Marquinho denuncia esgoto no rio, Frederico chama de fake news e Inea não acha nada
O presidente da Câmara de Campos, vereador Maquinho Bacellar (União), postou nesta quarta (7) um vídeo em suas redes sociais para denunciar um suposto caso de derramamento de esgoto sem tratamento que seria proveniente da usina Sapucaia, administrada pela Coagro, no rio Muriaé, afluente do Paraíba do Sul. Em resposta, o vice-prefeito de Campos, Frederico Paes (MDB), que também preside a Coagro, afirmou as acusações de Marquinho não passam de fake news. Em nota, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que fez uma inspeção na área e não identificou despejo de resíduos, mas coletou amostras da água.
No vídeo postado por Marquinho, ele diz que a denúncia teria sido feita no último final de semana e que o Inea fez hoje uma coleta da água. “Fizemos uma filmagem e realmente averiguamos que há uma água de cor diferente sendo jogada no rio. A cor coca-cola, uma água totalmente escura, sendo jogada diretamente no rio Muriaé. O rio Muriaé é esse que, antes da usina Sapucaia, não apresentava problemas altos de poluição. Mas após a usina Sapucaia, apresenta altos níveis de poluição e deságua no rio Paraíba, o nosso rio”, comentou o vereador de oposição ao governo Wladimir Garotinho (PP), do qual Frederico é vice.
Em nota, o Inea informou: “O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) vistoriou, nesta quarta-feira, a região onde está instalada a Usina Sapucaia e percorreram o rio Muriaé. No momento da inspeção, a equipe não identificou despejo de resíduos. Os técnicos coletaram amostras de água antes e depois da Estação de Tratamento da usina para análise, e os resultados devem ficar prontos na próxima semana”.
Já o vice-prefeito Frederico Paes afirmou que a denúncia de Marquinho é fake news. “Recebi agora há pouco um vídeo onde o senhor Marquinho Bacellar, presidente da Câmara, infelizmente cometeu uma fake news. Na verdade, o que ele disse que é uma poluição é alguma valinha que não tem nada a ver com a Coagro, que está com uma cor diferente. Deve ser lama, alguma coisa, depois dessas chuvas, mas que não tem nada a ver com a usina. Ou seja, a captação nossa é feita a posterior de onde ele diz que está vindo água suja. A gente precisa esclarecer e dizer para a população que, como eu sou pré-candidato a vice-prefeito, as pessoas usam de forma maldosa, com objetivo eleitoreiro, mentiras. Em vez de o presidente da Câmara defender uma empresa de Campos, que gera emprego, que gera riqueza para a nossa cidade, vem aqui tentar prejudicar a nossa iniciativa. Preciso dizer que a Coagro tem 22 anos de história e não é a política eleitoreira de baixo calão que vai deixar a gente se esmorecer”, afirmou ao acrescentar que a cada 15 dias são realizadas análises que atestam a qualidade da água, por uma empresa licenciada pelo Inea.
— Eu lamento que o seu Marquinho Bacelar, de forma eleitoreira, de baixo padrão eleitoral, vem aqui denegrir uma empresa, que é a Coagro, que é da nossa cidade, criada por gente nossa, que vem gerar emprego e renda para a nossa região — concluiu o vice-prefeito.
Sessão debate situação do Paraíba
Sessão debate situação do Paraíba
O debate na Câmara foi iniciado pelo vereador Jorginho Virgílio (União) ao fazer um requerimento verbal para a criação de uma comissão para acompanhar a análise da água junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Após o pedido ser aprovado por maioria, a sessão se esvaziou e precisou ser encerrada por falta de quórum.
— Existe uma comissão do Ministério Público, que esteve até fazendo uma visita na estação de tratamento da Águas do Paraíba, e eu gostaria de fazer um requerimento, gostaria de ter o apoio dos vereadores, para que uma comissão, de dois ou três vereadores, também fizesse parte dessa comissão junto ao Ministério Público Estadual que está averiguando essa situação da água, da empresa Águas do Paraíba — afirmou Jorginho.
O vereador Cabo Alonsimar, vice-presidente da Comissão Legislativa de Serviços Concedidos, também destacou que encaminhou um ofício para a concessionária responsável pelo tratamento e distribuição da água pedindo explições. Ele sugeriu que a captação fosse feita pelo rio Muriaé.
O presidente da Casa questionou o esvaziamento da sessão após o debate ser iniciado. "A sessão teve uma discussão de mais de uma hora e meia sobre o problema das águas do Paraíba, mas infelizmente o prefeito mandou seus vereadores da base saírem da sessão para que ela fosse encerrada. O que me espanta é o prefeito dar uma ordem para seus vereadores abandonarem a sessão, a primeira na volta do recesso”, disse.