Madeleine: "Haverá 2° turno em Campos com ou sem Carla"
“Ela (Carla Machado) vindo ou não vindo, haverá segundo turno”, declarou a Delegada Madeleine, pré-candidata a prefeita de Campos pelo União Brasil, durante sua entrevista ao programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, nessa sexta (7). Madeleine declarou que sua experiência de 16 anos na Polícia Civil irá ajudá-la no futuro, mesmo admitindo que são áreas diferentes. Ao declarar que não se preocupa com números, como os da última pesquisa, realizada pela Prefab, que apontou ela em terceiro lugar nas intenções de votos com 6,8%, ela diz que sua meta é vencer. A delegada também fez críticas ao prefeito Wladimir Garotinho e sua gestão. Para ela, a aprovação de Wladimir é reflexo da comparação com o governo de seu antecessor, Rafael Diniz. Madeleine destacou, ainda, as obras realizadas em Campos com verba do Estado e disse que Rodrigo Baccellar, presidente da Alerj, é o político mais influente do RJ.
Pré-candidatura — Eu passei 16 anos prendendo. Agora, a partir daqui, eu me coloco na política para libertar um povo, para libertar as pessoas. Passou o tempo, eu tenho que entender que o que me trouxe até aqui não vai me levar a colar. E a polícia tem um regramento diferente. A política vai ter que me trazer novas habilidades. Eu já trago as minhas habilidades e competências na minha bagagem. E política é ouvir as pessoas, fazer contrabalanço. Não se pode governar absolutamente só com aquilo que você pensa. E obviamente que política é composição, sim, de ideais. Principalmente para quê? Aí que é a questão. Para o bem do povo. Não para o seu próprio bem. O político, ele é um servidor público, assim como qualquer outro. E o interesse maior, o fim maior do político sempre tem que ser servir ao público. Servir a quem lhe deu o direito através do voto. Se você pensar que as suas composições sempre deverão favorecer o povo, não há dificuldade nenhuma. A dificuldade é quando essas composições têm objetivos exclusos. E nós não estamos falando disso. Nós estamos falando em composições que vão trazer o melhor resultado prático para a vida da população. E aí eu repito a frase que eu me coloco na política justamente com essa missão. Eu tenho essa missão no meu coração, que é de libertar um povo que está há mais de 30 anos sem perspectiva, sem esperança, sem acreditar que é possível tornar uma Campos melhor.
Primeiro ou segundo turno? — Ela (Carla Machado) vindo ou não vindo, haverá segundo turno. Não tem a menor perspectiva diferente disso. A minha meta agora é vencer, primeiro turno. Segundo turno, a Deus pertença. Eu tenho como meta vencer. Eu falo para as pessoas que ficam trazendo números, eu não me preocupo com os números porque não me cabe me preocupar com os números. Eu só foco em uma coisa, eu acordo todos os dias com uma missão. Eu estou como pré-candidata, sou pré-candidata nesse momento, mas é óbvio que todo pré-candidato tem uma missão, vencer as eleições. Números, pesquisas, são para os pragmáticos. Eu sou uma pessoa de visão. E eu estou falando isso na verdade. Eu não me preocupo nem um pouco. Eu faço todos os dias aquilo que eu preciso fazer. Acordo todo dia às 5 horas da manhã. Do meu primeiro minuto até o final, seja a minha crença em Deus, seja aquilo que eu preciso fazer para conhecer, aprimorar minhas habilidades, é com um foco de que eu vou vencer e não importa. Se for de primeiro turno que seja. Então, os números não me cabem, me cabem fazer o meu resultado dia a dia. Eleição, vocês muito bem sabem que basta um fenômeno extraordinário para acontecer e que tudo pode mudar. O jogo está aberto e eu estou na corrida.
Pesquisas — Eu analiso esses números com muita felicidade, inclusive, porque se a minha pré-candidatura for confirmada no tempo correto, tenho absoluta certeza que eu vou vencer essas eleições. Por que eu digo isso? Porque essa pesquisa que está registrada vai demonstrar o momento em que ela foi produzida. Nós temos mais de um mês da produção dessa. Então ela demonstrou o momento atual daquela pesquisa. E nós sabemos que a eleição ela vai se dar no futuro. Eu já saio aí, segundo essas pesquisas, de 6.8, alguém que a gente pode chamar de uma outsider. Alguém que vem para política sem rejeição. Eu não tenho rejeição. Meu trabalho aqui agora é, de fato, ser conhecida por uma população que ainda não me conhece, mas eu tenho visto um carinho enorme das pessoas quando eu caminho nas ruas. Uma sensação que as pessoas olham para mim e falam ‘agora, sinto que eu posso pensar em algo diferente’. Isso das pessoas vem genuinamente. E penso que grande parte dessas pessoas foram as pessoas que não quiseram votar. A gente sabe que o primeiro colocado tem uma rejeição natural. A tendência é que esse número não cresça. A tendência é que haja um crescimento dos meus números, um decréscimo dele. Então, isso só me deixa feliz. Nós estamos em pré-campanha há um mês. Pouco se sabia ainda sobre a minha pré-canditatura e eu já saio na frente. Disparando aí com 6.8. Isso para mim é um motivo de muito orgulho. E eu tenho certeza que o futuro, que é o dia 6 de outubro, vai revelar uma realidade extremamente diferente daquilo que foi apresentado um mês atrás, que refletia o quê? Uma população que não me conhecia. (…) Eu sei a importância que o povo precisa ter de oportunidades para sair desse estado de miserabilidade financeira, mas não só disso, de uma miserabilidade eleitoreira também, de ficar à mercê ali de um cargo ou outro da Prefeitura. As pessoas querem oportunidades, as pessoas querem dignidade, qualidade de vida.
Pré-candidato a vice — O Oziel é um homem de muita seriedade naquilo que ele faz. É um homem reconhecido na Baixada por trabalhar há muitos anos, líder lá há muitos anos. Há, de fato, esse estreitamento, há essa conversa e há um direcionamento de que, de fato, ele será meu vice, sim.
Segunda menor rejeição — Não ter rejeição é um dos principais fatores no eventual segundo turno. E, como eu falei, essa pesquisa Prefab está praticamente projetando o passado. Daqui para frente é outra história. Daqui para frente, até as eleições, é outra história. E o que eu tenho visto nas ruas é que a próxima pesquisa vai ser muito diferente dessa. E eu tenho convicção disso. E eu ouso dizer, ouso dizer não, todo mundo diz, eu só vou repetir. Segundo turno é outra história.
Liderança — Eu gosto muito de gestão e liderança. Eu nem me acho uma comandante, eu me acho uma líder. Porque acho que a liderança, em qualquer aspecto, seja na delegacia, seja quando eu for prefeita, vai ser pautada em três coisas que eu acho que hoje é o que a gente pode falar em liderança. É você ter equilíbrio emocional, inteligência emocional em primeiro lugar, ter foco em resultados e ter resiliência.
Aprovação de Wladimir — Essa questão aí da aprovação dele tem que ser analisada no contexto. A aprovação do atual governo, ela vem em decorrência do governo anterior, que foi muito ruim, de Rafael Diniz. A leitura é muito clara. O povo não acha que ele é um bom gestor. O povo acha que o governo anterior foi muito ruim pela incompetência, pelas escolhas erradas. E, a partir disso, o povo olha ‘bom, aqui, pelo menos, se pagou’. E aí, considerar que, na época de Rafael, a gente não tinha folha, não tínhamos os recursos de entrada que nós temos agora. E o que me parece, na realidade, conversando com o povo, é que o povo já entendeu que a cidade está maquiada. Já entenderam que as grandes obras foram feitas com recursos do Governo do Estado.
Apoio de Rodrigo Bacellar — Hoje, Rodrigo Bacellar é o político mais influente do estado do Rio de Janeiro. Indubitável isso. E ele sempre colocou Campos em primeiro lugar. Mesmo ele não sendo um aliado político do atual governo, ele sempre priorizou o quê? A cidade de Campos, buscando recursos para a nossa cidade. Então, eu imagino que como ele está apoiando a minha pré-candidatura, ele é meu aliado político, sim, e se isso se confirmar, nós teríamos ainda mais possibilidades de trazer investimentos, considerando que nós temos, como eu mostrei na discussão da LDO, apenas R$ 150 milhões de investimentos para a cidade. Então, é natural que isso aconteça e é favorável que isso aconteça.
Nominatas — Claro que é importante você ter uma base forte na Câmara. E aí eu vejo que o fortalecimento da minha pré-candidatura naturalmente fortalece a candidatura dos meus pré-candidatos. E digo isso aqui voltado para os pré-candidatos da minha base, que eu tenho feito isso com muito carinho, atendido a todos, conversando com todos para que eles fortaleçam também. Porque é importante tanto para mim quanto para eles terem uma pré-candidata forte que eventualmente se torne eleita para poder ajudá-los a governar, quanto para mim para conseguir governar. Agora, a gente tem que partir do princípio que na política você tem adversários políticos enquanto você tem um grupo, mas você não pode ser um inimigo político, você não pode entrar pensando que as pessoas não querem o bem público, porque aí, se você estiver pensando assim, você não está pensando no povo. Você está pensando em que? Nos seus próprios interesses privados. Então, quando alguém se candidata a uma cadeira no Legislativo, ele tem que pensar que vai ter o trabalho de fortalecimento da base dele, mas não tem que ser um voto por votar. Nós estamos falando de um projeto de nova transformação para a cidade. Nós estamos falando de um projeto de unir as pessoas. Nós estamos falando de um projeto de pessoas.
Bancada na Câmara — Não tenho essa capacidade de dizer nesse momento. Como eu falei, são perspectivas, isso é muito variante. Há uma meta estabelecida, porque nós estamos coligados com o PSD e com o União Brasil, mas aí eu acho que é o União Brasil que pode responder. Eu acho que eu vou responder para mim como pré-candidata, qual é a minha importância no grupo, que é elevar esse grupo. Inclusive existe, eu percebo, que a bancada feminina do meu grupo está muito feliz, porque nós vimos muitas vezes que essas pré-candidaturas, eram pré-candidaturas de fachada, para preencher o número, e elas estão se sentindo importantes, reconhecendo que o lugar delas está estabelecido.
Representatividade feminina — Eu acho que o papel da mulher na política é fundamental sobre três aspectos: do ponto de vista democrático, do ponto de vista social e do ponto de vista da governança também. Se nós pararmos para pensar, mais de 50%, um pouco mais de 50%, da população mundial hoje é de mulheres. Então, se você pensa numa mulher eleita ou mais mulheres eleitas na política, você pensa numa representatividade e realmente uma inclusão da mulher nesse papel, o que vai engrandecer, notadamente, o debate político. Essa já é uma questão muito determinante. Outra questão é o olhar da mulher, que é um olhar muito único, muito individual, inclusive sobre as suas perspectivas diferentes, porque as mulheres acabam tendo funções diferenciadas na sociedade. Ela está muito mais alinhada com uma visão que eu costumo chamar de uma visão holística. Ela tem mais um aspecto lateral das coisas que acontecem. Isso torna a governabilidade da mulher mais equilibrada, um olhar mais para várias questões de diversidade, por exemplo. Se você pensar em justiça social, você vai pensar na mulher que vai trazer, por exemplo, o combate a essa discriminação de gênero vai fortalecer a igualdade entre as pessoas.
Inspiração para outras mulheres — Eu acho que eu trago aqui um grande complemento que é a questão de você inspirar outras mulheres e meninas para os cargos de liderança. Acho que a minha pré-candidatura, ela tem esse especial papel, que é justamente de inspirar essas mulheres que muitas vezes, por essa discriminação que a gente sabe que tem, têm medo de se posicionar não só na política, mas nos outros cargos de liderança. E eu tenho visto isso nas ruas. Esse movimento que está se formando de mulheres como se fosse o movimento delas: ‘Agora é a nossa voz, agora é a nossa vez’. E não só de mulheres, mas de homens que também estão um pouco cansados da velha. Nos nossos municípios ao redor nós temos excelentes experiências, que estão acontecendo a partir da administração de uma mulher. Então, em suma, para resumir, eu acho que a liderança de uma mulher na política, ela traz não só a justiça, mas a eficiência e uma gestão de qualidade.
“Ninguém aguenta mi mi mi” — Ninguém aguenta mais isso. Ninguém aguenta mais essa política de mi mi mi, de falar mal, de atacar as pessoas. As pessoas querem propostas, as pessoas querem sair do lugar. Não estamos aqui para apontar o dedo para ninguém, nós estamos aqui para fazer o melhor para população de Campos. Então eu penso que pode ser difícil? Pode ser difícil, embora nós não temos como baliza uma pesquisa. A gente não pode pensar, a eleição vai ser no dia 6 de outubro. Com maioria ou com minoria, você vai ter que apresentar propostas e saber conversar com as pessoas. Isso, para mim, é determinante num político que pretende governar para todos. Isso é o mínimo, saber conversar e dialogar.
Ideologias: direita x esquerda — Ser de direita hoje não pode se resumir a ser Bolsonaro. Então, eu sou uma pessoa de direita, mas eu vou governar para todos e para isso você precisa ter sensibilidade de conversar com todo mundo, abrir as portas para todo mundo. Rodrigo (Bacellar) faz isso muito bem, muito bem. Eu estive no evento do União Brasil, que foi inclusive o lançamento da minha pré-candidatura, em que você tinha políticos de âmbito nacional de extrema direita e extrema esquerda, sentados lado a lado do mesmo palco. Se isso não é fazer uma política de excelência onde as pessoas podem conversar e não digladiar, e não se odiar, que foi algo que nós vimos acontecer, pessoas se odiando, porque se estabeleceu uma diferença, o governante, principalmente no âmbito municipal, ele não pode pensar assim.
Críticas ao governo — Nós tivemos a primeira discussão da LDO, que se estabeleceu para o ano que vem, mais ou menos, cerca de R$ 2,8 bilhões. Nesses R$ 2,8 bilhões, R$ 1,1 bilhão já está destinado às despesas de pessoal. E pasmem, R$ 150 milhões apenas de investimentos. Se você subtrair R$ 2,8 bilhões menos R$ 1,1 bilhão, menos R$ 150 milhões apenas de investimento, você vai ter cerca de R$ 1,5 bilhão só de custeio. Ou seja, o gasto dessa cidade é absurdo. Óbvio, a máquina é muito grande e nós estamos ainda pagando várias questões, como a venda do futuro, os saques nas previdências, tudo isso vai ser colocado e a longo prazo você vai pagar. (…) Ou seja, nós temos R$ 3 bilhões praticamente, vão colocar de orçamento, para uma cidade que está parada. Uma cidade que está estagnada. Há 30 anos que essa cidade não evolui. O comércio está agonizando, nós não temos indústria, não temos geração de emprego nessa cidade. Então é isso que eu tenho andado nas ruas e visto as pessoas percebendo que a cidade hoje está maquiada. A Saúde não anda bem, o Transporte não anda bem. É o grande gargalo de Campos, todos nós sabemos. E isso, o que acontece? Quando o Transporte não anda bem, a população não consegue se locomover, a liberdade de ir e vir não acontece. As pessoas não têm empregabilidade. Por que não tem empregabilidade? Porque o patrão, que sabe que o empregado mora mais distante, ele vai optar por não empregar aquela pessoa, porque ele sabe que vai chegar atrasado, que o transporte não vai chegar. Então, a gente tem que pensar seriamente nessas questões, para além dos investimentos. Eu tenho andado nas ruas, eu estou vendo que a população está sofrendo, precisando ser atendido com dignidade.
Perfil do gestor público — O gestor precisa ter planejamento para concretizar as suas ações, ele precisa ter equilíbrio das contas para que isso possa acontecer e, sim, conversar com o povo. Não adianta ficar em rede social, não. Tem que conversar com o povo, andar nas ruas e ver o que está acontecendo. Porque se você não vir o que está acontecendo com seus próprios olhos e tomar medidas, e obviamente, como eu falei aqui, repito, ter pessoas de gabarito, pessoas sérias, para te ajudar a administrar.
“Campos não é referência” — Nós, hoje, não somos referência em nada, infelizmente. Você olha para a cidade ao nosso lado, São João da Barra tem transporte que funciona. Você olha para Macaé e está despontando. Itaperuna e está despontando. Hoje Campos é referência em quê? Eu vou te fazer essa pergunta e vou deixar essa pergunta para o eleitor. Campos hoje é referência em que?
Alternativas para enxugar a máquina — Eu tive uma visita, por exemplo, no IFF, no Polo Tecnológico, em que existem várias tecnologias capazes de nos fazer gastar menos água e luz. Tecnologias simples e fáceis. Hoje tem como robotizar e evitar, por exemplo, detectar de plano quando há vazamento nos órgãos públicos. Facílimo com custo. Isso é inteligência, inovação. Se você pensar hoje que nós temos que avançar para um outro tipo de energia, pensar que hoje as escolas e os hospitais podem ser abastecidos com energia elétrica fotovoltaica, pensar que essas placas, por exemplo, podem ser colocadas em lugares que são disponíveis já para a Prefeitura e que estão sem utilização. A tecnologia, a inovação, vai ajudar com que você diminua esse custo. É que ele já está ali, não tem como você não gastar com aquilo, mas tem como você tentar minimizar aquilo que já se estabeleceu em anos. E, obviamente, vai ter que buscar outra forma. É porque o dinheiro passa na nossa frente e, muitas vezes, as verbas não são aproveitadas por falta de conhecimento, maturidade, por exemplo, digital. Tem a questão do ICMS verde, que você pode buscar alternativas, ganhar emendas, ganhar estruturas e propostas econômicas governamentais, que não acontecem por falta de projetos nessas áreas por falta de conhecimento. Então, se nós não tivermos a capacidade de abrir a nossa mente, de ver o que está acontecendo de novo e trabalhar dentro daquilo que a gente já tem, nós não vamos avançar. Vamos ficar no que a gente tem visto. As mesmas ações geram os mesmos resultados. Se nós queremos resultados diferentes para Campos, nós temos que fazer ações diferentes. É nisso que eu penso.
Economia — A Prefeitura é o maior empregador da cidade e não tem cabimento isso. A cidade precisa se tornar independente. A cidade precisa gerar empregos. Nós precisamos buscar indústrias para fomentar os empregos. O comércio hoje está agonizando. Hoje a gente tem menos pessoas empregadas no comércio do que na Prefeitura. E aí a gente pensa que a questão do petróleo tem um tempo curto, é finito. E aí o que vai acontecer? Se, porventura, esse recurso parar de chegar ao nosso município? Nós vamos morrer de fome? Então nós temos que ter outra saída, nós temos que pensar paralelamente em outras possibilidades. E se você continuar tendo as mesmas ações, você, repetindo aqui, vai ter o mesmo atraso desses 30 ou 40 anos que nós temos aqui nessa cidade.
Ações do Estado em Campos — Se você for buscar na história de 30 anos para cá, não houve na história um governador que ajudou mais a cidade de Campos com investimentos do que Cláudio Castro. Isso é indiscutível. Financeiramente e obras estruturais. Nós vamos falar aqui do HGG, nós vamos falar do Parque Saraiva, nós vamos falar do dique da ponte, foram mais de R$ 16 milhões que foram reconstruídos pelo Estado, são mais de 400 ruas asfaltadas com o dinheiro do Estado, foram empregados praticamente aí R$ 200 milhões. Nós temos a Universidade da Baixada, que está vindo com o Governo do Estado. E aí, eu já vou alinhar a importância que hoje o presidente do União Brasil, Rodrigo Bacellar, à época como secretário de Governo de Cláudio Castro, fez o alinhamento para que isso acontecesse.
Sair da polícia e entrar na política — Eu acho que essa pergunta, quando me fazem, é a partir de uma carreira brilhante. É a partir de uma carreira sem retoques. É a partir de uma carreira que sempre foi pautada na integridade, pautada no exemplo que se dá, na eficiência, e entrar para o mundo político é naturalmente muito difícil. Então quando eu recebi essas perguntas, não por ser mulher, mas pelo histórico, e aí eu vou dizer, de grandes conquistas profissionais que eu tive ali. Não vi como machismo, não. Eu achei que as pessoas sempre me enalteciam: ‘Você é uma excelente delegada, como agora você vai entrar para a política?’; ‘Nossa, você faz tanto pelas mulheres, como é que agora você vai entrar para a política?’. Como se a política não fosse o grande instrumento de trazer realmente liberdade para as pessoas, de evoluírem. Então, eu acho que hoje eu já estive no patamar máximo da minha instituição, como delegada, e agora eu tenho novos desafios, que é trazer toda essa eficiência, toda essa gestão para uma situação macro na nossa cidade.
Gestão na Polícia Civil — Eu sou delegada de Polícia Civil há 16 anos, passei no concurso com 26 anos. Eu fui a delegada mais nova à época da Polícia Civil, quando eu entrei. É óbvio que agora tem uns mais novos que eu, mas na época eu fui a delegada mais nova. E desde sempre, quando eu entrei na delegacia, havia a desconfiança, obviamente, não só por ser mulher, mas por ser jovem na época. E todas essas desconfianças foram tombadas definitivamente a partir de resultados. Então, eu sempre fui uma gestora com focos em resultado. Não estou falando isso aqui para o futuro. Isso já é parte da minha história de vida. Nem vou falar do Rio, porque eu fiquei quatro anos trabalhando em áreas conflagradas, de risco, no Rio de Janeiro. Combati milícia lá no Rio de Janeiro, fui ameaçada em Piedade por combater a milícia, quando subi morro, enfim. Mas eu quero falar de gestão mesmo, de resultado para a sociedade. Minha primeira titularidade como delegada de polícia foi em São João da Barra. Em São João da Barra, quando nós chegamos, existia uma grande desconfiança da população em relação à polícia. E você sentia dificuldade, as pessoas olhavam a gente meio de lado. Era um clima estranho. A gente começou, inclusive com trabalho junto ao judiciário, fazendo pedidos de busca e apreensão, e aí fizemos grandes prisões, inicialmente, de traficantes, e aí depois a gente começou a prender homicídios. A gente prendia tanto, era de manhã, de tarde, final de semana, feriado, e o que aconteceu? A população começou a acreditar no trabalho da Polícia Civil de uma forma que, no final, a população se tornou o principal braço de apoio da polícia. São João da Barra chegou a resolver, em janeiro de 2014, mais homicídios do que a própria delegacia especializada em homicídios do Rio de Janeiro naquele mês. Isso é gestão. (…) Ao final desse tempo de muito trabalho e entrega, o que aconteceu em São João da Barra? Por aclamação popular, as pessoas começaram a me chamar para política naquela época. E aí eu falei, não, naquele momento não quero, naquele momento não fazia sentido para mim a política. E aí, depois disso, saí dali, vim pra Campos, fiquei um tempo na 134ª, fui ter um período mais sabático ali pra ter os meus filhos, cuidar dos meus filhos, depois fomos pra 146ª DP.
Atuação na Deam — Quando eu resolvi assumir, eu já tinha esse pedido pra assumir a Deam em 2020, antes disso, mas em 2022, eu senti que estava na hora de eu assumir essa missão com as mulheres, que eu já fazia isso nas redes sociais, já cuidava de mulheres na parte emocional, que eu ainda gosto muito de fazer. É um outro lado da minha vida, que é da humanização, do cuidado, que é muito especial para mim. A Deam tem uma equipe sensacional. É uma das melhores equipes, eu posso afirmar isso, de combate ao enfrentamento da violência da mulher no estado do Rio de Janeiro inteiro. A gente já tinha uma excelente equipe, mas uma equipe que estava cansada, porque não é fácil atender mulher de violência doméstica, porque é uma carga emocional muito grande. E aquela equipe estava realmente cansada, e eu também percebia que as mulheres queriam fazer a denúncia, mas tinham medo ou não acreditavam que aquilo poderia chegar a um bom êxito no final. E a partir dali, nós tivemos um trabalho, um olhar, voltado para a humanização do atendimento. (…) Resultado disso, com trabalho sério, com pequenos ajustes, com a mesma equipe, nós conseguimos em um ano, um ano que foi o tempo, um ano e um pouco mais de um ano, que eu fiquei à frente da Deam, conseguimos aumentar em 90%, pouco mais de 89% de atendimento, de ampliação do atendimento às mulheres. Aí você vai dizer ‘ah, porque o crime cresceu?’ Claro que não. O crime está aí, está acontecendo infelizmente e é muito ainda, é muito grande o número de mulheres que são vítimas de violência. Mas essa instrução, esse incentivo de fazer a mulher acreditar que ela poderia ser atendida e, principalmente, as grandes prisões que começaram, e várias vezes vocês foram nossos parceiros, publicaram as nossas prisões, porque isso tem um trabalho educativo.
Resultados — Com isso, para resumir, em um ano, nós, da Delegacia da Mulher de Campos, nos tornamos referência no Estado de gestão no Departamento Especializado em Atendimento às Mulheres. Nós nos tornamos primeiro lugar na produção investigativa e primeiro lugar no número de prisão de agressores no estado do Rio de Janeiro. Esse é um número indiscutível de que a gestão apresenta resultados e que a população se agrada disso. (...) Agora, eu tenho experiência, tenho 16 anos de experiência que deram certo. Dezesseis anos, por onde nós passamos, nós deixamos um legado, uma história, e não vai ser diferente se eleita for aqui nessa cidade.