"A Câmara precisa ser renovada"
Após um ano e três meses longe da Câmara e à frente da secretaria de Obras, o vereador licenciado Fábio Ribeiro (PSD a caminho do PP) já começa a se preparar para voltar ao Legislativo no início de abril, dentro do prazo de desincompatibilização para quem quer disputar o pleito de 6 de outubro. Antes, segundo ele, estará ao lado do prefeito Wladimir Garotinho (PP) na entrega de várias obras em uma programação pelo aniversário de Campos até o dia 28 deste mês. Entrevistado do Folha no Ar, da Folha FM 98,3, nessa sexta-feira (15), Fábio avaliou a gestão municipal e o cenário eleitoral deste ano, com o desafio das nominatas e a projeção ao Legislativo e Executivo. Sobre a Câmara, acredita em uma renovação diante do “cenário de ataques” que leva à reprovação da população. Por outro lado, avalia bem o governo Wladimir e diz que, independentemente das estratégias dos Bacellar e do PT, o foco dos Garotinho no trabalho dará a reeleição ao prefeito no 1º turno, e uma base no Legislativo entre 18 e 20 eleitos para as 25 cadeiras.
Postura na Câmara — É só a gente mostrar o trabalho que foi feito, planejamento, porque a gente sabe que quem faz não precisa falar. Agora, quem não faz tem que começar a inventar para ter o que falar. O prefeito Wladimir encontrou uma cidade falida pelo governo Rafael Diniz, que deixou ela sem manutenção, e muitos dos vereadores de oposição foram secretários e fizeram parte muito firmemente do governo Rafael. Então, eles criticam por quê? Porque não fizeram nada durante quatro anos. É polêmica! Quando você não faz nada, você vai fazer o quê? Tem que inventar alguma coisa para falar. Então, isso, eu também não critico (...) São várias realizações que também merecem ser elogiadas. Ou, se estiver faltando alguma coisa, vamos contribuir. (Em vez de) Essa postura totalmente destrutiva da oposição com seus companheiros que gostam de criticar, vamos contribuir para a cidade. Campos precisa de contribuição. A gente tem um potencial muito grande. Hoje, nós temos Wladimir Garotinho, temos Rodrigo Bacellar. Quando unidos, olha só como a gente conseguiu prosperar. Então, é muita perda de energia e perda de tempo com essa questão. O pessoal é destrutivo, faz crítica pessoal, faz ofensa pessoal, ofensas a mulheres, ofensas aos idosos. Então, isso aí tem que parar. Isso traz uma negatividade a nós, políticos.
Reprovação do Legislativo — Nós vamos para um pleito eleitoral em que a gente não sabe o que vai acontecer, sabe por quê? Porque a população não quer a Câmara de Campos . Então, se você for fazer uma pesquisa, qual é a pior instituição em nosso município? É a Câmara de Campos. Você acha que eu fico satisfeito com isso? E sabe o que contribui para isso? Essa postura de agressividade, essa postura de negação, de só agredir e de não produzir. Porque a gente não foi eleito para agredir; não foi para falar mal de ninguém nem defender. Então, quando você fala assim: qual é a sua perspectiva? Olha, vou fazer o meu trabalho. Eu fui eleito, eu fui presidente (da Câmara). Como presidente, eu estava defendendo um grupo; eu estava defendendo a cidade naquilo em que eu acreditava. Eu acreditava que a gente tinha que unir, mas a gente tinha que defender o projeto que foi vencedor na eleição de 2020. Democraticamente, o prefeito Wladimir foi eleito. E queriam, sim, o impeachment dele. Queriam, sim, derrubar a democracia. Então, a gente foi muito criticado, a gente tomou muita indignação, mas eu fui firme nessa defesa da democracia. E agora, a minha expectativa é voltar para a Câmara defendendo a democracia, mas nas instituições, no papel institucional do vereador, que é defender o povo e não defender ou agredir ninguém. Então, aquele que me agredir, a gente vai conversar com a advogada. É caso de Justiça? Justiça. Se não for, vamos para as redes sociais. Mas, no plenário, eu estou ali para defender o povo. E faço um apelo a todos os vereadores: nós estamos num ano eleitoral. Vamos mudar nossa conduta! Vamos fazer uma questão produtiva!
Articulações de Wladimir entre o governo Lula e os Bolsonaro — Já viu política sem polêmica? Tem que ter polêmica. Vamos saber diferenciar. Sobre as obras do PAC, o prefeito Wladimir foi lá e fez uma foto com o André Ceciliano e o Lindbergh Farias. Então, a paternidade ao governo Lula foi dada. Só que, na mesma semana, foi anunciada também uma verba do senador Flávio Bolsonaro, de R$ 5 milhões, para a nossa cidade. Então, ele está fazendo aquilo que um prefeito tem que fazer: se articular. Se é direita, se é esquerda, tem que articular. A gente viu quando o prefeito não articula como é que a gente fica, durante os quatro anos do governo Rafael, um prefeito que não soube buscar recurso novo. E o prefeito Wladimir está de parabéns, porque conseguiu isso plenamente. Ele tem que ter essa habilidade, porque, para saúde, para educação, isso não tem partido, isso não tem ideologia. Ou seja, recurso para o bem-estar da população não tem bandeira. Então, a gente tem que ter esse bom senso. Mas, a polêmica faz parte da política. Então, aquele que não quer entrar na polêmica também não tem que fazer política. A gente tem que estar preparado para isso. Quem está na chuva é para se molhar. Mas, a gente tem que entender que tudo tem limite. Então, ali, realmente, o prefeito Wladimir deu, sim, a paternidade. Não foi porque ninguém reclamou. O prefeito dá tanta importância à questão de buscar recursos que ele criou uma secretaria para isso (foi aprovada na última quarta na Câmara a criação da secretaria de Captação de Recursos e Convênios). Então, se vem do senador de direita, se vem do senador de esquerda, se vem do Governo Federal, o importante é que isso está beneficiando a população de Campos.
"“Quando unidos, olha só como a gente conseguiu prosperar”" (Fábio Ribeiro)
Saída da secretaria de Obras — Sou pré-candidato à reeleição. A gente entende que a gente plantou, e agora a gente vai colher o que a gente plantou. Se a gente plantou bem, a gente vai colher bem. Se a gente plantou mal, a gente vai colher mal. Então, está nas mãos de Deus, primeiro, e depois do povo de Campos, do eleitor de Campos, para avaliar nossa passagem enquanto presidente e agora como secretário. Às vezes as pessoas criticam: “Pô, você foi eleito para vereador e você está secretário”. Gente, eu já fui secretário e vereador há muito tempo. E é muito importante você, como secretário, ter um mandato. Você não sabe a força que isso tem.Clima entre vereadores — Eu saí da Câmara no momento de uma pacificação, mas saí como presidente de uma minoria. A gente estava com uma minoria. E, com a minoria durante um ano, nós conseguimos aprovar todos os projetos encaminhados pelo Poder Executivo. A gente discutiu e conseguiu, além também de aprovar vários projetos de lei de iniciativa de vereadores. Então, apesar de várias críticas indevidas, a produção foi muito grande. Agora, eu volto para uma Câmara em que a gente não tem a presidência, mas a gente já tem a maioria. Então, é uma situação também não de desconforto. O que eu faço aqui é um apelo, e eu vou fazer isso: vamos construir em vez de destruir. Em vez de atacar, vamos construir. Aquilo que for errado, a gente tem que realmente apontar, para a gente corrigir. E a gente vê hoje o momento eleitoral chegando. Isso também não é um demérito: a oposição não tem como executar. Então, ela tem que falar mesmo. Falar a verdade é uma coisa. Agora, falar meias mentiras? Eu falo sempre que o melhor mentiroso é aquele que fala meias-verdades. Então, estou votando a uma Câmara, infelizmente, em que você pega uma Lei de Diretrizes Orçamentárias que foi votada irregularmente falando, e aí eu posso falar como advogado e vereador. Aí você pega uma Câmara em que a gente viu a LOA, onde a gente tem um momento para discutir com a sociedade, mas esperaram virar o exercício para querer falar que tem que discutir, que não sei o quê, que não sei o que lá. Usar do poder que tem o presidente, que a gente sabe que tem limite. O poder do presidente não é maior do que o ordenamento jurídico do país. Então, se você tem a Constituição, se você tem um regimento interno, se você tem a lei orgânica, você tem que seguir, apesar de você ter uma discricionariedade. Então, Marquinho Bacellar criou um regimento. A gente tem que parar com isso.
Renovação — Infelizmente, isso está refletindo na reprovação da Câmara. Eu não vou polemizar lá dentro, mas cá fora eu vou, porque a gente tem que melhorar a qualidade. Então, cidadão de Campos, eleitor de Campos... É um ano eleitoral! Vamos, sim, inovar. Aí eu tenho que concordar com o Nildo Cardoso, que, em diversas reuniões, falou que essa legislatura é a pior legislatura da Câmara de Campos. Eu divergia dele, mas agora, infelizmente, quando me afastei, de fora eu vi realmente. Não pela composição, porque as pessoas que ali estão são pessoas que têm qualidade e legitimidade, mas pela questão do objetivo em si. O interesse tem que ser coletivo e público. A vida pública é assim. Infelizmente, misturam uma coisa com a outra (...) Nós temos uma Câmara hoje que precisa ser renovada, que precisa ser reavaliada. O eleitor tem essa oportunidade. Está no dedo e na consciência do eleitor, quando for votar na urna.
Nominatas — Eu fui presidente do PSD. Nós montamos uma nominata que saiu da eleição de 2020 com quatro vereadores e elegeu o prefeito. A gente conseguiu, realmente, construir uma nominata. A gente participa dentro do grupo na construção de nominata há muito tempo, então, a gente sabe da importância. Neste ano, estarei indo para o PP. Eu estou mais afastado nessa questão da construção de nominata, mas o prefeito é também muito habilidoso na construção de nominata, tem várias pessoas que estão assessorando, e as nominatas do nosso grupo estão muito boas. Nós estamos realmente bem fortalecidos na nominata. Por exemplo, a nominata feminina do PP está muito forte, está equiparada à masculina.
"“É trabalhar independente da estratégia dos Bacellar e PT”" (Fábio Ribeiro)
Projeção da base — O prefeito primeiro articulou os partidos. São sete, talvez oito. Talvez venha uma novidade por aí. Mas, são sete nominatas muito boas. A gente está fazendo uma projeção de 18 a 20 (vereadores). Vamos ver! Nós temos que trabalhar. Independente da estratégia política que o grupo Bacellar e o PT façam, isso é do jogo. É do jogo você lançar um candidato ou lançar cinco e contar com o PT para serem seis contra Wladimir; tentar levar isso para o segundo turno e, no segundo turno, ser todo mundo contra ele. A gente tem que trabalhar. A avaliação do cidadão tem que ser o exercício da cidadania. É no voto que você exerce a cidadania. Tem que ser consciente. Eu acredito que, no dia 6 de outubro, será o nosso maior julgamento. O julgamento é do cidadão. Então, a gente que trabalha quatro anos e é pré-candidato, pretende a reeleição, tem essa consciência. Plantamos! Agora, chegou a hora de colher.Possibilidade de reeleição de Wladimir no 1º turno — Tem uma tendência. A pesquisa realmente é uma fotografia do momento. No momento atual, a gente não vê outro cenário a não ser a questão da eleição do prefeito Wladimir Garotinho em primeiro turno. Isso é hoje! A gente pode ver a possibilidade de um fato novo, uma coisa nova aqui para Campos. Mas, tem que ser uma coisa bem nova mesmo, porque o Wladimir... Repito: o que é ser prefeito? É governar uma cidade. Nós pegamos a cidade que estava num caos; não tinha um sistema de saúde: as UBS’s estavam fechadas, as ambulâncias estavam quebradas; as ruas estavam esburacadas; as escolas também depredadas. A gente conseguiu trazer uma qualidade de vida melhor para o cidadão. Existem dificuldades, ainda existem coisas ruins, mas melhoramos muito. Então, a gente espera que essa avaliação seja feita. A gente espera primeiro a vontade de Deus, e depois o povo decide.
Pré-candidatura de Madeleine Dykemann pelo grupo Bacellar — Isso já era esperado. Quando você tem vereadores, quando você faz uma nominata, você tem que ter candidato a prefeito, até mesmo para dar o discurso, para dar o palanque aos vereadores. Então, você tem que ter uma estratégia. Ou você lança um candidato forte, como, por exemplo, eles fizeram em 2020 com o doutor Bruno Calil, ou você pulveriza. Então, essa pulverização a gente já estava esperando. Não acredito que essa questão do fato novo, da aventura, vamos dizer assim... Apesar de (Madeleine) ter uma carreira brilhante como delegada, a gente não vê essa questão de gestão. Então, a gente vê uma cidade que foi para uma aventura lá atrás, em 2016, com um prefeito que era vereador, que era neto de ex-prefeito, mas que era uma aventura. Essa cidade já passou pelo que passou; o cidadão que é eleitor vivenciou esses quatro anos de Rafael. Hoje, está em recuperação. Não acredito que isso seja um fato novo. Mas, o futuro a Deus pertence.
Nota para o governo Wladimir — Sempre dei 9, 9,5, e hoje vou dar 9,8. Ele está no último ano de governo trazendo melhoria e buscando diálogo. Estou falando do governo. Para o Wladimir, eu sempre dei 10. Agora, no governo Wladimir, e eu estou dentro do governo hoje, vejo realmente uma capacidade técnica muito grande. Talvez, e eu falei isso internamente, a gente precisaria de mais uma coordenação política no governo Wladimir. Eu acredito que isso reflete naquilo que é a nossa pedra de sapato, que eu acho que é o transporte coletivo. Então, é uma coisa que a gente vem buscando soluções. A estratégia está lançada, que é a construção dos terminais, das estações integradas. Já estamos finalizando em Donana, já estamos bem avançados em Canaã, mas nós estamos atrasados em Ururaí, porque ali teve a questão da comunidade que se uniu para não deixar fazer o terminal na praça, e a gente mudou de terreno. Tem que fazer topografia, tem que fazer aditivo, tem que fazer um monte de coisa. Mas, é uma pedra no sapato que vem melhorando. O planejamento é a questão das estações. Também tem a solicitação do PAC de aquisição de novos veículos, também agregaria muito na solução.
Nota para a Câmara — Para a Câmara, eu sempre dei 8 em avaliações anteriores. Dessa vez, dou 5,5. Mas, é pela presidência da Câmara. Não é 5,5 pela situação dos vereadores, mas pela atual presidência da Câmara.
Atritos entre pai e filho — A gente tem que avaliar que o Garotinho é um político novo, um político que tem 66 anos. Apesar de estar afastado agora, ele está voltando e tem que estar voltando, porque é um político que contribuiu, contribui e vai contribuir muito para o nosso povo. Mas, existe o conflito (geracional). Vamos lá: um cara é prefeito da cidade e tem um pai que é o líder do grupo. Na verdade, o nosso líder político é o Garotinho. Só que Wladimir é um político em ascensão, que tem provado que erra como qualquer ser humano, como nós erramos no Código Tributário, como nós erramos na antecipação da eleição da mesa, mas como nós acertamos na pacificação. Quando Wladimir acertou na busca do dinheiro novo, às vezes era até criticado pelo Garotinho. É bom ser criticado. O Garotinho quer o bem do filho dele e quer o bem do município dele, que é Campos. Ele apenas tem uma visão política diferente (...), e isso é natural. Então, é uma coisa que a gente tem que entender que existe essa evolução. Garotinho é um cara que contribui muito. Eu vejo essa questão do Wladimir... Hoje, a autonomia e a independência que ele tem na gestão estão bastante estabelecidas para todos que o criticavam. Isso é notório. Mas, posso falar uma coisa? Ele ouve o pai, sim; ouve a mãe, sim. Tem que ouvir. Como ouve o Fábio; ouve o Dudu, que é mais novo; ouve o Ferrugem, o Mauro Silva... Porque ninguém faz nada sozinho. A gente é um grupo.