Relatório da PF sobre joias expõe provas e disputa de narrativas bolsonaristas
09/07/2024 17:30 - Atualizado em 09/07/2024 17:57
Polícia Federal
Polícia Federal / Agência Brasil
O relatório final da Polícia Federal sobre o desvio de joias destinadas ao acervo da Presidência da República revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha ciência do processo de desvio, venda e recompra das joias. Áudios, mensagens e diálogos evidenciaram rivalidade interna dentro do bolsonarismo e estratégia de desinformação da defesa de Bolsonaro no caso.

Num dos áudios, o advogado Frederic Wassef orienta Bolsonaro a fazer uma defesa mais genérica e tratar o caso como fake news “sem adentrar em detalhes, em questões de leis e nem nada, porque o povo não tem tempo pra ler e nem vai entender isso”.

Segundo Wassef, com esta defesa genérica, seria mais fácil mudar a qualquer momento a estratégia de defesa e também reduzir o episódio a “fake news”. Bolsonaro apresentou pelo menos cinco versões sobre os presentes desviados. Estas orientações aconteceram no contexto da desavença entre Wassef e o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, que atuou também como defensor formal do ex-presidente.

“Mensagem de massa, para o povo, para o público. Mensagem de subconsciente, que qual que é? ‘Presidente Bolsonaro é honesto! Agiu na lei! Declarou! Isso é armação e fake news. Nunca teve um caso de corrupção em quatro anos de governo! Isto é perseguição política, procurando pelo em ovo!’”, orientou Frederic Wassef.

Num dos volumes do processo, com mais de duas mil páginas, fica evidente que o grupo mais próximo de Bolsonaro acompanhava as notícias da grande imprensa sobre o caso assiduamente, repassando ao ex-presidente dezenas de menções às diferentes versões da defesa que foram apresentadas ao longo da crise.

A PF demonstrou com documentos que Wassef, excluído da banca formal de defesa de Bolsonaro, foi aos Estados Unidos recomprar um dos kits de joias desviadas da Presidência para ajudar o ex-presidente. Ele nega ilegalidades, assim como os demais envolvidos no escândalo.
Com informações do G1

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