassem o que a senhora fazia antes de ser prefeita pela cidade. Trabalhava num governo, porque o pai dela era vereador, indicou ela pra trabalhar? O que ela fazia pela população de São João? Quais eram os projetos? O que ela tem de serviço prestado?”
Projeção ao Legislativo — “Foi um desafio de montar nominata sem dinheiro, sem recurso, sem ter familiar na política. E a gente conseguiu. A gente trabalhou muito, foi um mês intenso que a gente usou estratégia. A gente lançou a pré-candidatura em março e a gente tinha um mês para montar nominata. No lançamento da pré-candidatura, a gente só tinha quatro pré-candidatos. Eu digo que o nosso grupo foi guerreiro, porque conseguir montar uma nominata sem recurso, sem oferecer nada a ninguém, só mostrando o projeto, apresentando para as pessoas o que a gente pensa para a cidade, a gente já está de parabéns, o grupo já está de parabéns só de ter chegado até aqui. E a gente está com 13 candidatos a vereador, tem alguns candidatos do PL que demonstraram interesse em nos ajudar, a gente está conversando com alguns, por acreditarem também no nosso projeto, no que a gente pensa para a cidade. Em relação à projeção para a Câmara, eu tenho o pé muito no chão. Não gosto de fazer análise jogando para cima, não. Temos 13 grandes opções, 13 pessoas compromissadas com o futuro de São João da Barra, todas com propostas. Eu acredito que hoje a gente consiga fazer duas, mas a gente quer trabalhar para mais. Vai depender do nosso desempenho, de como a população vai enxergar o nosso movimento daqui para frente. É um pouco cedo ainda para dizer, mas eu acredito que hoje a gente já consiga fazer duas e com a possibilidade de fazer um pouco mais”.
Plano de governo — “Seria interessante a gente falar da forma que a gente construiu o plano de governo, que é muito importante. É o plano de governo mais participativo da história de São João da Barra. E eu falo com muita propriedade porque a gente analisou plano por plano. Nós construímos nosso plano em três eixos, participação popular, rota da esperança e corpo técnico. Primeiro a gente criou canais de denúncia, de sugestões de projetos, ideias de políticas públicas, que foi lá no nosso site. Teve participação no WhatsApp, no Instagram, no Facebook, no TikTok. Por ligações também. Muitas pessoas ligando para gente para participar, a gente ligando para servidor, para pai de aluno, conversando com aluno, com pessoas da saúde, com pessoas da assistência, do meio ambiente. De cada área a gente procurou conversar com o pessoal. Não só com a população, mas também com o corpo técnico, que é o terceiro eixo. E a gente fez uma coisa muito legal, que foi criar um quadro, que era a Rota da Esperança, que a gente começou a rodar os bairros. A política pública está para os problemas sociais como um remédio para as doenças. Então, se você não tem um diagnóstico bem feito dos problemas da cidade, você não tem como propor. E é o que aconteceu nesse plano mixuruca da prefeita Carla Caputi. Quem quiser comparar, vai entender o que estou falando. É só pegar os dois para ler e ver que é um plano mixuruca, uma cópia dos últimos anos e eu posso provar”.
Saúde — “As pessoas têm que fazer exame em Campos, Itaperuna, Três Rios, Rio de Janeiro. Aí você imagina uma pessoa que já está com um problema de saúde delicado, precisando fazer uma ressonância, está com um problema nos ossos, quebrou alguma parte do corpo, rompeu o ligamento, está sentindo dor. Enfrentar longas horas de viagem e um município com um recurso que recebe uma arrecadação que vai bater R$ 1 bilhão muito em breve. E não tem condição de ter uma ressonância no município. O raio-x está uma pouca vergonha. A chapa daqui a pouco vai sair preta. Não dá para ver mais nada. Então, não dá mais para gente aceitar essas coisas. A gente dividiu as propostas de Saúde em três grandes áreas e cinco grandes propostas. A gente precisa de um hospital municipal. Já passou da hora da gente ter um hospital municipal com farmácia 24 horas, com centro diagnóstico, com um centro de acolhimento. Para quem não sabe, se a família precisar de um espaço para se abrigar de madrugada, ela vai ter que dormir na cadeira, na rua, no ponto de um ônibus lá na frente, como aconteceu com a moradora de Grussaí, que procurou pediatra no postinho do outro lado da lagoa. Lá não tinha pediatra, a ambulância levou para o Centro de Emergência, que é onde fica o pediatra 24 horas. Só que a ambulância não tem obrigação de esperar o atendimento. A ambulância retornou para Grussaí, a pessoa foi atendida. Como a família não tem carro, a mãe dormiu com a criança no ponto de ônibus, esperando o primeiro ônibus do dia. Isso três horas da manhã. Então, já passou da hora da gente pensar numa saúde humanizada. A secretária, a cubana, ela é ótima em dar desculpa, e quem é bom em dar desculpa não é bom em mais nada. Tudo que você fala ela tem na ponta da língua, que o jurídico não permite, e a população está sofrendo por falta de diagnóstico”.
Água potável — “Na minha opinião, o caminho não é a privatização. Talvez seja a criação de uma autarquia para cuidar da questão da água no município, para a gente ter o controle. A autarquia é direito público, mas possui uma influência do poder público. Nós somos um município que tem muito recurso e a gente tem condição de investir nisso. Só que precisa ter gente comprometida com o futuro de São João da Barra, da forma que está, não dá para continuar. Foi feita uma obra para ajeitar o calçamento na Água Santa, em alguns bares da cidade, calçamento ao entorno da praça da Água Santa. E a Cedae estava com o projeto de criar uma nova adutora para levar a água para Atafona. E aí a prefeitura vem, ajeita o calçamento, e a Cedae agora vem destruindo. Falta conversa, falta planejamento, falta integração. É muito fácil vir aqui e botar a culpa da falta de abastecimento de água na Cedae. Lá tem profissionais muito sérios, pessoas comprometidas, pessoas que queriam resolver o problema, mas que estão de mãos atadas.”
Saneamento básico — “Em relação à questão do esgoto, da drenagem, a gente deixou uma parte lá no plano de governo focada em saneamento básico. Água de qualidade para toda a população até 2028. Garantir água tratada para o 5º Distrito. Tem muitas localidades no 5º Distrito que a galera sobrevive com água de caixa d’água comunitária e água de caixa d’água na frente da casa. E tem locais que a água de poço não é legal. Depende do caminhão-pipa. E tem o caminhão-pipa lá fornecendo água toda semana, cada dia uma localidade. A questão do esgoto, a gente tem uma ETA parada, que a gente passa na BR e ninguém vê. Fica ali quase na chegada de Atafona, próximo ao bairro Jardim das Palmeiras. Está ali parada, obra parada. E aí passou asfalto novo no centro da cidade, pintou a ciclovia para dizer que fez alguma coisa. Mas por baixo o encanamento está todo destruído. Precisa de uma preocupação com essa questão do saneamento básico.”
Transporte — “Nós não vamos tirar o ônibus gratuito, mas a gente quer dar dignidade ao sanjoanense. Não adianta colocar a tarifa a zero e deixar a pessoa na chuva e no sol pegando ônibus. Não tem ponto de ônibus, abrigo de passageiro em boa parte da cidade. São poucos pontos. A gente passa na rua e ainda vê alguns abrigos de passageiros que foram instalados na época de Neco, outros na época de Betinho, outros lá dos outros prefeitos. Tem os de Carla Machado, que a gente brinca que é o galinheiro, que é feito de madeira de eucalipto, muito mal feito, inclusive. Mas boa parte da cidade não tem. Já passou da hora da gente ter terminais, outros terminais ao longo do município para integrar o transporte. Não faz sentido uma linha sair do Açu e levar três horas para chegar a São João da Barra. Aí entra na questão, que é a preocupação de botar quadros técnicos no governo. Tem que ter o quadro político? Tem. Mas tem que ter o quadro técnico também. (…) O transporte de São João da Barra não conversa com o Porto. Tem sanjoanenses perdendo o serviço no Porto do Açu porque não conseguia chegar 4 horas da manhã em Cajueiro. Então, se tem um Porto do Açu que funciona 24 horas, se tem um turno noturno, se tem gente trabalhando de madrugada, de dia, de noite, o transporte tem que funcionar o dia inteiro também. Outra situação, só para gente finalizar transporte, mas é a questão do transporte alternativo. As vans ficaram de lado no governo, e eles estão salvando o transporte ali, pelo menos na região de Grussaí, São João da Barra e Atafona. Os ônibus, com horários bem reduzidos, tem aquela dificuldade, é gratuito mas tem dificuldade. As vans que estão salvando o transporte e aí a Prefeitura dá o subsídio para garantir o transporte gratuito. O sanjoanense está contando com a sorte para se locomover na cidade”.
Segurança — “A gente precisa dar treinamento e melhores condições de trabalho para Guarda. Não só para Guarda, mas para todas as forças que integram a segurança no município. A Defesa Civil também, os agentes de segurança que estão na secretaria. E da onde que veio essa questão da regulamentação do porte de arma? Foi no começo de junho, eu estava saindo do partido, indo para a rua gravar, e a gente presenciou uma agressão. Tinha um senhor batendo numa mulher na esquina do partido. Naquele momento, tanto eu quanto o Guedes, que é candidato a vereador do nosso partido, a gente parou o carro e a gente ia entrar, na confusão, para tirar. Eu não conhecia o casal, mas a gente não ia deixar aquela situação acontecer. No momento que a gente estava intervindo na agressão, veio um carro com um giroflex ligado. Naquele momento eram dois agentes da guarda municipal. E eles entraram agindo na situação. A gente ia entrar também, mas se o senhor tivesse armado, ele tinha descido a lenha nos dois agentes da Guarda Municipal. Então, antes de a gente pensar que não pode usar arma, a gente tem que pensar nas condições de trabalho da Guarda. O pessoal está trabalhando com o giroflex ligado, o elemento, o bandido, não quer saber se é polícia, se é guarda municipal, se é agente de segurança. Ele vai entender aquilo ali como uma ameaça. E ali poderia ter acontecido uma tragédia, não só comigo e com o Rodrigo, mas com os agentes da guarda municipal. Então, assim, já passou da hora de a gente olhar para a guarda e dar condições de trabalho. Eles precisam da sede deles, eles precisam de melhores equipamentos. A questão do armamento é delicada porque está em discussão ainda a nível nacional”.
Porto do Açu — “O Porto é um empreendimento 100% privado. Porque tem aquela ideia de que o Porto está trabalhando junto com a Prefeitura. Eu tenho que conversar, mas a gente tem que entender que é um empreendimento 100% privado e que, assim como qualquer outra empresa, precisa cumprir regras, precisa ter a contrapartida para o município, considerando que teve um grande impacto ambiental no 5º Distrito, a questão das desapropriações que a gente não pode deixar de lado e tem que ter coragem o próximo governante da cidade, que se Deus quiser vai ser a gente, para olhar para o Porto e entender que ele é uma realidade no município, que gera emprego, é importante para a economia do Brasil, não só de São João da Barra. Mas é preciso ter coragem para resolver os problemas que a gente tem desde a sua instalação. Quando o Porto veio para cá, a nossa cidade diminuiu um terço. E a gente tem problemas que permanecem até hoje, desde a época da instalação. Por que eu estou falando disso? Porque a gente precisa trabalhar em conjunto os agricultores, as famílias que tiveram suas terras desapropriadas para resolver o problema que está se arrastando por anos. Tem que trabalhar em conjunto essas famílias para encontrar um denominador comum, ser voz dessas famílias. É para isso que a gente entra na política, para a gente dar voz a quem não tem. Então, o pessoal do Açu pode ter certeza que eu entendo que o Porto é uma realidade, mas eu estou junto com vocês nessa briga para a gente resolver de uma vez por todas a questão das desapropriações”.
Conversa com Eike — “Inclusive, recentemente estive no Rio, tive a oportunidade de conversar rápido com o Eike Batista e tive a oportunidade de falar não só sobre a expectativa que a chegada do Porto tinha para São João da Barra e a nossa realidade hoje. O município tinha tudo para fazer a cidade prosperar com os altos recursos. Já falei disso aqui na última entrevista. Por exemplo, em 2013, a gente teve uma arrecadação de ISS de R$ 33 milhões. E no último ano foi 174. É a tendência que somente, cada vez mais, muda em função das atividades portuárias. E o que está sendo feito com esse recurso? Onde o cidadão está vendo o retorno desse recurso que está chegando no município? Eu não tenho visto. Eu acho que boa parte da população também não tem visto. Porque não é possível que um empreendimento daquele tamanho tenha água potável, tenha sistema de drenagem. E, do lado, as localidades não tenham acesso à água. A gente tem localidades inteiras ali que precisam de um caminhão pipa toda semana pra abastecer a caixa d’água na frente da casa. Então não dá pra gente permitir mais isso em pleno 2024. Eu quero deixar claro que a gente precisa resolver os problemas de infraestrutura, de saneamento, os problemas sociais e ambientais que foram causados pela instalação do Porto. Mas a gente não pode desprezar o empreendimento”.
Economia e emprego — “A gente precisa criar formas de ampliar a entrada do sanjoanense no Porto. A prefeita falou aqui do Balcão de Empregos. É uma vergonha. O Balcão de Empregos não funciona não. Todo sanjoanense sabe que não funciona. E a gente precisa criar maneiras de inserir o sanjoanense no Porto. A gente viu os resultados do saldo de emprego criado para o ensino superior. A galera está formando e não encontra oportunidade no município. O Porto não está absorvendo a mão de obra de superior completo de São João da Barra. O pessoal está indo embora. E não é o que a gente quer. A gente quer ver a nossa cidade evoluir, não quer ver a nossa juventude tendo que ir embora para trabalhar. A gente precisa criar meios das empresas absorverem a mão de obra qualificada também. Não é só promover a capacitação. Tem que criar uma maneira de a gente conversar mais com o Porto. E o IFF tem um papel muito importante, e inclusive eu estava até conversando nas últimas semanas com a equipe sobre essa questão, porque a gente precisa encontrar cursos que de fato fazem sentido para a realidade do município. Não só para o Porto, mas para a agricultura, para a pesca, para desenvolvimento de outras indústrias.”
Outras oportunidades — “Em relação à questão da oportunidade, a gente trouxe no nosso plano já criar uma política para aumentar a absorção do sanjoanense no Porto do Açu, revisando incentivos fiscais às empresas e melhorando a oferta de transporte, que é exatamente o que eu falei aqui. A gente também está pensando no primeiro emprego do sanjoanense, que é criar o programa Jovem Aprendiz na Prefeitura. Existe a lei para empresas, mas a Prefeitura não aplica no seu corpo. E pensar também em realizar parceria com as empresas do Porto para aumentar essa empregabilidade do jovem, para inserir o jovem no mercado de trabalho também. Em relação à atração de novos empreendimentos, porque a gente não pode ficar refém da área portuária, que é uma área que hoje é administrada pela Porto do Açu. Mas o que a gente tem feito para desenvolver o município aqui fora, para as indústrias que vão dar base para as empresas que estão inseridas no Porto? Como que a gente vai atrair empresa se não tem saneamento básico, se não tem sinal de telefone, se não tem água de qualidade, se não tem energia de qualidade? A gente precisa resolver o básico para a gente atrair novos empreendimentos, para não ficar refém do emprego no Porto. A gente precisa desenvolver os outros distritos também. (…) A gente precisa organizar o básico para você conseguir atrair o empreendimento. Ajeitar saneamento básico, botar uma energia de qualidade, garantir integração no transporte de todos os distritos pra você conseguir atrair o empreendimento. Senão você não tem conversa com o empreendedor, com o dono de empresa.”
Concursos — “A Educação precisa, a Saúde precisa também. Se a gente quiser instalar o hospital, a gente vai precisar fazer. A Educação principalmente. As crianças estão saindo cedo quase todo dia. Tem falta de professor em diversas escolas do município.
Turismo — A gente tem uma proposta um pouco ousada, que é transformar a sede Atafona e Grussaí em distritos mais turísticos. A gente organizar o turismo nesses locais com rotas, com sinalização, identificando os potenciais turísticos, diversificando, porque o governo Carla, não só o atual Carla Caputti, mas o Carla Machado, Neco, confunde turismo com show. E não é. Turismo não é show. O evento ajuda na questão turística, atrai turista, mas o turismo não se resume a show.”
Avanço do mar — “Minha atuação política iniciou exatamente por não querer ver Atafona se acabar. E nessa ocasião do fechamento da Foz, eu convidei dois amigos e a gente foi lá na época, com pouca grana, contratou um drone e a gente fez um SOS gigante. O vídeo repercutiu muito. Mas assim, a gente fez um barulho, mostrou para a população que a gente estava preocupado e que a gente não estava só fazendo vídeo. Existem diversas famílias daquela segunda rua que perderam a casa em 2021, que eu frequentava a casa. E em 2021 eu estava morando no Sul. Curiosamente, naquele fim de semana eu estava por aqui, e a gente foi lá, ajudou a família a retirar os bens, o pouco que sobrou depois da entrada do mar. E a gente estava ali vivenciando e a gente viu o quê? A prefeita Carla Machado, aí o pessoal fala que não tem como eu não falar das duas. Porque as duas estavam ali naquele momento, ela subiu em um banco, tem uma foto numa matéria que ela, em pé em um banco, prometendo casa pras famílias, dando cesta básica, aluguel social. A prefeita Carla Caputi era secretária de assistência e estava no momento. Hoje é prefeita e até agora nada das casas. A gente está em 2024. E o pessoal vai ficar nessa de aluguel social até quando? Falta comprometimento, falta pulso firme para fazer o que precisa ser feito, falta equipe técnica. Quando você só nomeia por política, as coisas vão demorar anos.”
Estudos técnicos — “A palavra é planejamento e não tem. Já estamos indo para o quarto estudo, se eu não me engano, e nada é feito por Atafona. Professor Eduardo Bulhões, eu já falei isso na outra entrevista, eu vou falar de novo, Ele fala que existem cinco alternativas para São João da Barra. Tem a de estrutura rígida, tem a mais ecológica, tem a híbrida, e tem a quinta que ele fala que é não fazer nada, e foi a que a Carla escolheu. Não fazer nada. Se Deus abençoar a gente virar o jogo, a gente precisa terminar o estudo. O estudo é importante para Atafona. Mas a gente precisa fazer alguma coisa por lá também. Não dá para gente deixar as nossas histórias e a economia, que é uma das economias mais importantes pro município, que é a economia pesqueira, se acabar da forma que está se acabando.”
Verão — “Vou citar de novo, turismo não se resume a shows. Não quer dizer que eu seja contra os shows, isso é importante falar. Eu amo os eventos e é muito importante a gente falar do respeito aos ambulantes, que não tem acontecido. E essa é uma causa que eu abracei. Quero dizer para os ambulantes que a gente vai trabalhar com respeito a vocês. Respeito aos músicos também. A gente precisa ter respeito aos ambulantes. Não é só enfiar evento. A gente tem que dar condição para o cara trabalhar, uma organização melhor, ouvir a classe para gente trabalhar melhor, se é questão dos eventos. A gente precisa resolver o problema logístico do Parque de Exposições antes de pensar em continuar a utilização dele. Precisa criar uma via fora da BR ali para atender o espaço, criar estacionamento.”
Balneário — “A gente tem que utilizar o Balneário, não dá pra deixar o Balneário da forma que está. Ela veio aqui e falou que fez obra no Balneário, tem que ver como é que está o balneário. A quadra destruída, os campos destruídos. A área das crianças toda enferrujada, não tem manutenção. E aqui no nosso plano tem uma página específica para o Balneário de Atafona. Antes de pensar em construir um Balneário no Açu, tem que cuidar do Balneário que já existe e que está abandonado. O Balneário não é utilizado. Precisa ter uma administração para encarar o Balneário como um parque, e a gente propôs criar um parque do povo ali, para ter atividades constantes, manutenção, criar mais alternativas ali dentro, trilha ecológica, o pedalinho que aconteceu agora só por causa do evento do Jeep Club que estava tendo lá, dar utilidade ao espaço. E a gente precisa diversificar as formas de turismo também. O turismo rural, o turismo religioso precisa ser organizado. E a gente colocou aqui a criação de um Plano Municipal de Turismo somado ao plano de marketing turístico. Não dá só pra gente pensar o que vai ser feito sem você divulgar isso, sem atrair as pessoas que são de fora.”
Cultura — “A gente precisa transformar o Centro em um centro histórico vivo. Tirar a prefeitura dali, construir um centro administrativo, construir museus ali naquela região, para atrair o turista e o turista ter onde visitar. Criar uma rota turística no Centro, falar do passado glorioso que São João da Barra teve com o Porto Fluvial, que foi um dos portos mais importantes do Brasil, foi o quarto mais importante do Brasil. E a gente precisa resgatar a história do município para as novas gerações”.

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